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NBA

O inesquecível Seattle Supersonics de 95/96

(por Vinícius Freitas) O Seattle Supersonics foi fundado no ano de 1967, se tornando um membro da NBA na temporada de 67/68, onde era apenas coadjuvante em seus primeiros anos na liga, ainda mais em uma época dominada por franquias já consagradas como o Boston Celtics e o Los Angeles Lakers, além da ascensão de New York Knicks e Milwaukee Bucks no começo dos anos 70.A equipe alcançou as finais da NBA por duas vezes, na temporada 77/78 e 78/79, tendo como adversário nas duas ocasiões, o Washington Bullets, de Elvin Hayes e Wes Unseld, sendo vice-campeão na primeira disputa, porém, conseguindo sua vingança no ano seguinte, consagrando a carreira de nomes importantes da história da franquia, como Dennis Johnson, Gus Williams e Fred Brown.Após o título, os Sonics conseguiram manter uma boa frequência de participações nos playoffs, chegando nas finais de Conferência do Oeste na temporada de 92/93, sendo derrotados por 4-3 pelo Phoenix Suns de Charles Barkley, Dan Majerle e Kevin Johnson.Mantinham uma sequência de três temporadas consecutivas com pelo menos 55 vitórias e, apesar do alto nível competitivo da época, a equipe estava sempre entre as melhores da liga, terminando com frequência nas primeiras posições de sua conferência e se classificando para a pós-temporada desde 90/91. Mas agora vamos relembrar o timaço de 95/96. O LíderOs Sonics eram comandados por George Karl, que havia tomado as rédeas da equipe durante a temporada 91/92, depois da saída de Bob Kloppenburg, e era conhecido por sua personalidade forte e por não ter medo de expor suas opiniões. Foi um dos melhores técnicos da liga (um dos poucos a alcançar mais de 1000 vitórias na história da NBA) e um dos principais responsáveis pelo novo padrão de jogo da equipe, que depois de sua chegada se tornou muito equilibrado, mantendo a equipe sempre entre os cinco melhores ataques da temporada regular, além de uma grande melhora no posicionamento defensivo.  O ElencoA equipe titular era formada por Gary Payton (armador), Hersey Hawkins (ala-armador), Detlef Schrempf (ala), Shawn Kemp (ala-pivô) e Ervin Johnson (pivô), e tinha um bom elenco de apoio, onde contava com Nate McMillan (armador), Vincent Askew (ala-armador) e Sam Perkins (ala-pivô/pivô). Payton (19.3pts) e Kemp (19.6pts) eram uma das melhores duplas da liga, com um jogo bastante entrosado e empolgante, além de serem bons tanto no ataque quanto na defesa, liderando a equipe em pontuação. Payton teve médias de 2.9 roubos de bola e Kemp 1.6 tocos por jogo, sendo os jogadores mais equilibrados da franquia. A equipe não se resumia apenas na excelente dupla citada, Hawkins (que brilhou no início dos anos 90 quando atuava pelo 76ers ao lado de Charles Barkley), também era um ponto de equilíbrio importante do time, tendo médias de 15.6 pontos e 1.8 roubos de bola, além dos experientes Schrempf (17.1pts  de média e melhor arremessador do time), Sam Perkins (11.8pts) e Vincent Askew (8.4pts), que contribuíam bem no frontcourt. McMillan era um dos melhores defensores na época, sendo selecionado para a segunda equipe All-Defensive (melhores defensores) na temporada 93/94 e 94/95, além de Ervin Johnson, que apesar de não ter uma boa média de rebotes e pontos, fazia um bom trabalho defensivo no garrafão, terminando a temporada com 1.6 tocos por jogo em 18 minutos jogados. Temporada RegularA equipe alcançou a primeira colocação da Conferência Oeste, com 64 vitórias e 18 derrotas, tendo um retrospecto negativo apenas contra o Indiana Pacers, onde foi derrotado nos dois confrontos. Os Supersonics exploravam muito bem o mando de quadra, onde atingiram a marca de 38 vitórias e 3 derrotas, também atingindo na temporada uma sequência de 14 vitórias seguidas. Conseguiram um aproveitamento muito bom contra as equipe classificadas para os playoffs, terminando com 22 vitórias e 6 derrotas nos confrontos do Oeste e 10 vitórias e 6 derrotas contra os times do Leste. Confrontos nos PlayoffsDepois da melhor campanha da história da franquia, jogando um basquete empolgante, equilibrado e convincente, os Sonics vinham confiantes para a pós-temporada, pois tinham um elenco bem treinado e boas peças de rotação, mantendo uma regularidade muito boa de desempenho na maioria dos jogos. Primeiro Round contra o Sacramento KingsO Sacramento Kings foi o oitavo colocado, com 39 vitórias e 43 derrotas, e era uma equipe muito dependente de seu principal jogador, o experiente ala-armador Mitch Richmond, além de não ser um time muito dedicado na defesa. Sabendo dessa dependência de Richmond, George Karl reforçou a marcação no perímetro para atrapalhar o máximo possível o rendimento do astro dos Kings, e com isso, os Supersonics tiveram uma série tranquila, vencendo por 3-1, com grande atuação coletiva. O único jogo que os Kings venceram, o jogo 2, foi a partida em que Richmond conseguiu brilhar, terminando com 37 pontos. Gary Payton liderou a equipe na série com 20.8pts, 5reb, 7ast e 2.3stl, contando com pontuação em dois dígitos de Kemp (17.0), Schrempf (15.3), Hawkins (14.5) e Perkins (12.0). Semifinais contra o Houston RocketsOs Rockets eram os atuais bicampeões da liga, mas não fizeram a temporada que se esperava, e mesmo contando com Hakeem Olajuwon e Clyde Drexler, dois dos maiores nomes da história da liga, a franquia texana terminou em quinto lugar, com 48 vitórias e 34 derrotas. A equipe texana foi um adversário mais parelho, mas tinham dificuldades com a força defensiva dos Sonics, perdendo o primeiro jogo por 108-75, anotando apenas 31 pontos depois da volta dos vestiários. Nos jogos seguintes o confronto foi mais equilibrado, mas sem conseguir vencer nenhum jogo. Os atuais detentores do título terminaram a série com apenas 0.412% de acerto nos arremessos, um aproveitamento ofensivo bem abaixo da temporada regular e das expectativas depositadas na equipe, tanto da mídia quanto de seus torcedores. Payton (24.5pts, 7.8ast e 2.0stl), Kemp (21.8pts, 13.8reb e 2.3blk) e Schrempf (20.0pts e 7.0reb) comandaram Seattle no embate e ajudaram a levar a equipe para mais uma final de Conferência, a segunda em um período de quatro anos (perdeu as finais de 92/93 para o Phoenix Suns). Finais da Conferência Oeste contra o Utah JazzO Utah Jazz era uma das melhores equipes da época e, assim como os Supersonics, também contavam com uma das melhores duplas da liga, formada por John Stockton e Karl Malone, além de ser uma das melhores defesas da NBA. Terminaram no terceiro lugar, com 55 vitórias e 27 derrotas, e eliminaram o Portland Trail Blazers (3-2) e o San Antonio Spurs (4-2), durante sua jornada antes das finais de conferência. O Jazz disputava sua terceira final de conferência nos últimos cinco anos (em 91/92 perdeu para os Blazers por 4-2 e em 93/94 perdeu para os Rockets por 4-1) e tinha um dos melhores técnicos da liga, Jerry Sloan, que posteriormente atingiria a marca de mais de 1.000 vitórias na liga comandando o próprio Jazz. O melhor time classificado (Seattle Supersonics) disputava os jogos na seguinte sequência: Casa/Casa/Fora/Fora/Casa/Fora/Casa, tendo a vantagem de jogar o último jogo diante de sua torcida. Assim como os Rockets, o Jazz sofreu com a defesa dos Sonics no primeiro jogo, e perdeu por 72-102, anotando apenas 12 pontos no último período. O segundo confronto foi mais equilibrado, porém, mais uma vez o Jazz teve dificuldades no final da partida e, com apenas 14 pontos no último quarto, viu Seattle abrir 2-0 na série. No jogo seguinte, deu o troco vencendo por 96-76, dessa vez com os Sonics fazendo apenas 11 pontos no período final.O jogo quatro foi equilibrado, com as equipes alternando a liderança do placar, mas, no final do terceiro quarto, os Supersonics venciam por 73-65, e conseguiram administrar a pequena vantagem até o final, vencendo por 88-86 fora de casa e fazendo 3-1 na série, deixando os anfitriões em situação muito complicada. O jogo cinco foi o mais emocionante do confronto, com as equipes abrindo boas vantagens em suas lideranças no placar, porém, aos poucos o jogo foi ficando parelho, e o duelo acabou empatado em 90-90. Na prorrogação, a equipe de Utah foi melhor e venceu por 8-5, dando esperanças para seus torcedores no jogo seis. Os Supersonics sentiram a derrota em casa e, no jogo seguinte, tomaram uma surra, perdendo por 118-83, com o Utah empatando o confronto em 3-3. Apesar do nervosismo envolvido, os Supersonics foram melhores ofensivamente, e aos poucos foram construindo uma sutil, mas importantíssima vantagem. Depois de um desperdício de lance livre de Karl Malone, Hersey Hawkins pegou o rebote e sofreu falta restando cerca de 6 segundos para o encerramento e com o placar marcando 89-86 para a equipe de Seattle. Hawkins converteu o primeiro lance livre e garantiu a equipe nas finais, pois com 4 pontos de vantagem o adversário teria que concluir dois ataques para empatar ou virar a partida, placar final: 90-86 para os Sonics. Karl Malone (27pts, 11.6reb e 5.1ast) e Jeff Hornacek (20.3pts) foram os principais nomes do Utah Jazz. John Stockton, um dos melhores armadores da história da liga, teve desempenho bem abaixo, com apenas 9.9pts e 7.6ast de média, anotando apenas 33 pontos somados nas cinco primeiras partidas, que daria 6.6pts de média no confronto. Gary Payton (20.7pts, 5.1reb e 6.0ast) e Shawn Kemp (20.0 e 9.7reb) foram os principais nomes dos Sonics, que venceram com méritos uma das melhores equipes da liga, e levaram a franquia à sua terceira final na história. Finais contra o Chicago BullsO adversário da vez é considerado por muitos o melhor time da história da liga, onde conquistou o primeiro lugar da Conferência Leste com 72 vitórias e 10 derrotas (melhor campanha da história da liga, até ter seu feito superado pelo Golden State Warriors de 15/16, com 73V-9D). O Chicago Bulls tinha em seu elenco Michael Jordan e Scottie Pippen, além de um excelente plantel de apoio, que contava com Toni Kukoc, Steve Kerr, Ron Harper e Dennis Rodman, além de ser  comandado por ninguém menos que Phil Jackson, outro dos maiores nomes da história da liga. Chicago foi o melhor ataque da temporada regular e a terceira melhor defesa, e antes de chegar nas finais, eliminou o Miami Heat (3-0), o New York Knicks (4-1) e o Orlando Magic (4-0), sendo o franco favorito para a conquista do título. Os Sonics tinham uma missão praticamente impossível, mas a equipe tinha provado seu valor tanto na temporada regular quanto nos playoffs e não havia chegado às finais por sorte ou incompetência de seus adversários. Nas finais da liga, o melhor time classificado (Chicago Bulls) disputava dois jogos em casa, depois três fora, e os dois últimos novamente em casa, fazendo valer a melhor campanha da liga.Os Bulls não deram chance e abriram 3-0 na série (107-90, 92-88, 108-86), anulando muito bem o poder ofensivo dos Sonics, que não passaram dos 90 pontos nos três primeiros jogos, deixando o confronto praticamente liquidado. Kemp foi muito bem no começo do duelo, anotando 32 pontos no primeiro jogo e 29 pontos e 13 rebotes no segundo, mas, o feitiço virou contra o feiticeiro, e a equipe que teve a defesa como destaque, não conseguiu superar o esquema defensivo dos Bulls, muito bem montado por Phil Jackson, tendo uma baixa ofensiva muito alta, que acabou comprometendo a competitividade do campeão do Oeste na série. Os Sonics venceram o jogo quatro por 107-86 e o jogo cinco por 89-78, mas, ao encarar o Bulls fora de casa novamente, foram praticamente anulados no ataque, tendo sua pior atuação ofensiva nos playoffs daquela temporada, perdendo por 75-87, e com isso, amargando o segundo vice-campeonato na história da franquia. Shawn Kemp (23.3pts, 10reb e 2.0blk) foi o principal nome da equipe nas finais, mas isso se deve também à preocupação de Gary Payton (18.0pts, 6.3reb e 7.0ast) em tentar anular Michael Jordan, se dedicando mais à defesa do que de costume, mas ainda assim, anotando bons números ofensivos. Schrempf (16.3pts e 5.0reb) manteve suas médias, porém, também teve uma queda no aproveitamento de arremessos, pois foi mais agressivo do que nas outras séries, visando suprir a ausência ofensiva de Payton. Michael Jordan (27.3 pts, 5.3reb, 4.2ast e 1.7 roubo de bola) foi o MVP das finais pela quarta vez na carreira, contando com grande colaboração defensiva de Scottie Pippen (15.7pts, 8.2reb, 5.3ast e 2.3 roubos de bola) e Dennis Rodman (7.5pts e 14.7reb), além do esquema tático elaborado por Phil Jackson, que mesmo sacrificando um pouco do poder ofensivo da equipe, teve grande eficiência defensiva, vencendo a série sem sustos e confirmando o favoritismo.Apesar da derrota nas finais, a franquia de Seattle fez uma grande temporada, e acabou dando azar de encontrar os Bulls em sua melhor forma, que tanto individual quanto coletivamente, era um time superior ao Supersonics. Gary Payton ainda foi campeão com o Heat em 05/06, mas outros grandes nomes da equipe como Shawn Kemp e Detlef Schrempf, além do técnico George Karl (que não atua desde a temporada 15/16 quando deixou o Sacramento Kings) acabaram encerrando suas carreiras sem ter mais nenhuma oportunidade de conquistar um título.

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