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NBA

Sem as trágicas mortes de Reggie Lewis e Len Bias, o que poderia ter sido dos Celtics nos anos 90?

(por Matheus Correia) A franquia mais vitoriosa da história da NBA viveu seus piores momentos nos anos 90. Depois de três títulos nos anos 80, a equipe entrou em declínio após Larry Bird se lesionar na temporada 88/89. Bird já tinha 33 anos na ocasião, e outros jogadores importantes também já estavam em idade avançada, como Kevin McHale (31 anos), Dennis Johnson (34) e Robert Parish (35). Se classificaram por pouco para os playoffs, ficando na 8ª posição com um recorde de 42-40. Mesmo percebendo que os anos de ouro com Bird e companhia estavam ficando para trás, os torcedores de Boston se animaram com a ascensão de um jovem ala-armador chamado Reggie Lewis. Vigésima segunda escolha do Draft de 1987, Lewis teve um primeiro ano discreto, mas despontou na temporada com 18.5 pontos por partida, 4.7 rebotes e 1.5 roubo de bola.Em 89/90, os Celtics tiveram uma boa temporada, com Lewis, além de Mchale e Bird recuperados. Até mesmo Parish, com 36 anos, contribuiu bem para a equipe. Nos playoffs, caíram para os Knicks na primeira rodada. Já na temporada seguinte, foram surpreendentemente melhores. A franquia celta se classificou na segunda colocação da conferência leste, atrás apenas dos Bulls de Jordan. Deram o “azar” de enfrentar os bad boys de Detroit nas semifinais da pós-temporada, e foram eliminados. O adeus de Larry Legend ocorreu em 91/92, e os Celtics novamente terminaram na segunda posição, sendo derrotados pelos Cavaliers em uma série de sete jogos nas semifinais. Foi então, 92/93, que Reggie Lewis se tornou o principal jogador da equipe. Líder de pontuação no elenco com 20.8 pontos por jogo, se tornava um jogador cada vez mais completo, um armador “all-around”, que fazia de tudo um pouco em quadra.Boston terminou aquela temporada com um recorde de 48-34, na quarta posição. Na primeira rodada, enfrentou o Charlotte Hornets. Lewis iniciou a primeira partida da pós-temporada a todo vapor. Infiltrava na defesa adversária, conseguia rebotes ofensivos, até que após 13 minutos de partida, Reggie Lewis inexplicavelmente caiu em quadra. Ele corria em direção a cesta adversária, quando tropeçou e deu mais alguns passos até cair. Ele se sentou no chão, completamente desnorteado. Foi rapidamente atendido pelos médicos da equipe, chegando até a voltar para o jogo, mas alegou sentir falta de ar, e ficou no banco pelo resto do confronto. Compromisso que foi o seu último com a camisa celta, e também o derradeiro de sua vida.Inicialmente, os médicos diagnosticaram Lewis com miocardiopatia, doença que iria resultar no fim de sua carreira. Entretanto, em um segundo exame feito por outro médico, Dr. Gilbert Mudge, o jogador foi diagnosticado com Síncope reflexa, uma doença não-fatal e menos séria. Então, Reggie resumiu seu treinamento na offseason, se preparando para a temporada de 93/94. Só que no dia 27 de julho de 1993, em um treino na Brandeis University, Lewis sofreu uma parada cardiáca, indo a óbito com apenas 27 anos. Uma notícia que chocou o mundo dos esportes e, principalmente os fãs celtas, que há pouco tempo, haviam lidado com a morte de Len Bias.Os anos seguintes à morte de Lewis foram sem dúvidas os piores da franquia de Boston. Com McHale aposentado, os principais jogadores da equipe eram Dee Brown e Dino Radja. Já no fundo do poço, pode se dizer que o declínio começou após a morte de Len Bias, em 1986, ano do último título (até 2008). Duas tragédias que mudaram o curso da história celta, e que nos faz imaginar: o que seria a dupla Bias-Lewis?  Bias nunca chegou a jogar na NBA, mas era considerado o “novo Michael Jordan” no college. Um ala de 2,03m, com um jogo dinâmico, capaz de criar jogadas e atacar o aro com explosão. Draftado em 1986, ganharia experiência ao lado de lendas celtas, como Bird, Parish e McHale e, quem sabe, ajudar a equipe a conquistar mais um anel ainda na década de 80. Lewis, ala-armador, seria draftado no ano seguinte, e com todo seu poderio ofensivo e versatilidade, transformaria o elenco de Boston em um misto de excelentes veteranos e promissores jovens. Para se ter uma noção, na temporada de 89/90, a equipe poderia ter um quinteto inicial composto por Dennis Johnson de PG, Reggie Lewis de SG, Len Bias de SF, Larry Bird de PF e Robert Parish de C, com McHale sendo o sexto homem.Lewis e Bias formariam uma das melhores duplas ofensivas da liga nos anos 90. DJ, Bird, McHale e Parish não iriam sacrificar tanto seus corpos, sendo apenas “contribuidores” na equipe, já que a dupla de jovens iria assumir o protagonismo. Com o avanço da idade, Bird poderia até mesmo dar sua titularidade para McHale e se tornar um dos melhores sextos homens da história. Seriam capazes de bater de frente com os Pistons? Muito provável. Com os Cavaliers? Sem dúvidas. Mas, a grande questão é: seriam rivais à altura dos Bulls de Jordan?Impossível determinar, mas podemos levantar alguns pontos que podem ajudar a definir o vencedor desse embate imaginário. Vamos usar o ano de 1993 como palco para este duelo, já que provavelmente seria o último ano de grande produtividade de Bird.No lado defensivo, Boston tem grande desvantagem. Não há nenhum Pippen ou Horace Grant na equipe. Dennis Johnson, Larry Bird e Parish são excelentes defensores, mas velhos o suficiente para não conseguirem acompanhar o ritmo adversário. Ofensivamente, os celtas possuíam mais armas. Praticamente todo o quinteto era capaz de pontuar consistentemente, e não deixariam a equipe na mão no “clutch time”. Mas, claro, nada disso importa quando Chicago possui Michael Jordan. Aquilo que pode definir esta discussão é: Len Bias seria tão bom ou melhor que MJ?O resultado desse confronto cabe à nossa imaginação. Por mais interessante que seja especular “o que teria sido”, as trágicas mortes de Bias e Lewis infelizmente marcaram o fim de um legado de uma equipe vencedora, que aprendeu que nem tudo são flores. Muitas franquias passaram por fases sombrias, de reconstrução ou até mesmo de extinção (vide Seattle Supersonics), mas a de Boston, com certeza, é a mais dolorida.

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