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NBA

O New York Knicks do início dos anos 50 e o merecido título que não veio

(por Vinícius Freitas) Conheça a história de grandes esquadrões do New York Knicks que não conquistaram o título da NBA.New York Knicks de 50/51 a 52/53O New York Knicks foi uma das franquias mais competitivas nos primórdios da liga, com um estilo de jogo coletivo, que explorava a força física de seus jogadores, principalmente de seus pivôs, sendo uma das poucas equipes que não centralizava seus ataques em seus principais jogadores, alcançando as finais da NBA por três temporadas consecutivas.O líderA equipe tinha como técnico Joe Lapchik, que desde sua chegada à equipe, na temporada 47/48, obteve campanhas acima dos 0.500% nas temporadas regulares, além de levar a equipe para os playoffs e a transformar em um dos adversários mais perigosos no começo dos anos 50. Tinha como principal característica tática explorar o jogo de garrafão, onde montou um bom plantel para atuar na zona pintada. Apesar de sua boa passagem como técnico dos Knicks, Lapchik foi mais conhecido por ser um dos melhores pivôs na década de 20 e 30, posteriormente integrando o Hall da Fama da NBA, em 1966, como jogador.O ElencoO elenco contava com ótimos jogadores, preenchendo todos os setores da quadra com qualidade. No perímetro tinha Max Zaslofsky, um dos melhores pontuadores da posição, e Dick McGuire, que era um jogador mais voltado para a criação de jogadas, e também com boas qualidades defensivas. O ala Vince Boryla também era outro nome importante, sendo o arremessador mais ativo e a principal referência ofensiva da equipe. No garrafão a equipe contava com os pivôs Harry Gallatin e Nat Clifton (que foi um dos primeiros jogadores negros a atuar na liga), donos de porte físico mais atlético, formando o quinteto titular dos Knicks. Como suplentes contava com o armador Ray Lumpp, os alas Ernie Vandeweghe (pai de Kiki Vandeweghe, um dos maiores jogadores europeus da história da liga) e George Kaftan (que ficou na equipe até a temporada 51/52), além do pivô Connie Simmons, que apesar de não ter os mesmos números de rebote dos pivôs titulares, contribuía muito bem no ataque. Na temporada 52/53 contou com a volta do ala-armador Carl Braun, um dos maiores nomes da história da franquia, pontuador nato e uma das referências do time. Braun integrava a equipe desde 47/48, mas não atuou nas temporadas 50/51 e 51/52 por conta do serviço militar obrigatório. Apesar do forte jogo de garrafão dos Knicks, a equipe tinha bastante qualidade no perímetro e enfrentava as melhores equipes da liga de igual pra igual.Temporada 50/51Os Knicks terminaram a temporada regular com 36V-30D, no terceiro lugar da Conferência Leste, com bom retrospecto contra as principais equipes da liga. Nos playoffs começou vencendo o Boston Celtics de Bob Cousy e Ed Macauley nas semifinais por 2-0, dominando os dois jogos desde o começo, administrando a vantagem no placar devido ao bom trabalho defensivo da equipe. Max Zaslofsky foi o líder em pontuação na série, com 23 pontos por jogo.Nas finais encararam o Syracuse Nationals, de Dolph Schayes. O embate foi equilibrado, com forte disputa no garrafão, como era esperado, porém os Knicks tinham um perímetro mais talentoso, e conseguiam um pouco mais de versatilidade nas finalizações das jogadas. A série era definida em uma melhor de 5, com as equipes alternando os jogos em suas cidades. Como os Knicks tiveram uma campanha melhor, começaram a série jogando em casa, da qual teria a vantagem do último jogo diante de sua torcida. Os finalistas fizeram valer o mando de quadra, e nos quatro primeiros jogos, empatavam a série em 2-2. Com destaque para Schayes, Ratkovicz e Al Cervi nos Nationals e Boryla, Simmons e Zaslofsky nos Knicks. O último jogo foi parelho, e os Knicks apesar da desvantagem no placar no final do terceiro quarto, onde perdiam por 64-57, conseguiram tomar a frente do placar no final, vencendo por 83-81, chegando pela primeira vez na final da NBA.O campeão do Oeste, o Rochester Royals, treinado pelo técnico Les Harrison, também chegava em sua primeira final, e assim como os Knicks, tinha um jogo de garrafão que explorava o vigor físico de seus pivôs, formado pelo pontuador Arnie Risen e o reboteiro Jack Coleman, além da talentosa dupla de perímetro, que contava com Bob Davies e Bobby Wanzer. A equipe havia desbancado o grande favorito ao título, Minneapolis Lakers, que defendia o bicampeonato e contava com o grande astro da liga, George Mikan, mostrando que não havia chegado às finais por acaso.A final seria disputada nos padrões atuais, com o time de melhor campanha (Rochester Royals), jogando os dois primeiros jogos em casa, depois dois fora, e alternando os últimos até o jogo 7, decidindo a série em casa. Os Royals começaram a série muito bem, abrindo 3-0 de frente e praticamente garantindo o título. Os Royals dominaram o garrafão com Risen (15, 14 e 18 rebotes) e Coleman (13, 28 e 13 rebotes) nos primeiros confrontos, além de conseguir conter as jogadas de perímetro dos Knicks. Mas quando tudo já parecia decidido, os Knicks começaram uma grande reação, com Lapchik revezando mais os jogadores no garrafão, visando amenizar o domínio do adversário. O time conseguiu diminuir a quantidade de rebotes dos Royals nos jogos seguintes, e empatou a série, em 3-3, com Zaslofsky liderando novamente a equipe no ataque. A tensão era grande, pois as duas equipes viviam o clima de um possível título pela primeira vez, e o jogo decisivo foi bem equilibrado. Apesar de já não dominarem o garrafão como antes, os Royals estavam um pouco melhores, e conseguiram segurar uma pequena vantagem feita no começo do último quarto, vencendo o jogo por 79-75, conquistando seu primeiro e único título na história da franquia (que atualmente está alocada na capital da California, com o nome de Sacramento Kings), com destaques maiores para Arnie Risen (21.7pts, 14.3reb e 2.7), Bob Davies (17.0pts 3.3reb e 5.3ass) e Jack Coleman (8.9pts e 13.1reb). Zaslofsky (19.0 pts) foi o nome dos Knicks na reação, mas a equipe que era conhecida pelo forte jogo coletivo, teve uma queda de rendimento significativa por conta do esquema tático executado pelo oponente, tendo a conquista de seu primeiro título adiado.Temporada 51/52A equipe manteve a base do plantel, com uma campanha bem parecida na temporada regular, com 37V-29D, terminando mais uma vez na terceira colocação da Conferência Leste. Encontraria os mesmos adversários da temporada anterior, começando pelos Celtics nas semifinais, que apesar das atuações de Cousy (31.0) e Macauley (23.3pts), não conseguiram superar a ótima atuação coletiva dos Knicks, liderados por Zaslofsky (19.0 pts) e Simmons (18.7pts), principais responsáveis pela vitória do time na série, por 2-1. Nas finais, o Syracuse Nationals buscava vingança, agora com um garrafão ainda mais forte, formado pelo astro do time, Dolph Schayes e o recém- contratado Red Rocha, experiente pivô que atuava pelo Baltimore Bullets. Os Nationals exploravam melhor o garrafão, com bons números de Schayes (20.3pts) e Rocha (18.3pts), já os Knicks tinham mais força no jogo de perímetro, com Zaslofsky (19.8pts) liderando a equipe em pontuação, além do aumento de desempenho ofensivo de Dick McGuire (11.5pts) e Ernie Vandeweghe (12.8pts). Connie Simmons (15.8pts) também foi outro nome importante, ajudando a franquia a vencer as finais de Conferência por 3-1, alcançando pela segunda vez a final da NBA.Dessa vez os Knicks enfrentariam os Lakers, que faziam a sua terceira final nas últimas quatro temporadas, sendo o franco favorito ao título desde sua primeira conquista, na temporada 48/49. Eram treinados pelo lendário técnico John Kundla e, além do já mencionado pivô George Mikan, a equipe contava com o ótimo ala Jim Pollard, o armador Slater Martin e o ala-pivô Vern Mikkelsen, que balanceava o garrafão da equipe com Mikan, pois era um jogador mais defensivo. As finais seriam disputadas da mesma maneira que a temporada anterior, com a melhor campanha (Lakers) começando a série com dois jogos em casa, depois dois jogos fora, e alternando as partidas até o jogo 7, se necessário. As equipes alternavam as vitórias, com os Lakers vencendo o primeiro jogo, e os Knicks empatando a série, que estava 3-3 no jogo 6. Os Lakers tinham amplo domínio no garrafão, limitando as conclusões de jogadas dos Knicks, que com isso, começaram a investir mais nos arremessos de média distância e em um jogo mais coletivo, sendo um duelo tático com propostas totalmente diferentes. Os Lakers tiveram em quase todos os jogos algum de seus principais nomes com pontuações altas, Jim Pollard (34pts) no jogo 1, Mikan (26pts e 17reb) no jogo 3, Slater Martin (32pts) no jogo 4, Mikan (32pts e 17reb) e Mikkelsen (32pts e 12reb) no jogo 5 e Mikan (28pts e 15reb) no jogo 6. Os Knicks contavam com uma pontuação mais distribuída, e apenas dois jogadores terminando uma partida com mais de 20 pontos, entre eles Connie Simmons (30pts e 11reb) no jogo 4, e Max Zaslofsky (23pts e 6reb) no jogo 6. Por ironia do destino, no jogo decisivo das finais, os Lakers foram muito melhores coletivamente, terminando a partida com cinco jogadores com pelo menos 10 pontos, defendendo muito bem o perímetro e mais uma vez dominando o garrafão (48reb contra 32reb dos Knicks), limitando seu oponente a apenas 8 pontos no terceiro quarto e com total controle da partida, da qual venceram por 82-65 e conquistaram mais uma vez o título. Os Knicks estavam nervosos no começo do jogo, não conseguindo criar jogadas e errando bastante no ataque, além disso, a equipe não conseguia conter o domínio de Mikan no garrafão (que terminou a partida com 19 rebotes), e depois do terceiro período com um desempenho ofensivo muito abaixo do padrão, foi para o último quarto com um placar bem desconfortável, perdendo por 49-37, ainda mais contra uma equipe do calibre dos Lakers. O time foi pro tudo ou nada, e apesar dos 28 pontos no período, os Lakers também fizeram proveito do jogo aberto, e anotaram 33 pontos, não dando chances para os Knicks reverterem a situação. Zaslofsky (21pts) e Simmons (13pts) foram os cestinhas do time na partida, que terminou o duelo com míseros 0.281% de aproveitamento nos arremessos executados. Os Lakers foram muito melhores ofensivamente na série, com boas médias de Mikan (21.7pts e 17.4reb), Jim Pollard (16.4pts e 6.4reb), Mikkelsen (13.1pts e 8.3reb) e Pep Saul (13.0pts). Os Knicks tiveram Simmons (14.7pts e 6.6reb), Zaslofsky (13.0), Nat Clifton (10.4pts e 9.1reb) e Ernie Vandeweghe (10.1pts) como melhores pontuadores no duelo, mostrando a diferença de poder ofensivo entre os finalistas e também a importância do domínio da zona pintada na série.Temporada 52/53A equipe mantinha os seus principais jogadores no elenco, e contava com o reforço do ala-armador Carl Braun, um dos principais nomes da franquia, que voltava do serviço militar obrigatório. O jogador teve forte impacto no jogo dos Knicks, liderando a equipe em pontuação (14pts de media), e ajudando na melhor campanha da história da franquia até então, com 47V-23D, conquistando o primeiro lugar na Conferência Leste. Nas semifinais teve pela frente o Baltimore Bullets, onde venceu com tranquilidade por 2-0, dominando o garrafão e conseguindo conter boa parte dos ataques adversários. Connie Simmons (17.5pts), Nat Clifton (15.0pts) e Ernie Vandeweghe (15.0) comandaram a equipe nas ações ofensivas. Nas finais de Conferência, o velho conhecido Boston Celtics contava com os talentos ofensivos de Cousy e Macauley, que mais uma vez lideravam a franquia verde e branca em pontuações, além da boa contribuição de Bill Sharman. Os Knicks seguiram seu esquema tático de coletividade, visando não padronizar seus ataques, dificultando ainda mais a marcação do adversário, o que rendeu um bom aproveitamento ofensivo no embate e ajudou a equipe a vencer as finais por 3-1, com grande parte do elenco terminando a série com média de pontos em dígitos duplos: Carl Braun (13.5), Harry Gallatin (13.0), Nat Clifton (12.8), Vince Boryla (12.0), Dick McGuire (11.3) e Ernie Vandeweghe (11.0). A equipe parecia estar mais sólida taticamente depois da chegada de Braun, conseguindo melhores desempenhos do que nos anos anteriores e criando reais expectativas de alcançar o topo da liga pela primeira vez. Novamente Lakers e Knicks disputariam o título, dessa vez com o melhor time na temporada regular (Lakers) disputando dois jogos em casa, três fora e encerrando a série com mais dois jogos em casa. Os Knicks abriram a série vencendo fora de casa por 96-88, com Gallatin (22pts) e Braun (21pts) liderando a equipe. Os Lakers centralizaram seu ataque no trio Mikan, Pollard e Mikkelsen no primeiro jogo, o que já era esperado pelo técnico Lapchik, que reforçou a marcação nos jogadores e conseguiu conquistar uma vitória importante na série. Porém, no jogo seguinte, Kundla mudou a tática, orientando o time a diversificar a finalização das jogadas, dificultando a marcação dos Knicks e conseguindo equiparar novamente o duelo nos jogos seguintes. Assim como na final disputada anteriormente, os Lakers levavam vantagem no garrafão com Mikkelsen e Mikan, conseguindo um bom número de rebotes no ataque, sendo um dos trunfos da equipe no confronto, que com a nova filosofia de jogo adotada, conquistou quatro vitórias seguidas, e conquistou o seu quarto título em quatro finais disputadas, frustrando mais uma vez o sonho da conquista do primeiro título dos Knicks. Mikan (20.8pts) liderou mais uma vez o ataque dos Lakers nas finais, com boas contribuições de Pollard (14.4pts) e Mikkelsen (12.2pts), entrando para a história como um dos maiores esquadrões da liga. Os Knicks apesar do começo empolgante acabaram surpreendidos pelo novo sistema de jogo do adversário, da qual não conseguiram criar um antídoto, amargando o terceiro vice-campeonato em três finais disputadas. Carl Braun (14.8pts), Connie Simmons (14.8pts) e Ernie Vandeweghe (14.0pts) foram os principais pontuadores no confronto. O time só voltaria às finais da liga na temporada 69/70, com Red Holzman comandando uma geração muito talentosa, que tinha nomes como Willis Reed, Walt Frazier, Dave DeBusschere e Dick Barnett, dessa vez conquistando o título contra o próprio Lakers.Os Knicks são uma franquia importantíssima para a popularidade e desenvolvimento da liga, principalmente pelo que fizeram nessa época, sendo uma das equipes com mais público, além de ter seus principais jogadores selecionados para o All-Star: Vince Boryla, Dick McGuire e Harry Gallatin em 50/51; Dick McGuire, Harry Gallatin e Max Zaslofsky em 51/52; e por último Carl Braun e Harry Galatin em 52/53, com boa parte desse elenco sendo incluído no Hall da Fama da NBA, entre eles Carl Braun, Harry Gallatin, Dick McGuire e Nat Clifton, mostrando que nem toda grande franquia tem sua história feita apenas com títulos.

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