(por Vinícius Freitas)Confira abaixo quem são os realizadores do raro feito de conquistar um título pelas duas maiores franquias da NBA:Clyde Lovellette (Minneapolis Lakers 53/54 e Boston Celtics 62/63-63/64)Um dos grandes pivôs do final dos anos 50, Lovellette teve seu nome adicionado ao Hall da Fama da NBA e foi um dos melhores pontuadores de sua posição, junto com Bob Pettit, Ed Macauley e Dolph Schayes. Foi o primeiro jogador a conquistar o título da NCAA, uma medalha de ouro Olímpica e um título da NBA. Draftado pelos Lakers em 53/54, mesmo sendo sua temporada de estreia, já mostrou grande poderio ofensivo, anotando 8.2 pontos e 5.8 rebotes de média, em 17 minutos jogados. Revezava muito bem com o astro da liga, George Mikan, e também com Vern Mikkelsen, ótimo reboteiro e marcador da zona pintada, ajudando logo em seu primeiro ano a franquia alcançar a sua primeira trilogia na história (51/52, 52/53 e 53/54), com 18 pontos em seu debute nos playoffs, e algumas atuações de duplo-duplo nas finais com o Syracuse Nationals, vencida pelo time de Minnepolis por 4 a 3.Depois do título, Mikan se aposentou e, com isso, Lovellette teve a chance que precisava para mostrar seu talento e dividir a zona pintada da equipe com Vern Mikkelsen. Apesar de não conquistar mais nenhum título com a franquia, permaneceu na equipe até a temporada 56/57, onde teve grande evolução em seu desempenho por conta do maior tempo em quadra (agora com mais de 30min por jogo), anotando médias de 18.7 pontos e 11.5 rebotes em 54/55, 21.5 pontos e 14 rebotes em 55/56 e 20.8 pontos e 13.5 rebotes em 56/57 na temporada regular, com 19.7 pontos nos playoffs durante esse período, substituindo o antigo astro da franquia de forma honrosa.Em 57/58 foi para o Cincinnati Royals, formando grande trio junto com o pivô Maurice Stokes e o ala Jack Twyman. Foi o cestinha do time com 23.4 pontos e 12.1 rebotes de media, mas no primeiro confronto dos playoffs a equipe foi eliminada pelo Detroit Pistons, de George Yardley, por 2-0. Visando conquistar mais um título em sua carreira, foi para uma das melhores equipes da liga em 58/59, o St. Louis Hawks, que tinha disputado as duas últimas finais com o Boston Celtics, perdendo o primeiro embate em 56/57 e vencendo a revanche em 57/58, sendo o atual campeão da NBA na chegada do pivô. A equipe tinha como base o pivô Bob Pettit, o ala Cliff Hagan e o armador Slater Martin (ex-Lakers), uma verdadeira seleção do Oeste. Em 58/59, foram para as finais do Oeste contra sua ex-equipe, o Minneapolis Lakers, e acabaram sendo eliminados por conta da grande atuação do novato Elgin Baylor, e de seu ex-companheiro de garrafão, Vern Mikkelsen. Em 59/60, Lovellette (20.8pts, 10.6reb), Pettit (26.1pts, 17 reb) e Hagan (24.8pts, 10.7reb) era o primeiro trio a anotar médias de pelo menos 20 pontos na temporada regular, mostrando a força ofensiva da equipe. Os Hawks disputaram as finais de 59/60 e 60/61 contra o Boston Celtics, mas desta vez perderam os dois confrontos, apesar do forte plantel. Lovellette ainda jogou pela franquia a temporada 61/62, mas atuou apenas em 40 jogos, devidos a alguns problemas com lesões, deixando a equipe no final da temporada regular depois da má campanha de 29 vitórias e 51 derrotas.Foi para o Boston Celtics em 62/63, onde atuou por apenas 2 anos, sendo um reserva de luxo de Bill Russell. Devido suas limitações físicas, que começaram a ser mais contundentes tanto pelas lesões quanto pela idade, (o pivô já tinha 33 anos quando chegou aos Celtics), Lovellette teve médias de menos de 10 minutos em quadra nas duas temporadas, mas com números relevantes de 6.5 pontos e 3 rebotes. Conquistou o título nos dois anos em que jogou pelos Celtics, encerrando sua carreira com médias de 17 pontos e 9.5 rebotes em 704 jogos disputados no término da temporada 63/64. Faleceu no dia 09 de Março de 2016, aos 86 anos, por complicações de um câncer no estômago.Bill Sharman (Boston Celtics 56/57, 58/59, 59/60 e 60/61 e Los Angeles Lakers 71/72)O ala-armador foi um dos maiores ídolos dos Celtics nos anos 50 ao lado de Bob Cousy e Ed Macauley, também sendo membro do Hall da Fama da NBA, indicado como jogador em 1976 e como técnico em 2004. Era um dos jogadores mais completos do perímetro, muito esforçado taticamente na defesa e com boa eficiência nos arremessos, sendo inclusive o melhor cobrador de lances livres da liga em 7 das 11 temporadas como profissional, com um aproveitamento de pelo menos 84% no quesito. Foi selecionado em 8 ocasiões para o All-Star Game, de 52/53 à 59/60, ganhando o prêmio de MVP do All-Star Game de 54/55. Começou a carreira no extinto Washington Capitols, em 50/51, onde jogou apenas em seu ano de estreia, indo para os Celtics em 51/52, e fazendo parte da maior hegemonia da história da NBA, que teve início em 56/57, depois da chegada de Bill Russell e Tom Heinsohn, e perdurou até a temporada 68/69, com os Celtics conquistando 11 títulos em 12 finais num período de 13 anos. Sharman conquistou 4 títulos com os Celtics (56/57, 58/59, 59/60 e 60/61) em 5 finais disputadas (vice em 57/58 para o St. Louis Hawks), se aposentando no final da temporada 60/61, aos 34 anos.Pouco tempo depois iniciou sua trajetória de técnico, e logo em seu ano de estreia levou o San Francisco Warriors, de Rick Barry e Nate Thurmond, às finais da liga em 66/67. Enfrentaram o fortíssimo Philadelphia 76ers de Wilt Chamberlain, Hal Greer, Chet Walker e Billy Cunningham, sendo derrotados por 4-2. Apesar do gosto amargo do vice, desbancar o Los Angeles Lakers de Elgin Baylor, Jerry West e Gary Goodrich por 3-0 nas semifinais, logo de cara, era um feito para ser comemorado. No ano seguinte, mesmo sem o grande astro do time, Rick Barry, que havia ido jogar na ABA (liga rival da NBA), pelo Oakland Oaks, chegaram às finais do Oeste, em mais um duelo contra o Los Angeles Lakers, dessa vez sendo derrotados por 4-0 pelos angelinos.Assim como Barry, Sharman foi treinar um time da ABA, o Los Angeles Stars, comandando a franquia de 68/69 a 70/71. Na primeira temporada teve um recorde de 33 vitórias e 45 derrotas, não classificando a equipe para os playoffs. Em 69/70 conseguiu uma campanha positiva (43V-41D), e levou o time às finais, mas acabou perdendo para o entrosado time do Indiana Pacers por 4-2, que tinha em seu elenco Roger Brown, Mel Daniels, Freddie Lewis e Bob Netolicky. A franquia mudou de local, com sua sede alocada na cidade de Utah, se tornando o Utah Stars na temporada 70/71. A equipe anotou um recorde de 57V-27D, a segunda melhor campanha da temporada, atrás apenas dos Pacers, que tiveram uma vitória a mais. As duas melhores franquias da temporada se enfrentaram nas finais do Oeste, mas dessa vez quem venceu o confronto foi o time de Sharman e companhia, por 4-3, e alcançando a segunda final seguida da liga. Dessa vez o duelo era contra o Kentucky Colonels, do ótimo pivô Dan Issel. Em sua terceira final em um período de cinco anos, Sharman conseguiu conquistar seu primeiro título como técnico, ajudando o Utah Stars a vencer o Kentucky Colonels por 4-3, com grande atuação do pivô Zelmo Beaty, ex-St. Louis Hawks.Depois do título conquistado com o Stars, o ex-celta aceitou treinar o grande rival de Boston, o Los Angeles Lakers, de Jerry West, Gail Goodrich e Wilt Chamberlain. Em sua estreia com os californianos, atingiu a melhor campanha da história da franquia até hoje, com 69 vitórias e 13 derrotas, atropelando o Chicago Bulls nas semifinais do oeste por 4 a 0, vencendo o atual campeão, o Milwaukee Bucks de Kareem Abdul-Jabbar, Oscar Robertson e Bob Dandrige por 4 a 2 nas finais de Conferência, e devolvendo a derrota das finais de 69/70 para o New York Knicks, superando com tranquilidade o rival por 4 a 1, para alcançar também seu primeiro título como técnico da NBA. Em 72/73, o treinador ajudou os Lakers a chegarem a mais uma final, com outra ótima campanha de 60 vitórias e 22 derrotas na temporada regular. Nas semifinais eliminaram mais uma vez o Chicago Bulls, por 4 a 3, e nas finais do Oeste venceram o duelo californiano contra o Golden State Warriors por 4 a 1. No tira teima entre os Knicks e os Lakers, a equipe de Nova Iorque levou a melhor, vencendo por 4 a 1 e coroando a ótima geração de Walt Frazier, Willis Reed, Dave DeBusschere e Earl Monroe. Sharman ainda comandou os Lakers até a temporada 75/76, mas sem grandes feitos, mesmo depois da chegada do melhor jogador da liga em seu plantel, Kareem Abdul-Jabbar, campeão com os Bucks em 70/71.Sharman faleceu em 25 de Outubro de 2013, aos 87 anos devido a um AVC, com 17.8 pontos, 3.9 rebotes e 3.0 assistências por jogo em 711 partidas disputadas como jogador. Como técnico teve um aproveitamento de 56.5% na temporada regular, com 466 triunfos e 353 reveses, e 58.8% nos playoffs, com 57 vitórias e 40 derrotas.Rajon Rondo (Boston Celtics 07/08 e Los Angeles Lakers 19/20)O Los Angeles Lakers conquistou seu 17º título na história depois de encerrar as finais contra o Miami Heat, por 4 a 2, no último domingo, sendo esse o segundo título da carreira do armador Rajon Rondo, que além dos dois maiores campeões da liga, teve passagens por Dallas Mavericks, Sacramento Kings, Chicago Bulls e New Orleans Pelicans.Rondo foi “draftado” pelo Phoenix Suns, na 21ª posição, na temporada 06/07, e trocado para o Boston Celtics, onde iniciou sua carreira e viveu os melhores momentos dela. Apesar da má campanha em seu ano de debute, com os Celtics vencendo apenas 24 dos 82 jogos disputados, no ano seguinte, a franquia verde e branca montou um dos melhores esquadrões da história, adquirindo Ray Allen e Kevin Garnett para se juntarem a Rajon Rondo e Paul Pierce, considerado o melhor time titular da liga. Os Celtics confirmaram o favoritismo e tiveram a melhor campanha da liga, com 66 vitórias e 16 derrotas, e logo na estreia de Rondo nos playoffs, a equipe conquistou o título contra o grande rival, o Los Angeles Lakers, de Kobe Bryant e Pau Gasol, dando um gosto ainda mais especial para o feito. Mesmo nunca tendo a característica de um grande pontuador, Rondo foi importantíssimo para o time, com atuações de 12 (J4 contra o Atlanta Hawks na primeira rodada), 13 (J5 contra o Cleveland nas semifinais e J5 contra o Detroit nas finais do leste) e 16 assistências (J2 das finais contra os Lakers) nos playoffs, além dos 21 pontos no jogo 6 das finais, em vitória esmagadora por 131-92 contra o Lakers, no dia do triunfo do 17º título da franquia de Massachussets.Nos anos seguintes teve uma considerável evolução em seus números, sendo o principal “garçom” da liga em 11/12, com médias de 11.9 pontos e 11.7 assistências na temporada regular e nos playoffs, com 17.3 pontos e 11.9 assistências, e também na temporada 12/13, com 13.7 pontos e 11.1 assistências, sendo selecionado para o All-Star Game em quatro oportunidades, de 09/10 até 12/13, se tornando um dos principais armadores da liga, tanto pela sua eficiência de passe e criação como pelas jogadas plásticas e de efeito. Deixou os Celtics durante a temporada 14/15, com passagem discreta pelos Mavericks, mas voltaria a ter destaque no ano seguinte, atuando no Sacramento Kings junto com DeMarcus Cousins e Rudy Gay, terminando como o principal assistente da liga mais uma vez, com 11.9 pontos e 11.7 assistências por jogo, porém, sem a classificação da franquia para os playoffs.No ano de 16/17 foi para o Chicago Bulls, atuando ao lado de Dwyane Wade e Jimmy Butler, também com passagem mais discreta, porém, ajudando a classificar o time para os playoffs no 8º lugar. Teve grandes atuações nos dois primeiros jogos contra sua ex-equipe na primeira rodada, o Boston Celtics, anotando 12 pontos, 8 rebotes e 6assistências, e 11 pontos, 9 rebotes e 14 assistências respectivamente, mas desfalcando a equipe nos jogos seguintes por conta de uma fratura no polegar direito no segundo jogo. Os Bulls venciam a série por 2 a 0, e coincidência ou não, a equipe sem Rondo em quadra perdeu quatro jogos consecutivos, todos eles com mais de 10 pontos de diferença.Em mais uma mudança de ares, Rondo foi para o bom elenco do New Orleans Pelicans, que contava com a melhor dupla de garrafão da liga, formada por Anthony Davis e DeMarcus Cousins, além do bom ala-armador Jrue Holiday. Os Pelicans se classificaram em 6º lugar, com 48 vitórias e 34 derrotas, com bons números de Rondo (8.3pts e 8.2ast), inclusive com uma apresentação de 25 assistências em uma vitória contra o Brooklyn Nets, voltando a ter lampejos do auge de sua carreira. Os Pelicans enfrentaram o perigoso time do Portland Trail Blazers, 3º colocado do Oeste e, mesmo sem Cousins, lesionado, surpreenderam e venceram a série por 4 a 0, com médias de 11.3 pontos e 13.3 assistências (!) de Rondo na série, anotando 17, 9, 11 e 16 passes concluídos, sendo um dos principais nomes do time junto com Anthony Davis. Nas semifinais foram eliminados por 4-1 pelo futuro campeão, o Golden State Warriors, com Rondo terminando a série com 9.6pts, 11.4ast e 2.0stl de média, anotando 21 assistências no jogo 3, única vitória dos Pelicans no confronto.Em 18/19 foi para os Lakers junto com “King” James, sendo um dos mais experientes do plantel, e apesar da equipe não ter se classificado para a pós-temporada por conta da lesão de LeBron no jogo de Natal contra os Warriors, o armador teve médias de 9.2 pontos e 8 assistências. Na temporada atual foi o principal reserva da equipe nos playoffs, substituindo muito bem LeBron, com destaques maiores para os 21 pontos e 9 assistiencias no jogo 3 das semifinais do oeste contra o Houston Rockets, o duplo-duplo no jogo 2 das finais contra o Miami, com 16 pontos e 10 assistências e os 19 pontos no jogo 6 das finais, ajudando a definir o título para a franquia roxa e dourada.Apesar de não ter tido o protagonismo equivalente ao que tinha em Boston, Rondo também foi importante na conquista dos Lakers, com algumas atuações dignas de um jogador titular, provavelmente sendo um importante nome da franquia para as próximas temporadas.
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