helio castroneves comemora sua terceira vitoria nas 500 milhas de indianapolis
Automobilismo

Série Brasil na Indy 500 – Helio Castroneves, o rei brasileiro de Indianapolis

(por Jefferson Castanheira)Dizem que o autódromo de Indianapolis não tem vencedores, e sim que o autódromo escolhe, uma vez por ano, quem vai vencer a sua principal prova. As 500 Milhas de Indianapolis são o suco de um autódromo recheado de histórias, narrativas, suspense, medo, coragem e coração. Em uma prova tão mística como essa, alguns pilotos conseguem se identificar de modo quase simbiótico com a pista e com a atmosfera que lhe é proporcionada.A história de Helio Castroneves com o circuito, a categoria e a prova são dignas de um enredo de filme. Helinho, como carinhosamente nós, brasileiros, gostamos de chama-lo, foi escolhido pela pista em três ocasiões para beber o sagrado leite de Indianapolis. Nascido em Ribeirão Preto, Hélio Alves de Castro Neves começou no kart, sendo campeão nacional em 1989. Após sucesso na America Latina e Europa, decidiu se mudar para os Estados Unidos e uniu seus dois últimos sobrenomes para virar apenas Helio Castroneves. Contratado pela antiga Bettenhausen na CART, em 1998, chegou em segundo em Milwaukee como melhor resultado e chamou a atenção de todos pelo arrojo, velocidade e um dom muito técnico ao guiar os carros da Indy. Com a conquista da popularidade pelo seu carisma único e recebendo todos com sorriso no rosto, Helinho rapidamente conquistou o público americano junto e Tony Kanaan, sendo dois dos estrangeiros mais populares na categoria.Em 2000, Castroneves ganhou a vaga na Penske de modo que talvez nem ele quisesse. Greg Moore, um dos mais prodigiosos pilotos da história da Indy, havia fechado seu contrato com a Penske em 1999, mas a última corrida da temporada daquele ano foi a fatídica última vez que o canadense entrou em um carro pilotando. Moore bateu a 340 km/h direto no concreto do muro interno de Fontana, morrendo instantaneamente. A vaga na Penske ficou aberta, e Helio teve seu contrato selado por uma temporada em 2000.Castroneves marcou três poles e venceu três corridas em Detroit, Mid-Ohio e Laguna Seca, assim terminando o ano na sétima colocação. Ele comemorou sua primeira vitória na categoria saindo do carro e pulando no alambrado que separa a pista do público, escalando a grade. Devido a essa repetida tradição que Helinho fazia a cada corrida, o jornalista John Kernan, da ESPN, colocou o apelido em Helio de “Homem Aranha”. Também em 2000, ganhou o prêmio “Greg Moore”, pelo carisma e sua temporada notável. Helio não correu as 500 milhas de Indianapolis em 2000, já que a Penske optou correr a temporada da CART e não participar da IRL daquele ano.Porém, 2001 veio, e com ele, a simbiose entre Helinho e Indianapolis. Helinho venceu as 500 Milhas de Indianapolis naquele ano após largar em 13º. Castroneves tomou a ponta na volta 148 e não saiu mais dela, disparando na frente em uma dobradinha brasileira com Gil de Ferran em segundo. Em 2002, Helinho teve um duelo absoluto com Paul Tracy, que terminou com o brasileiro vencendo a edição polêmica, pois faltando duas voltas para o fim, Paul Tracy foi ao lado do líder Hélio Castroneves, indo para a liderança na terceira curva. Ao mesmo tempo, ocorreu um acidente em outra parte da pista, trazendo a bandeira amarela. Dirigentes da Indy Racing League decidiram que a bandeira amarela foi acionada antes de Tracy completar a ultrapassagem, e Castroneves foi declarado o vencedor. Depois que um protesto oficial foi arquivado e após uma audiência de apelações, a vitória de Castroneves foi mantida em 2 de julho de 2002.Hélio possui 29 vitórias na CART e IndyCar Series somadas. Ele também conseguiu um total de 86 pódios e 46 pole-positions, sendo vice-campeão da categoria em 2008, 2013 e 2014, além de 2002. E a carreira enorme de Hélio – que foi campeão ainda do Dancing With The Starts (uma espécie de Dança dos Famosos nos EUA) – teve um susto e uma narrativa preocupante.Em 3 de outubro de 2008, Castroneves foi indiciado por fraude fiscal e evasão de divisas, acusado de utilizar contas no exterior para esconder cerca de 5,5 milhões de dólares que teria recebido entre 1999 e 2004. Castroneves foi preso, algemado e acorrentado nas pernas, mas foi liberado em 4 de outubro de 2008, após pagar fiança de 10 milhões de dólares. O seu julgamento começou em Março de 2009. O piloto alegava inocência, mas se fosse condenado pelas sete acusações que lhe pesavam, poderia receber uma pena de até 35 anos de prisão. No dia 16 de Abril de 2009, Hélio foi considerado inocentado de todas as acusações, uma vez que o júri entendeu que não havia provas de que o piloto havia cometido fraude fiscal, sendo portanto liberado para correr novamente.Hélio Castroneves voltou em 2009, na segunda etapa da temporada, chegando em segundo em Long Beach na mesma semana que foi absolvido. 38 dias depois, em 24 de maio de 2009, venceu pela terceira vez as 500 Milhas de Indianápolis, em uma reviravolta imensamente emocionante, com doses de redenção intraduzível. Helinho fez a pole e venceu com uma dominância de alguém que parecia ser uma molécula de sangue dentro de uma veia, correndo perfeitamente a cada volta e centímetro da pista. Parecia que a pista de Indianapolis queria recompensar o brasileiro, pois mesmo com uma carreira absurdamente satisfatória, Helio sempre demonstrou com o seu coração o que realmente ele queria: Correr e vencer.Hélio Castroneves faz parte da alma de Indianapolis. E a pista escolhe o vencedor.

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