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Automobilismo

Quando foi que a torcida de F1 virou várzea no Brasil?

(por Bruno Braz) Quando? O que causou esse fenômeno? Narrações que alçam pilotos a heróis e anti-heróis? Mídias sociais? Excesso de exposição dos próprios pilotos? Falta de cultura dos telespectadores? Difícil dizer.Fato é que há alguns meses esse mundo da internet no que diz respeito à Fórmula 1 está impregnado. Nada está bom. Tudo é motivo de discussão e ofensas.Narrador? Não está bom. Comentaristas? Não estão bons. Pilotos? Bom, esse item merece um certo destaque. Não são comentadas habilidades dos pilotos, principalmente dos postulantes ao título desse ano. Parece que para os “torcedores”, o que está em pauta é moda e atributos físicos.Aquela volta insana na chuva? Não é mais importante. E o desempenho sensacional no treino de classificação? Imagina. A corrida de recuperação de cair o queixo? De jeito nenhum!O que importa é que um é “boca de tilápia” e o outro, “vegano”. Isso está mais em pauta do que os feitos desses fantásticos pilotos. Vale mencionar os críticos enrustidos de moda que passam mais tempo comentando as vestimentas de Hamilton do que de seus erros e acertos na pista.Internet chata, carregada de gente que está disfarçada de entusiasta de Fórmula 1, mas que no fundo, estão mais preocupados em ser críticos de moda ou beleza, da transmissão televisa e seus comentaristas, do que dos GPs em si. Até o que os pilotos fazem no seu tempo livre e vida pessoal virou um problema. A Fórmula 1 sempre foi taxada como esporte de elite, algo inerente ao automobilismo. Mas com um dos melhores campeonatos em curso, veio mais gente para acompanhar. Salvo engano, é o povo acostumado a xingar, espernear e criticar tudo em partidas de futebol. A pessoa bateu bola quando criança e já acha que conhece tudo do esporte bretão. Fenômeno que parece estar se repetindo, com um agravante: a maioria sequer sentou em um kart indoor de shopping. É a crítica, pela crítica.O tamanho de bobagens publicadas em grupos de internet com afirmações descabidas, sem sequer darem uma conferida na regra, é um indicativo forte de que o perfil de quem assiste mudou. E não é falta de informação. Basta ler o regulamento, porém, não há interesse. O que importa são “bocas de tilápia” e roupas, como se esses fossem atributos decisivos para ser ou não ser, enfim, campeão do mundo de Fórmula 1. O público está louco. Se assistem um comentarista fazer um elogio para algum piloto após um feito em pista que é elogiável já o taxam de torcedor. Reginaldo Leme que o diga. Colocar apelidos? Jamais. Termos como “professor”, “rei da chuva” ou “leão”, só poderiam ser cunhados até o fim dos anos 90. Depois disso, com o avanço da internet, complicou. Coitado do Sérgio Maurício. As opiniões são cada vez mais viscerais. E desconfio que estão vindo da parte mais ao final das vísceras. De lá mesmo. Virou várzeaPor que? Não sei. Para os fãs de carteirinha e que estudam o esporte, só restam duas torcidas: a primeira, por esse ou aquele piloto no campeonato. A segunda, para que esse grupinho se veja cada vez mais isolado dentro da própria bolha de “pilotos de sofá-críticos de moda e beleza”, e que o restante do público, que gosta, pesquisa, se interessa e respeita, se salve dessa maldição, do campeonato mais chato da internet dos últimos tempos.

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