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Automobilismo

O que esperar da Fórmula 1 em 2021?

(por Bruno Braz) A Fórmula 1 de 2021 está trazendo um pouco mais de expectativas que em temporadas anteriores, mesmo com as limitações técnicas impostas pela manutenção do regulamento. Algumas pequenas mudanças estão nos deixando intrigados e contando os dias para os primeiros testes de pré-temporada, que é quando alguma coisa começa a se materializar de fato.A primeira expectativa é extra pista. A Band trabalhará melhor o produto Fórmula 1 se compararmos com a Globo? Acredito que sim. A cobertura deve melhorar, assim como o tempo dispensado em relação ao campeonato, que cá entre nós, esteve muito limitado nos últimos anos, desde a falta de treinos em TV aberta, não exibição de algumas provas para dar espaço ao futebol, além da falta de exibição de pódios, que são momentos ímpares de uma prova, onde podemos ver pilotos com cara de frustração mesmo estando em segundo lugar, outros com extrema felicidade em terceiro, redenções, como foram os casos de Gasly e Perez, enfim, onde podemos, nas sutilezas,  entender além da corrida. É olhando a expressão do piloto que especulamos inclusive como andam suas mentes. Isso conta bastante. No tocante a transmissão, esperamos uma melhora sensível.Virando o foco para pilotos e equipes, a expectativa é ainda maior. Algumas dúvidas pairam na cabeça em diversos pontos do grid. Pelotão de fundo e de meio costumam ser bastante movimentados. Até mais que na frente. Quem tiver oportunidade, recomendo acompanhar a F1 nas mídias oficiais na Web. Tem muito pega sensacional. Mas, vamos às expectativas que têm pairado no meu imaginário. Pelotão do fundoA primeira é com a Williams. Depois de anos de calvário, a equipe parece estar com uma estrutura interna mais condizente com sua história, mesmo que ainda distante. Peças começam a ir para o lugar, saúde financeira básica parece voltar a fazer parte do time após sua aquisição pelo fundo de investimentos Dorilton Capital.Uma coisa que passou despercebida nos últimos dias, foi a notícia de que a Williams estreitou ainda mais a parceria técnica com a Mercedes. Esse ano irão utilizar, além do motor, o câmbio. Isso quer dizer que vão automaticamente pular para posições mais próximas ao TOP 10 automaticamente? Não. Mas, qualquer dois décimos de segundo por volta ajudam. Talvez vejamos o pupilo da Mercedes, Russell, beliscar alguns pontos e passar ao Q2 com mais frequência, considerando que esse ano foi eliminado algumas vezes no Q1 por 1 décimo.E a Haas? Posso estar errado, mas a vejo como a candidata mais forte ao pior carro do grid. Grosjean e Magnussen poderiam não ser foras de série, mas estavam longe de serem ruins. Ambos tinham a mesma impressão do carro: fácil de guiar, mas lento. Para esse ano, a Haas decidiu fabricar seu próprio carro. É o primeiro na sua curta história que será todo feito por eles, na Inglaterra. E aqui já começa o primeiro problema: estão atrasados. Não sabem como instalar o motor Ferrari no carro. Dependem dos engenheiros italianos que devem se deslocar da Itália para a Inglaterra para realizar esse trabalho. Mas, como há restrição de viagens devido a Covid19 e o governo inglês exigir quarentena de quem chega, o cronograma começa a ir para o telhado. Primeiro carro feito por eles, cronograma atrasado… Já vimos esse filme antes. Na hora que se monta tudo e vai para a pista, começam a pipocar os problemas. Some-se aos ingredientes não um, mas dois pilotos novatos, sendo um meio desajustado de cabeça e temos a receita completa para o caos. Meio do gridA Alfa Romeo deve ter uma estabilidade ou pequena evolução. Não creio que regridam. No fundo, estamos falando da Sauber e de sua estrutura. Sempre mostraram competência em montar carros razoáveis e até bons, salvo exceções de crise financeira. Se a Ferrari melhorar seu motor, e tem obrigação moral disso, deve ser uma equipe de meio de grid sólida. Se tiver um Kimi motivado, como parece o caso, poderemos ter algumas brigas muito boas ali pelo meio do grid.A Alpha Tauri, segundo seu chefe de equipe Franz Tost declarou, vai usar partes do carro da Red Bull esse ano. O argumento é que como são partes já usadas em 2020, não se trata de evolução e não fere o congelamento imposto para 2021. Ou seja, devem dar um salto de qualidade. Quanto, não dá para saber, mas com um Gasly guiando fino, boa coisa deve acontecer. Já Tsunoda, apesar de parecer muito talentoso (quem assistiu algumas corridas de F2 em 2020 pôde atestar), estará em um primeiro ano. Acho que não seria muito justo colocar muitas expectativas no japonês.Passando rapidamente por Alpine, ex-Renault, uma equipe que está sim evoluindo ao longo dos últimos anos e tem os recursos financeiros para tal, fica um pouco mais forte em um primeiro momento com o retorno de Alonso. Esse primeiro momento deve durar enquanto a paciência do espanhol também durar. Sabemos que esse não é seu ponto mais forte, apesar do indiscutível talento. Se não tumultuar o ambiente, pode colher bons frutos em 2022 e quem sabe, beliscar um pódio aqui e outro ali em 2021. Braço para isso, sabemos que tem.A McLaren é a que tenho uma das mais altas expectativas. Talvez me frustre, talvez não. Chegou no bom resultado do ano passado porque teve um carro bem nascido. Faltou dinheiro para seguir evoluindo-o. Porém, é visível que a restruturação do time está dando resultado. Para esse ano, espero além do refino na aerodinâmica que o regulamento permite, que os motores Mercedes deem aquele salto que faltava no carro. Pode ser que incomode ali na frente. A combinação de chassis bom e motor bom com a chegada de um dos melhores nomes do grid atual que é Daniel Ricciardo, além de um talentoso Norris que começa a ter mais experiência, prometem. Não me surpreenderia se em certas condições vencesse uma corrida.E a Aston Martin? Vai conseguir evoluir o carro do ano passado minimamente? O carro era bom. Não tinha como não ser, afinal. Mas será o bastante? Dinheiro apareceu. E muito. A chegada de Vettel vai ser sinônimo de incremento imediato de pontos? Difícil dizer. Acho Vettel um dos mais talentosos pilotos da geração atual. Falo de talento bruto. Porém, também me parece o que tem o pior psicológico desse grupo. Se ele está bem, é extremamente forte e combativo. Se não está, bom, já vimos o que aconteceu nos últimos dois anos de calvário. Torço para que ele dê a volta por cima. No outro carro, temos o filho do dono. Não é um super piloto, mas está bem longe de ser ruim, como alguns colocam. Tecnicamente bom, consistente. Resultados decentes. Foi vitorioso nas categorias de base e está em evolução. Se tiver humildade e colar no Vettel, pode aprender muito no trabalho do piloto fora da pista.E a Ferrari? Será que vão arrumar a bagunça ou o molho da macarronada seguirá azedo? Meu palpite é que vão melhorar todo o conjunto. Chassis e motor. Já sabemos o quão bom o Leclerc é. Ele ganhou tudo por onde passou. Na GP2 então (atual F2) chegou a ser ridículo, tamanha a superioridade com relação aos demais pilotos. A minha dúvida é mais sobre o Sainz. Coloco Sainz, junto de Perez, como os mais menosprezados do grid atual. Sainz é muito bom. É rápido, consistente, não erra. Vamos ver se será capaz de dividir rodas com Leclerc. Se o fizer, talvez a Ferrari tenha errado ao acreditar que achou um excelente segundo piloto. Não acredito que o espanhol deixe de lutar com Leclerc. Pelo contrário. Pelotão da FrenteE a Red Bull? Ah, a Red Bull. Essa está dando asas a imaginação. Estou pensando aqui: Perez é tão bom mesmo, tecnicamente falando, ao ponto de se adaptar e tirar velocidade e consistência de um carro desenhado ao estilo bem particular de Verstappen? Torço muito para que sim. Parece uma das mais fortes duplas do campeonato.Aqui a dúvida que tenho é uma: a Honda. Com a saída, resolveu fazer uma coisa bem incomum: trazer para 2021 o projeto do motor que estava sendo feito para 2022. É um ponto de risco grande. Esperam mais velocidade desse motor, mas será que a confiabilidade será condizente com o que deseja a Red Bull, que é ir lá e desafiar a Mercedes? Vamos aguardar. Quem não arrisca, não petisca. Se der certo, poderemos ter excelentes corridas na frente. E agora, com dois pilotos para incomodar ao invés de um Verstappen contra os dois Mercedes.Sobre a Mercedes, esperamos que siga como equipe a ser batida, mais uma vez. O que mais me chamou a atenção aqui, não foi a equipe em si. Foi a renovação de contrato de somente 1 ano de Hamilton, estatisticamente, o maior piloto da história da Fórmula 1. Será que iremos assistir ao último ano de Hamilton na F1? Será que esses boatos que correm há alguns poucos anos de que a Mercedes seria vendida tem algum fundo de verdade? Saberemos com o tempo.Algumas verdades de 2021 serão evidenciadas nos testes de pré-temporada. Outras no decorrer das 3 primeiras provas. Até lá, ficamos nisso: expectativas, imaginário e suposições. Muitas acertaremos, outras tantas, erraremos. E é aí que está o legal: assistir e ver a história do automobilismo ser escrita diante de nossos olhos. 

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