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MLB

Sem fogos nem festas: a triste aposentadoria de um dos maiores de todos os tempos da MLB

(por Leonardo Costa)   Ken Griffey Jr. se fez gigante na década de 90, recebendo a alcunha de ‘jogador mais querido de todos’, com uma personalidade encantadora e um jogo impecável: Todos sabiam que ele estava destinado a quebrar inúmeras marcas e recordes estabelecidos na Major League Baseball, inclusive entraria nas discussões sobre o maior da história do esporte. Sem dúvida, as lesões o impediram de alcançar todo seu potencial, mas, mesmo assim, segue sendo um dos maiores que já atuaram na MLB. Seus anos com o Seattle Mariners são incontestáveis, e podemos afirmar que sua carreira começou a deteriorar quando foi trocado para o Cincinnatti Reds. Com o uniforme vermelho, Griffey Jr. foi sombra do que já havia demonstrado em Seattle, muito devido a suas lesões. Perdeu 260 partidas de 486 possíveis entre 2002 e 2004. No ano de 2008 foi enviado para o Chicago White Sox no último dia de trocas e se tornou agente-livre, oportunidade que os Mariners viram de contar novamente com o ídolo na equipe. Aos 39 anos assinou por uma temporada, e por mais que não fosse o mesmo Griffey Jr. de sua primeira passagem na franquia, seu retorno deixou a torcida em polvorosa. Ao lado de Ichiro Suzuki e Félix Hernández disputou 117 partidas em 2009, quase todos como rebatedor designado, e terminou com um AVG de .214, 19 HR’s e 57 corridas impulsionadas. O momento mais importante da temporada foi a despedida que os fãs dos Mariners deram a Griffey e Ichiro no último jogo do ano, sendo carregados nos ombros de seus companheiros enquanto a torcida pedia um ano mais de Griffey Jr. E os pedidos foram antendidos. O jogador assinou por mais uma temporada, e aos 40 anos esperava terminar a carreira de uma maneira mais contundente do que havia apresentado na temporada de 2009. Porém, 2010 foi um tremendo pesadelo para o astro e terminou da pior maneira possível. Para começar, nos dois primeiros meses da temporada sua média no bastão estava horrível (.184) e, no dia 20 de maio, anotou seu hit 2781, o que seria o último da carreira, e impulsionou a corrida da vitória na partida contra o Toronto Blue Jays. Justamente quando nada poderia piorar, o jogador se viu envolto no escândalo chamado “Napgate”, que dentre diversas revelações, membros da franquia informaram a imprensa que Griffey Jr dormia no banco de reservas durante as partidas. O técnico da época, Don Wakamatsu negou as acusações, enquanto o jogador Mike Sweeney disparou contra os delatores por terem infringido um código de vestiário. Griffey, por sua vez, nunca desmentiu o ocorrido. A franquia de Seattle estava em chamas e o ambiente era péssimo, mas ninguém imaginaria que Griffey tomasse uma decisão tão drástica quanto aquela que decidiu fazer em 2 junho de 2010. Durante uma partida contra o Minnesota Twins foi enviado como rebatedor de emergência na nona entrada. Conseguiu chegar até a primeira base e logo foi substituído por um corredor, e essa foi sua última aparição em uma partida da MLB: sem homenagens, sem festa, sem nada. Nessa mesma noite, e sem avisar a ninguém, pegou seu carro e começou a dirigir sentido Costa Leste. Segundo um repórter da Sports Illustrated, o ex-companheiro do jogador, Jake Buner, o ligou durante a madrugada preocupado com o colega após um amigo ter avisado que viu Griffey Jr. em um posto de gasolina no estado de Montana, a mais de 1000 km de Seattle. Griffey dirigiu sem parar por quase dois dias rumo a Orlando, na Flórida, onde vivia sua família. Percorreu a incrível distância de 5000 km durante esse tempo. Segundo repórteres, o jogador ligou algumas vezes para seu pai durante a viagem avisando que estava a caminho, dizendo que estava feliz com a decisão que tinha tomado e que não podia mais suportar seguir jogando. Não houveram fogos de artifício celebrando a incrível carreira que teve, apenas dois faróis percorrendo uma rodovia. O jogador emitiu um comunicado anunciando sua aposentadoria imediata do beisebol. O presidente dos Mariners, Chuck Armstrong, foi comunicado pouco antes da partida seguinte que Griffey havia ‘fugido’, enquanto os jogadores souberam do anúncio momentos antes de entrarem em campo. Algum tempo depois, Griffey revelaria que tomou tal decisão porque não queria tornar-se um empecilho para a franquia e que isso foi melhor para ambas as partes, por não ser produtivo e ainda gerar especulações na imprensa sobre sua conduta. Por fim, The Kid não teve a cerimônia de despedida que merecia, e nos resta apenas aquelas imagens dele saindo do Safeco Field nos ombros de seus companheiros.

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