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NFL

Um dilema chamado Dak Prescott

(por Henrique Rodrigues)  A negociação de um contrato entre Dak e os Cowboys vem sendo uma das novelas mais interessantes de se acompanhar nessa offseason, e ela promete se estender ainda mais. Como Dak já assinou a franchise tag, ele jogará a temporada de 2020 pelos Cowboys, salvo alguma troca. O grande problema é a quantia que Dak estaria pedindo, com alguns rumores que ele quer dinheiro similar ao que Russell Wilson ganha (35M) e outros falando que ele estaria pedindo 45 milhões no último ano desse novo contrato. Nick Wright, apresentador do programa First Things First, disse uma frase quando os Panthers renovaram com Christian McCaffrey que se aplica aqui também. “O problema em uma liga com teto salarial não é pagar os melhores jogadores como os melhores, mas sim pagar os bons como melhores.”. Seguindo essa lógica, a pergunta que temos que fazer é: Dak Prescott é um quarterback elite? Vale a pena sacrificar dinheiro que poderia ser usado em outro jogador para pagar Dak? Já adianto que a resposta desse texto vai ser negativa, não vale a pena esse sacrifício. Mas, antes de você, adorador de Dak ou torcedor clubista dos Cowboys, me xingar, leia até o final para ver os argumentos. Desde que o acordo coletivo foi assinado em 2011 e os contratos de calouro começaram a ser tabelados, 45% dos times que foram aos playoffs tinham um QB no contrato de calouro, 34% tinham um QB recebendo no top 10 da posição, 19% não tinham nenhum desses e 2% tinham ambos, com um desses times sendo os Cowboys de 2016, com Dak e Tony Romo. A situação fica ainda mais complicada para Dak se pegarmos os QBs recebendo dinheiro top 10 que foram aos playoffs mais de uma vez. Drew Brees, “Big” Ben Roethlisberger, Matt Ryan, Peyton e Eli Manning, Aaron Rodgers, Matthew Stafford, Tom Brady e Russell Wilson. Desses 10, provavelmente veremos 8 deles no Hall da Fama no futuro, e a comparação fica ainda pior quando pegamos os que foram 3 ou mais vezes aos playoffs. Peyton Manning, Drew Brees, Big Ben, Matt Ryan e Aaron Rodgers são os únicos na década a ir 3 ou mais vezes aos playoffs recebendo no top 10 da posição. É difícil colocar Dak na categoria elite se pegarmos os números dele na carreira. Seu recorde contra times com campanha positiva é 6-17, com 25 TDs e 25 INTs, contra times com 10+ vitórias é 5-13 e contra times com 9- vitórias é 35-11.  Quarterbacks elite são aqueles que conseguem mascarar as falhas tanto do time como da comissão técnica, e dois dos maiores exemplos disso são o Aaron Rodgers em seu auge, mascarando as falhas de Mike McCarthy e Russell Wilson carregando os Seahawks para os playoffs com uma linha ofensiva horrível e um plano de jogo péssimo. É muito difícil pensar em um entorno tão bom quanto o dos Cowboys, que têm uma das melhores linhas ofensivas da NFL, um dos principais running backs e uma excelente dupla (agora trio) de recebedores. Mesmo assim, ele falhou em levar seu time à pós-temporada, perdendo a vaga para um time dos Eagles que tinha que “catar” recebedores para Carson Wentz. Se pegarmos os números de sua carreira, percebemos que Dak foi carregado pelo seu time, e não o contrário. Em 2016, quando foi eleito Calouro Ofensivo do Ano, o ataque dos Cowboys não teve nenhum jogador crucial que ficou fora por muito tempo, o que resultou no recorde de 13-3 para a equipe e a folga no primeiro jogo dos playoffs. Em 2017, até a suspensão de Zeke Elliott, os Cowboys estavam 6-4, vivos na disputa pelos playoffs e Dak tinha uma média de 250 jardas por jogo e teve apenas 6 picks nesses 10 jogos. Após a suspensão, as jardas por jogo caíram para 172, Dak lançou 7 interceptações e time ganhou somente 3 jogos, contra Giants, Reskins e Raiders. Para 2018, as defesas adversárias perceberam que a principal ameaça era Zeke, não Dak, e começaram a jogar mais pesado contra a corrida, o que resultou nos Cowboys trocando por Amari Cooper para ajudar no jogo aéreo. Antes da troca, os Cowboys tinham uma campanha 3-4 e Dak tinha apenas 8 passes para TD. Após a troca, suas jardas por jogo aumentaram de 183 para 289, ele lançou 14 passes para TD e os Cowboys perderam apenas 2 de seus últimos 9 jogos, o que deu o título da divisão para eles.  Antes que alguém venha pôr a culpa disso em Jason Garrett, DeShaun Watson ganhou a divisão dois anos seguidos com Bill O’Brien não só como técnico, mas também como general manager. Se Dak fosse realmente um QB de elite, ele teria levado esse time dos Cowboys ao menos uma vez para a final da NFC e teria mais que uma vitória nos playoffs em 4 anos de carreira.  Os Cowboys têm o 4º menor espaço na folha salarial projetado para 2022 sem o contrato de Dak e de vários outros jogadores importantes, como Leighton Vander-Esch, Chidobe Awuzie e Michael Gallup, e já foram forçados a ver Byron Jones e Robert Quinn saírem do time porque não tinham dinheiro suficiente para renovarem com eles e colocar a tag em Dak. Com o elenco que os Cowboys têm, talvez a melhor opção para o time seja investir o dinheiro que seria posto no contrato de Dak em outras posições, como a secundária (Jamal Adams, que pediu para ser trocado, colocou os Cowboys como um time que gostaria de ir) ou melhorar ainda mais a linha ofensiva, já que perderam o center Travis Frederick para a aposentadoria.

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