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Série Análise de Torcedor: O draft do Atlanta Falcons

(por Eduardo Schachnik) O Atlanta Falcons mais uma vez teve um draft questionável, tanto por especialistas quanto pela torcida. Não se pode negar que o time endereçou as suas necessidades (DL, LB e CB), mas todas as escolhas podem ser consideradas um “reach” (expressão usada quando o jogador é escolhido bem antes do que os especialistas previam). Como de praxe, o general manager Thomas Dimitroff e o treinador Dan Quinn deixaram de lado a relação valor da escolha/valor do jogador e selecionaram aquele atleta que mais lhes agradava, independente da posição no draft. Logo no primeiro round os Falcons foram com A.J. Terrell, cornerback de Clemson, o terceiro da posição a ser escolhido. Terrell era um prospecto bem avaliado, possivelmente top 3 na posição e o Falcons necessita, e muito, de um cornerback, posição que constantemente compromete o time em jogos mais difíceis. Com a saída de Desmond Trufant ficou claro que a posição seria prioridade no draft, contudo havia mais talento em outras posições que o time também precisava, como linebacker e linha defensiva. A maior crítica da torcida recai sobre a péssima atuação do defensor na final universitária, quando Clemson foi amassada por LSU.A segunda escolha foi menos surpreendente e terminou sendo a única que agradou a maior parte dos fãs. O defensive end Marlon Davidson de Auburn é uma força da natureza atacando o quarterback, especializado em usar os longos braços e mãos fortes para forçar fumbles e conseguir sacks, algo que Atlanta muito precisava. O jogador deve fazer a transição de DE para DT e jogar ao lado de Grady Jarrett, formando uma dupla intimidadora no meio da linha, enquanto o terceiro-anista Takk Mckinley e o recém contratado Dante Fowler Jr. atuarão nas pontas.No terceiro round a franquia novamente fez uma seleção inesperada ao escolher o center Matt Hennessy, da universidade de Temple. O time já conta com Alex Mack, recentemente eleito para o time da década da NFL, o que leva a crer que o investimento mira o futuro. No meio tempo, Henessy deve disputar uma vaga como guard na vulnerável linha ofensiva dos Falcons. Novamente,  o jogador em si, parece promissor, mas havia outros jogadores mais bem-conceituados disponíveis em outras posições precárias (leia-se linebacker).Finalmente, no quarto round, Atlanta buscou um linebacker (posição muito carente diante da saída de DeVondre Campbell na free agency). Porém, o jogador escolhido não figurava entre os mais bem avaliados disponíveis: Mykal Walker de Fresno State. O jogador é muito atlético e joga com intensidade, mas falta habilidade para cobrir passes e não é propriamente um pass rusher. Ainda na quarta rodada, os Falcons selecionaram outro defensive back, desta vez o safety Jaylinn Hawkins da universidade da Califórnia. O time não precisa de ajuda imediata na posição, mas a escolha parece ser um seguro-garantia para Keanu Neal, que tem um histórico de lesões assustador em sua breve carreira. A escolha foi bem vista, afinal Hawkins fez jogadas impressionantes na NCAA, mostrando-se muito instintivo, veloz e habilidoso, apenas não era uma urgência draftar um safety.Atlanta só voltou a escolher na sétima rodada e foi de punter: Sterling Hofrichter de Syracuse. Em geral, jogadores dos times de chutes passam até sem ser draftados. Dessa vez os Falcons preferiram garantir logo um reserva para o punter Ryan Allen, pois o time sofreu quando o titular se lesionou na temporada passada. Ainda assim, difícil justificar o gasto de uma escolha nessa posição.É fato que Dimitroff e Quinn já acertaram em escolhas questionáveis e já conseguiram auferir muito valor com escolhas de rounds inferiores, como Deion Jones na segunda rodada e Grady Jarrett no quinto round! Por outro lado, muitas escolhas altas foram desperdiçadas em jogadores que não renderam o esperado, como Vic Beasley e Takk Mckinley. Passado o furor do draft, a torcida começa a conhecer melhor os prospectos e olhar com bons olhos para as escolhas, mas esse filme já foi visto, na verdade é visto todo ano. A torcida critica, depois se ilude, depois quebra a cara e espera pela temporada seguinte. Todos os jogadores possuem potencial e chegam com vontade de provar que os críticos estão errados. Se isso acontecerá, é outra história.Assim como vale para todas as franquias, o draft é uma ciência incerta e apenas o tempo dirá os acertos e erros, mas, com certeza, os Falcons seriam menos criticados se fossem mais “conservadores” e escolhessem de acordo com o consenso dos especialistas ou, pelo menos, negociassem suas escolhas para fazê-las render tudo que podem.

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