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NBA

Para sempre Bill Russell

(Por Jefferson Castanheira)Para perpetuar na eternidade, talvez seja preciso mais do que tudo entender e viver seu presente.O ano era 1960. Os EUA viviam uma era horrorosa de uma mancha histórica que faz parte de sua história. O ápice da segregação racial no país, o racismo cada vez mais forte, negros sendo enviados para a guerra do Vietnã em muito maior quantidade do que os homens brancos. Ser uma pessoa preta nos anos 60 era muito mais do que existir. Era resistir e re-existir a cada morte dos seus. No meio de tantos que se calaram, muitas vozes surgiram. Martin Luther King, Malcolm X, Rosa Parks, Muhammad Ali e, claro, Bill Russell!William Felton “Bill” Russell. Nascido em Monroe, Louisana. Um nome que ecoa pela história. Um nome que aparece no topo dos maiores campeões da NBA. Um jogador dominante, um pivô espetacular e completo em todos os recursos possíveis. Conquistou 11 títulos, todos pelo time da Nova Inglaterra, o Boston Celtics. De um território antes tão racista e que insultava até mesmo seus próprios jogadores que não fossem brancos. Russell jamais se calou. Bateu de frente contra o sistema milhares de vezes. Colocou seu nome na galeria mais alta do esporte e deu muito orgulho a seus antepassados, como seu avô, que lutou literalmente contra grupos racistas e segregadores na América do Norte.Bill foi um heroi dentro e fora das quadras. Defendeu um mesmo time durante toda a carreira, assim como defendeu uma mesma causa. Foi e será sempre uma voz e um marco. Um caminho trilhado ao meio dos ventos gelados do norte e da nada confortável agressão diária que vivia por ser quem era. Não ignorou a realidade em nenhum momento e levantou várias e várias vezes. E hoje, esse mesmo caminho que Bill construiu virou uma rodovia, uma estrada que ilumina jovens e cria representatividade para cada um daqueles que se sentem Bill Russell até o fim dos tempos.Onze anéis que não cabem nos dedos. Mas tem um título aí que não cabe também, nem sequer na mão, nem mesmo nos braços. Só na alma. No coração. E claro, na eternidade. Foram 88 anos de sua existência aqui neste plano, Bill. E cada um deles foi uma honra nossa. Agora, você pertence à eternidade. Na verdade sempre pertenceu. Você só veio nos visitar.

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