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Automobilismo

Por que Hamilton não foi punido ao utilizar a marcha à ré?

(por Bruno Braz) Muito foi falado sobre o fato de Hamilton utilizar-se da marcha à ré para sair da caixa de brita. Houve gente dizendo que a FIA estava, digamos, “passando um pano” e beneficiando o Hamilton, permitindo algo que seria ilegal. Isso demonstra que o torcedor médio, mesmo acompanhando a disputa de forma atenta, desconhece as próprias regras da competição que acompanha. Ávidos, já vão para o Facebook, Twitter ou qualquer outra plataforma disponível para compartilhar suas teorias de conspiração, o que é um erro. Isso causa mais desinformação e “bagunça gratuita”, do que efetivamente, esclarecimento. E como a grande maioria dos que acompanham, acabam tendo uma preguiça de pesquisar, surgem-se os bate-bocas virtuais. Ataca-se A, fala-se mal de B, que C é melhor, esquecendo de uma coisa simples: o que diz a regra?Por sorte, a mídia especializada ajuda. Esclarece. Mostra os tópicos. Quando algo fere o regulamento, apontam rapidamente. Quando não, também aponta.E cá estamos nós para esclarecer. O que diz exatamente o regulamento, no tocante a marcha à ré? Vamos lá.Para retornar à pista, não há nada que vete a utilização da marcha à ré. O artigo 27.3 faz um reforço que diz: “caso um piloto saia da pista, o piloto pode retornar. Porém, isso só pode acontecer de forma segura e sem ganho duradouro”. Analisando os fatos- Foi inseguro? Não. A equipe, pelo rádio, o manteve devidamente informado da aproximação ou não de outros carros, informando o momento exato de poder retornar para o asfalto, sem colocar os demais carros em risco.Com certeza, teremos gente relembrando da desclassificação de Mansell por utilizar a marcha à ré em um determinado GP. Vamos entender agora, porque ele foi desclassificado e com base em qual regra.O artigo 28.3 é claro ao dizer que “em nenhum momento, um carro pode usar a ré no pit lane (área do box) usando sua própria potência.” Ou seja, um piloto que por acaso, passe da sua vaga de pit stop, só pode retornar para ela, se for empurrado pelos seus mecânicos. Jamais utilizando-se da potência de seu próprio motor com a ré engatada.Ou seja, são situações bem diferentes, salvaguardadas por regulamentos para cada situação.Não estamos aqui para defender o Hamilton ou o Verstappen. O intuito é compartilhar informações que, nesse caso, embasaram a ação tomada pelo diretor de prova, que no caso, não viu problema, de acordo com o regulamento vigente.Michael Masi, diretor de provas da FIA, disse ainda, durante a entrevista coletiva em Imola: “Creio eu, olhando para o incidente no momento, voltar de ré da área de brita para a pista, e ao ouvir as conversas de rádio entre o Lewis e a equipe, eles estavam constantemente informando o piloto durante todo o caminho. Então, nesta circunstância particular, digo novamente, eu não consideraria reportar isso para os fiscais de prova. Cada situação é um caso, mas para ter uma visão completa é preciso analisar todas as circunstâncias que englobam o fato”. Para a sorte, digamos, jurídica do esporte, são colocadas pessoas que conhecem muito bem os próprios regulamentos e agem de acordo com suas regras. Já pensaram se ele pune em desacordo com as próprias regras? Apelações em cortes esportivas, confusão, caos. Fatalmente, teríamos um campeonato manchado. Manchado por boatos de gente que não leu a regra, é uma coisa. Maculado porque a regra foi descumprida, seria fatal. 

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