(por Vinícius Freitas) A tradicional franquia de Indianápolis foi fundada em 1967, integrando a extinta ABA (American Basketball Association), que foi fundida com a NBA na temporada de 76/77. Os Pacers foram os principais vencedores da ABA, com 3 títulos conquistados (69/70, 71/72 e 72/73) em 5 finais disputadas, e tendo nomes de destaque na liga, como o técnico Slick Leonard e os jogadores George McGinnis, Mel Daniels, Freddie Lewis, Roger Brown e Bob Netolicky.O começo da franquia na NBA não foi muito bom, pois a equipe participou apenas duas vezes dos playoffs antes dos anos 90, sendo eliminada em ambas as ocasiões na primeira rodada da Conferência Leste. A equipe viveria sua grande fase na década mais disputada da liga, sendo uma das melhores equipes de sua Conferência, e chegando perto do título em algumas ocasiões, ficando de fora da pós-temporada na década apenas em 96/97. O LíderLarry Brown foi um dos grandes técnicos da história da liga, único treinador campeão da NCAA (liga universitária) e da NBA, fazendo parte de um grupo seleto de treinadores com mais de 1.000 vitórias na maior liga de basquete do mundo, além de ser o grande responsável pela melhora de desempenho dos Pacers. Assumiu o comando da equipe na temporada 93/94, ano em que a franquia alcançaria pela primeira vez na sua história as finais do Leste, permanecendo na equipe até o final da temporada 97/98. Também treinou o Philadelphia 76ers, vice-campeão em 00/01, e o Detroit Pistons campeão em 03/04 e vice em 04/05. Teve seu nome incluído no Hall da Fama em 2002 e encerrou sua carreira no término da temporada 10/11, depois de treinar o Charlotte Hornets, com 2.338 jogos disputados em temporadas regulares e 235 partidas em playoffs.O ElencoA equipe titular tinha como base o exímio arremessador de três pontos, Reggie Miller (ala-armador), o bom “shooter” Derrick McKey (ala), Dale Davis (ala-pivô) e o holandês Rik Smits (pivô), variando o armador titular na temporada 93/94, com Pooh Richardson (que se lesionou no decorrer da temporada) e Haywoode Workman. Em 94/95 acertaram com o excelente armador Mark Jackson, um dos melhores assistentes da liga, repondo a saída de Pooh Richardson e fechando o quinteto titular. A equipe também contava com ótimas peças de rotação, entre elas os experientes Byron Scott (campeão com os Lakers nos anos 80) e Vern Fleming (ídolo da franquia) no perímetro, além do ala Sam Mitchell e o pivô Antonio Davis. A equipe era conhecida pelo forte jogo físico no garrafão e a eficiência dos arremessos longos, sendo também um dos elencos mais “frios” da NBA, revertendo desvantagens nos finais e com capacidade de concluir vários ataques consecutivos em momentos difíceis das partidas. Tinha como destaques individuais Reggie Miller e Rik Smits, e coletivamente a dedicação defensiva, aprimorada depois da chegada de Larry Brown. Temporada Regular 93/94A equipe demorou para entrosar, oscilando em bons e maus momentos, com duas sequências de cinco derrotas seguidas, e atingindo mais vitórias do que derrotas apenas no jogo de número 49 da temporada, com 25V-24D. Depois disso, a equipe parece ter encontrado sua forma de jogar, terminando a temporada com 8 vitórias consecutivas e um recorde de 47V-35D, na quinta posição da Conferência Leste. Apesar do forte jogo físico na defesa, a equipe tinha dificuldades contra equipes que jogavam parecido, perdendo as quatro partidas contra o New York Knicks dos pivôs Patrick Ewing e Charles Oakley, e mais quatro vezes para o Chicago Bulls, que mesmo sem Michael Jordan, ainda manteve um bom padrão de jogo coletivo, liderados por Scottie Pippen e Toni Kukoc. Reggie Miller (19.9pts, 3.1ast e 1.5stl) foi o líder de pontos da equipe seguido pelo gigante Rik Smits (15.7pts, 6.2reb e 1.1blk), e apesar do início difícil, a equipe amadureceu durante a temporada regular, e mesmo não conseguindo o mando de quadra, era uma das três equipes cotadas para chegar às finais da liga. Confrontos nos PlayoffsNa primeira rodada do leste encararam o jovem time do Orlando Magic, liderado por Shaquille O’Neal e Penny Hardaway, que tinham um estilo de jogo empolgante e exploravam a força física de Shaq no garrafão, junto com o bom jogo de perímetro, que além de Hardaway contava também com Nick Anderson, Dennis Scott e Scott Skiles. Apesar do domínio de Shaq no garrafão e os dois primeiros jogos com placares apertados, os Pacers venceram a série por 3-0, com exibição de gala de Reggie Miller, que foi o cestinha do duelo com 29 pontos de média e 0.545% de acerto nos arremessos em quadra, levando os Pacers para a primeira semifinal da história da franquia.Nas semifinais enfrentariam o Atlanta Hawks, líder do Leste, que apesar da saída do astro Dominique Wilkins, era uma equipe muito bem treinada pelo experiente Lenny Wilkens, com grande força ofensiva e um jogo coletivo inteligente. Atlanta tinha como destaque os pivôs Danny Manning (cestinha da equipe) e Kevin Willis, além do exímio marcador no perímetro, Mookie Blaylock, e o bom arremessador Stacey Augmon, sendo uma equipe bem versátil na hora de concluir as jogadas. Os times fizeram embates de muita dedicação na defesa, com os Hawks explorando mais o garrafão e os Pacers fazendo melhor proveito do perímetro. Os Pacers venceram a primeira disputa, mas no jogo seguinte foram anulados no ataque, perdendo por 69-92, com apenas dois jogadores pontuando em dois dígitos. Nos dois jogos seguintes Larry Brown mudou o esquema tático, explorando mais os pivôs Smits e Antonio Davis no ataque e revezando mais os jogadores no perímetro, com boas atuações dos suplentes Byron Scott e Vern Fleming, abrindo 3-1 na série. Os Hawks ainda fizeram 3-2, mas no jogo 6 depois de abrir mais de 20 pontos de frente no terceiro quarto e contar com grande atuação coletiva, com 6 jogadores anotando pelo menos 10 pontos, os Pacers fechavam a série e iam disputar sua primeira final de Conferência.As finais seriam contra os maiores carrascos da temporada regular, os Knicks, que na época eram treinados pelo experiente Pat Riley e apelidados de “os novos Bad Boys”, fazendo referência ao Detroit Pistons do final dos anos 80, por conta do forte jogo físico e faltas mais contundentes. Os Knicks terminaram na vice-liderança e haviam eliminado o atual campeão nas semifinais, o Chicago Bulls por 4-3, com vantagem no mando de quadra nas finais, jogando os dois primeiros jogos em casa, dois fora, e depois alternando os três jogos restantes, encerrando a série diante de sua torcida. Assim como os Pacers, tinham uma defesa forte e um jogo coletivo muito equilibrado, com a já citada dupla Ewing e Oakley, além dos bons marcadores no perímetro, John Starks e o recém-chegado Derek Harper. Os Knicks ainda tinham em seu plantel o ala-pivô Anthony Mason e o armador Hubert Davis, sendo um elenco muito competitivo e que não havia alcançado as finais por acaso. Apesar das boas atuações ofensivas de Smits, o pivô não conseguia ser eficiente na contenção de Ewing e Oakley, que dominaram o garrafão e ajudaram os Knicks a abrirem 2-0. Reggie Miller liderou Indiana na reação, sendo a principal referência ofensiva, mas vale destacar o trabalho defensivo no garrafão, que apesar de ainda sofrer com Ewing, já não era amplamente dominado como nos dois primeiros jogos. Os Pacers venceram 3 partidas seguidas e viraram a série, com o jogo 6 sendo disputado em casa, tendo grandes chances de vencer e chegar às finais da NBA pela primeira vez. A equipe sentiu o nervosismo e cometeu muitos erros na partida, sofrendo também 17 roubos de bola, perdendo o jogo por 98-91, com destaque para a belíssima atuação de John Starks (26pts, 6ast e 0.727% de aproveitamento nos arremessos, com 5/6 nas bolas de 3 pontos). O último jogo foi parelho até o terceiro quarto, com os Pacers vencendo por 71-67, e um bom duelo entre Miller e Starks no perímetro. Mas, no último quarto, com bela performance de Ewing (24pts, 22reb e 5blq) nos dois lados da quadra e a torcida empurrando a equipe, os Knicks conseguiram correr atrás do placar e terminaram vencendo por 94-90, chegando às finais mais uma vez depois de 30 anos. Patrick Ewing (22.3pts, 10.7reb e 2.9blq) liderou New york na série, com boa ajuda de Charles Oakley (14.1pts, 10.4reb e 1.4stl), John Starks (13.9pts, 4.3ast e 1.4stl) e Derek Harper (10.7pts, 4.4ast e 2.7stl). Os Pacers foram bem no jogo 7, e mantiveram a vantagem do placar durante boa parte do período derradeiro, mas a grande chance de chegar às finais foi desperdiçada no jogo anterior, diante de sua calorosa torcida. Reggie Miller (24.7pts, 1.4stl) e Rik Smits (16.4pts, 5.6reb) foram os únicos jogadores com pontuações em dois dígitos, mostrando o quanto a pressão da final mexeu com a equipe, adiando o sonho da conquista de seu primeiro título. Temporada Regular 94/95 A equipe manteve a base do ano anterior, e contou com a chegada do armador Mark Jackson, um dos melhores assistentes da liga e, diferentemente da temporada anterior, o time foi consistente desde os primeiros jogos, terminando com a terceira melhor campanha do Leste, atrás apenas de Orlando Magic e New York Knicks, perdendo os confrontos diretos na temporada regular apenas para o Utah Jazz (0V-2D) e o carrasco das finais, New York Knicks (1V-3D). Indiana melhorou ainda mais na defesa, sendo a 4ª melhor da liga, e novamente Reggie Miller (19.6pts, 3ast e 1.2stl) e Rik Smits (17.9pts, 7.7reb e 1.0blk) lideravam a equipe no ataque, terminando a temporada regular com a melhor campanha da história da franquia até aquele momento, com 50V-32D, mostrando que tinha forças para jogar de igual para igual contra os melhores da liga e brigar pelo título.Confrontos nos PlayoffsNa primeira rodada mediu forças contra o já conhecido Atlanta Hawks, porém, o adversário tinha perdido sua dupla de pivôs, Kevin Willis, que deixou a equipe para integrar o Miami Heat, e Danny Manning, que foi para o Phoenix Suns, se tornando muito vulnerável na zona pintada. Os Pacers dominaram a série e venceram por 3-0, com destaque para as atuações de Miller (31.7pts) e Smits (18.3pts e 10.3reb) no duelo.Nas semifinais teriam a chance de se vingar, pois tinham pela frente novamente o New York Knicks, com a mesma base da equipe do ano anterior. Os Pacers venceram o jogo 1 com outra bela atuação de Miller (31pts e 4stl) e Smits (34pts e 7reb), mas os Knicks empataram a série no jogo seguinte em noite de baixo aproveitamento ofensivo do quinteto titular dos Pacers. Smits e Miller seguiam liderando o time nas ações ofensivas, e foram os principais responsáveis pelas vitórias nos jogos 3 e 4, com os Pacers fazendo 3-1 na série e ficando muito próximos das finais do leste. O jogo 5 foi emocionante, com os Pacers tomando a frente restando apenas 6 segundos no relógio, com uma cesta de 3 de muito longe de Byron Scott, fazendo 95-94 e calando os torcedores locais. Os Knicks ainda tinham o último ataque, e conseguiram uma cesta depois da infiltração de Ewing, agora com o placar marcando 96-95 para os Knicks. Reggie Miller ainda arremessou uma última vez, com menos de 2 segundos no relógio e marcação dupla, mas a bola bateu no aro e não entrou. Mais uma vez a equipe disputaria o jogo 6 diante da sua torcida, mas os Pacers desperdiçaram a chance de eliminar os Knicks novamente. Indiana estava jogando bem até o intervalo, e no terceiro quarto sofreu um “apagão”, perdendo por 27-13 o período e indo para a última parte do jogo perdendo por 56-69. A equipe não conseguiu recuperar a diferença e foi derrotada por 92-82, indo mais uma vez decidir a série contra os Knicks fora de casa. Assim como o jogo 5, a partida foi emocionante, se decidindo apenas nos segundos finais. Os Pacers abriram 97-92, com cerca de 1 minuto e 20 segundos para o final, mas ambas as equipes desperdiçaram os ataques seguintes. Faltando 32 segundos para o fim, John Starks converte uma cesta de 3 e diminui a diferença para 97-95. Os Pacers não pontuam novamente e os Knicks teriam a chance de empatar com 5 segundos no relógio. Ewing consegue a infiltração passando por 3 marcadores, mas acaba errando a bandeja, e com isso, os Pacers conseguiam o feito de eliminar os Knicks em sua arena, e iam para sua segunda final de Conferência consecutiva. Os visitantes jogaram melhor, cometendo apenas 6 turnovers na noite, contra 15 dos Knicks, sendo esse o fator crucial para a vitória, pois em todas as outras estatísticas, os números das equipes foram bem parecidos. Ewing (19.3pts, 8.9reb e 1.9blk) foi o líder dos Knicks no confronto, mas contou com boa colaboração de John Starks (17.1pts e 5.3ast), Charles Oakley (14.7pts, 8.7reb e 1.6stl) e Derek Harper (13.6pts e 6.6ast). Reggie Miller (22.6pts, 4.1reb e 3.0ast) e Rik Smits (22.6pts e 6.4reb) lideraram mais uma vez os Pacers, que mais uma vez disputariam o reinado do Leste com reais chances de alcançar pela primeira vez as finais da NBA.O adversário dos Pacers nas finais seria o primeiro colocado, o Orlando Magic, que agora além de Shaquille O’Neal, Penny Hardaway, Dennis Scott e Nick Anderson, contava também com o experiente Horace Grant, tricampeão pelo Chicago Bulls, formando um quinteto de respeito e disputando pela primeira vez as finais de Conferência. Os Pacers disputariam os dois primeiros jogos fora, depois dois em casa, e alternando os três últimos, com a série se encerrando fora de casa. Os líderes do Leste venceram os dois primeiros jogos em casa, com grande atuação do quinteto titular, que na primeira partida anotaram 102 dos 105 pontos do time, e no jogo dois marcaram 109 dos 119 da equipe no duelo. Os Pacers melhoraram na defesa e começaram a girar mais a bola, visando dificultar a marcação adversária, vencendo o terceiro jogo sem grandes sustos no final. O jogo quatro foi acirradíssimo, com os Pacers vencendo por 92-90, com cerca de 5 segundos para o final do jogo, mas Penny Hardaway, que apesar de não ter arremessado da melhor maneira possível, acertou o arremesso de 3 e colocou o Magic na frente, com menos de 1.5 segundos para o final. Os Pacers tinham a última bola do jogo, e em lance genial de Rik Smits, que ao receber o passe ameaçou o arremesso e deslocou Tree Rollins, abrindo espaço para arremessar livre e garantir a vitória por 94-93, empatou a série e levou a torcida a loucura. No jogo cinco, apesar do placar apertado de 108-106, o Magic administrou boa vantagem construída antes do intervalo, e garantiu mais uma vitória em casa. Os Pacers tiveram 0.613% de aproveitamento nos arremessos de quadra no jogo 6 e deram uma surra no Magic, vencendo por 123-96, empatando a série em 3-3, e indo mais uma vez decidir o seu futuro na competição longe de casa. No jogo 7 os Pacers foram muito mal ofensivamente, terminando a partida com apenas 0.397% nos arremessos, e assim como nos dois primeiros jogos, o quinteto titular do Magic teve grande atuação, anotando 89 pontos na vitória da equipe por 105-81, impedindo mais uma vez o sonho de conquistar o título dos Pacers, se vingando também da eliminação na primeira rodada do leste na temporada anterior. Shaquille O’Neal (27.3pts, 9.6reb e 1.7blk) foi o cestinha da série, mas contou com grandes atuações de Penny Hardaway (19.6pts, 7.3ast e 2.6stl), Dennis Scott (17.6pts), Nick Anderson (14.0pts) e Horace Grant (10.4pts e 8.9reb), levando a novata franquia, fundada em 1989, à sua primeira final. Reggie Miller (25.9pts), Rik Smits (18.3pts e 6.1reb), Derrick McKey (14.0pts) e Mark Jackson (11.4pts e 8.0asy) foram os destaques do Pacers nas finais.Apesar de não conseguir conquistar o título, esse elenco foi o grande responsável pela ascensão da franquia na liga, que alcançaria mais 2 finais de Conferência (97/98 e 98/99) e conquistaria o vice-campeonato em 99/00 (única final da franquia na história). Os Pacers nunca conquistaram um título da NBA, mas durante os anos 90 foram uma das equipes mais competitivas e lembradas da época, e talvez, se tivessem alcançado as finais em uma das chances que tiveram, pudessem ter destronado o Houston Rockets de Hakeem Olajuwon, que tinha um estilo de jogo completamente diferente. Jogadores como Mark Jackson, Rik Smits e o grande astro da equipe, Reggie Miller, encerraram suas carreiras sem nenhum anel de campeão, porém, sendo tão importantes para a NBA quanto aqueles que conseguiram atingir o momento de glória.
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