(por Leonardo Costa) Neste sábado, conheceremos o Campeão da Copa América. A final será disputada no Maracanã, e deixará frente a frente dois gigantes do futebol mundial: Brasil e Argentina. Entretanto, o que vem mais me chamando a atenção é a quantidade de brasileiros que estão torcendo pelos ‘Hermanos’, pelos mais diferentes motivos.Não vou ser hipócrita em dizer que nunca torci contra nossa seleção, principalmente em partidas contra seleções bem inferiores, e quase sempre em amistosos. Porém, quando a partida é válida por alguma competição, não tem jeito, é Brasil na cabeça.Você pode não saber, mas o verdadeiro rival argentino não é o Brasil, e sim o Chile. Uma rivalidade que remete à Guerra das Malvinas, no ano de 1982. Obviamente que em termos desportivos, os brasileiros são o rival, mas a nível nação, nada compara a ‘bronca’ da Argentina contra o vizinho andino.Em termos de rivalidade, Brasil e Argentina são os dois expoentes do futebol sul-americano. Em Copas do Mundo, o Brasil começou fulminante, com final em 1950, títulos em 1958, 1962 e 1970. A partir do tricampeonato no México, foi a vez da Argentina se destacar. ‘La Albiceleste’ conquistou o Mundial em 1978, repetiu a dose em 1986 e por pouco não empatou em títulos com o Brasil, parando na Alemanha na final em 1990.A ascensão Argentina equiparou a disputa entre os vizinhos. Se o Brasil liderava em Copas do Mundo, os argentinos reinavam na Copa América e diminuíram a diferença para nossa seleção em conquistas mundiais. Além do mais, Diego Maradona se credenciava, ao menos para nossos ‘hermanos’, para ser o melhor jogador da história do futebol.A Argentina ainda conquistaria a Copa América em 1991 e 1993, sendo as últimas conquistas da seleção principal. Na Copa do Mundo de 1994, o vento voltou a soprar a favor do Brasil, com o tetra, seguido do vice-campeonato em 1998 e do penta em 2002, além de 4 Copas América entre 1997 e 2007. Durante esse período, os argentinos viram Maradona ser punido por doping, e uma de suas melhores gerações passar zerada em títulos.Por outro lado, a seleção brasileira sucumbe com o quadrado mágico em 2006, com a seleção de Dunga em 2010 e, diante de sua própria torcida, a trágica derrota para a Alemanha nas semifinais em 2014. Nesse ínterim, Lionel Messi fazia chover na Europa com a camisa do Barcelona, e levou a Argentina até a final da Copa do Mundo do Brasil, parando, outra vez, contra a Alemanha.Desde então, o Brasil viveu momentos de tensão política, e nem mesmo a conquista inédita do Ouro Olímpico parece ter sido capaz de fazer as pazes entre seleção e torcida. Messi seguia sendo massacrado por seus conterrâneos, que o chamam de ‘pecho frío’, em uma clara alusão de que não rende na seleção o mesmo que no seu clube.A chegada de Tite ao comando da nossa seleção também foi alvo de controvérsias, sobretudo com a convocação de certos jogadores. Parte da torcida começou a criticar o técnico pela escolha de alguns ‘protegidos’, mas os bons resultados pré-Copa amenizavam o burburinho. Na Copa da Rússia, a eliminação do Brasil diante da Bélgica colocou em xeque a permanência de Tite, mas mesmo assim segue até hoje no comando da canarinho, com direito ao título da Copa América de 2019.Pelo lado argentino, os dois vice-campeonatos da Copa América para o Chile caíram como uma bomba na torcida, assim como a eliminação para a França na Copa de 2018, principalmente após a fraca campanha na fase de grupos.Neymar, nosso principal jogador há anos, está longe de ser unanimidade entre os torcedores brasileiros. Em sua recente publicação, na qual ‘xingava’ os brasileiros que torciam contra o Brasil, choveram críticas ao atleta e reverências ao futebol argentino e, sobretudo, a Messi.Vale ressaltar que desde 1993 a Argentina não conquista um título, ou seja, Messi não sabe o gostinho de levantar uma taça com sua seleção. Essa marca negativa persegue o craque há tempos, e cresceu entre os acompanhantes do futebol, inclusive entre brasileiros, a ideia de que chegou o momento do jogador do Barcelona levar um título para casa. Esse título inédito de Messi é uma das justificativas de alguns brasileiros estarem torcendo para a Argentina na final.Outro motivo remete à polarização política que ainda reverbera em terras tupiniquins. O fato do atual elenco ter se posicionado contra a Copa América, ainda que de forma bem mais sutil do que o esperado, é mais uma justificativa de torcer contra a nossa seleção, ainda mais, dizem eles, com um comunista no comando. O fora Tite é uma sentença constante na internet.Mais uma explicação é o fato de que, a minha geração, pelo menos, ficou mal acostumada a conquistar títulos. É o tal do ‘sarrafo’ alto imposto pela seleção desde 1994, e a Copa América não passa de obrigação. Por diversas vezes você vai ver torcedores justificando que não temos mais Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldo em nossa seleção, que nossos atuais jogadores são midiáticos, distantes do povo, e por aí vai. É a eterna sensação de que no passado era melhor.Fato é que diversos são os motivos de cada vez mais os brasileiros torcerem contra nossa própria seleção, e tudo isso é potencializado pela internet. Provável que em outros tempos também eram muitos os que torciam contra o Brasil, mas a visibilidade e o alcance eram muito menores que atualmente. De qualquer maneira, não se espantem em ler que, se o Brasil for campeão, dirão não fez mais que a obrigação, enquanto que, em uma possível derrota, vão chover brasileiros comemorando a conquista argentina.
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