100 dias para Paris 2024
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100 dias para Paris 2024: Cidade se prepara para receber olimpíadas, porém apresenta preocupações em áreas importantes

A 100 dias do início dos Jogos Olímpicos, a cidade de Paris já respira o sentimento olímpico que toma conta de uma nação e sua cidade-sede a cada nova edição, realizada de quatro em quatro anos. Porém, ao mesmo instante em que respira a olimpíada e se prepara para o megaevento a ser realizado em julho, demonstra preocupações em áreas importantes para a organização do maior evento esportivo do mundo.

Questões como a segurança e o transporte público, são os assuntos mais delicados para os franceses na organização das Olimpíadas de Paris, pois o evento somente na cerimônia de abertura, está previsto para receber 300 mil pessoas. E a ameaça terrorista diante de um dos principais momentos dos Jogos, somado aos problemas logísticos enfrentados por turistas e moradores da região desde antes do início da competição, são temas indispensáveis a se enfrentar para o contorno da imagem da cidade.

Como Paris tem se preparado para os Jogos Olímpicos?

Pessoas de todos os cantos da Terra pretendem se juntar na capital francesa, e isso mais do que nunca, exige atenção das autoridades responsáveis, desde o COI – Comitê Olímpico Internacional, a políticos da França. Para o transporte público, ao mesmo tempo que a presidente do conselho administrativo da Ile de France anuncia “inovações” visando melhores rotas para a logística do turismo, os franceses enfrentam questões como o aumento da passagem, e a sequência de greves convocadas pelos sindicatos, exigindo melhores condições de trabalho para os motoristas.

“Não devemos ter medo de caminhar um pouco, é bom para nossa saúde”

– Valérie Pécresse, presidente do conselho administrativo da Ile de France durante entrevista à televisão francesa BMFTV.

Pécresse, que anunciou o aplicativo “Transport Public Paris 2024” para o mês de maio, incentiva o uso do transporte oferecido pelo governo francês durante os Jogos Olímpicos, porém, recomenda que a população espectadora do evento, desça em estações antes da arena esportiva na qual for assistir uma das modalidades, pois prevê que ainda haverão gargalos no trânsito. A plataforma servirá como um guia para encaminhar os turistas por “rotas com fluxo menor” e redução do tempo de deslocamento. No caso da tarifa do transporte, os franceses reclamam do aumento previsto para as Olimpíadas, que irão passar de 2,10 euros para 4 (o equivalente a 22 reais).

Na pauta de segurança, a França se prepara de forma vigilante para evitar ataques terroristas, como por exemplo, da Rússia. O país está boicotado do COI desde o início da Guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e gera preocupações no governo francês sob uma possível ameaça de ataque na cerimônia de abertura, prevista para ser realizada no Rio Sena.

O esquema de segurança para a abertura, a ser realizada no dia 26 de julho, prevê 45 mil agentes de segurança do Estado nas ruas, e um reforço de 2 mil agentes particulares nos perímetros denominados estratégicos pela Prefeitura de Polícia de Paris. Além disso, um aplicativo também será utilizado para o uso de comerciantes, visitantes e moradores em pontos definidos como “sensíveis” para a circulação durante as Olimpíadas, com o uso de um QR code prevendo autorização para passagem pelas vias.

Vamos mostrar a face mais bonita da França, e a cerimônia será o mais bem sucedida possível.”

– Emmanuel Macron, presidente da França durante entrevista à televisão francesa BMFTV.

Além da segurança e do transporte público, a vitrine dos Jogos Olímpicos de Paris tem outro importante componente em debate por seus organizadores e a opinião pública, a infraestrutura para o megaevento e a falta de interesse dos franceses pelas Olímpiadas. Infraestrutura que assim como a defesa parisiense diante de ameaças de terrorismo, e do transporte superlotado nas imediações, estão sendo visadas pela sociedade num todo como fundamental para a realização de uma olimpíada de qualidade, seja na disputa de modalidades, ou no abrigo de delegações durante 15 dias.

As arenas que estão sendo construídas para uso temporário em Paris e suas imediações, estão mudando o cotidiano dos franceses, e impactando negativamente a localidade. Apesar da organização prever que está entregando tudo no prazo, pontos turísticos como a Torre Eiffel, a praça La Concorde e a Esplanada dos Inválidos, estão tomadas por caminhões de obra e grades para a construção dos locais de prova, interferem na visitação de turistas a cidade-sede dos Jogos Olímpicos.

Instalação temporária aos pés da Torre Eiffel vai abrigar o vôlei de praia em Paris 2024 — Foto: Tim Clayton/Corbis via Getty Images
Instalação temporária aos pés da Torre Eiffel vai abrigar o vôlei de praia em Paris 2024 — Foto: Tim Clayton/Corbis via Getty Images

No caso da alta do desinteresse dos franceses pelos Jogos de Paris, onde de acordo com pesquisa feita pelo jornal “La Tribune”, dentre mil pessoas consultadas em abril, apenas 53% declararam interesse nas competições (oito pontos a menos do que no levantamento anterior de outubro passado), o presidente do comitê organizador local, tenta trazer otimismo em suas manifestações públicas. Tony Estanguet, ex-atleta da canoagem, e tricampeão olímpico, reforçou o convite à população durante entrevista ao jornal “Le Parisien” nesta terça-feira:

Já estive nos Jogos uma dúzia de vezes, como atleta, espectador e membro do COI. Vi a magia que os Jogos trazem para as cidades onde são realizados. É um evento excepcional. Peço a todos que sejam curiosos, que tentem viver esse momento.”

– Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador Local das Olimpíadas de Paris.

Apesar do desinteresse local estar em momento de atenção, o comitê dos Jogos divulgou que já foram vendidos nove milhões de ingressos para o megaevento multiesportivo, e anunciou que nesta quarta-feira serão postos mais 250 mil ingressos à venda. Fato o qual demonstra que nos próximos 100 dias, ainda irá passar “muita água pela ponte”, ou quem sabe, pelas águas do Rio Sena e suas pontes que norteiam Paris e seu entorno.

Foto: REUTERS/Benoit Tessier.

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