(por AC Carvalho) Nas últimas temporadas os Seahawks têm se acostumado a tirar qualquer possibilidade de Russell Wilson em dar o segundo título de Super Bowl à franquia de Seattle. Temporadas em nível de MVP não têm sido suficientes para repetir o sucesso que a franquia teve nos primeiros anos do camisa #3 na NFL.O time que contava com a tão famosa “Legion of Boom”, formada por Richard Sherman, Earl Thomas, Kam Chancellor e DeShawn Shead, já faz parte do passado e a defesa de Seattle não preocupa mais franquia alguma na NFL: em 2021 os Seahawks cedem aos adversários uma média de 450 jardas por partida, sendo a pior franquia da Liga nesse quesito. Os 25,2 pontos de média sofridos também colocam Seattle na categoria de um dos piores sistemas defensivos de toda a NFL. O que um dia já foi motivo de pesadelos a ataques adversários, atualmente a defesa dos Seahawks tem deixado o time na mão com uma boa frequência.Já no lado ofensivo da bola, DK Metcalf e Tyler Lockett se apresentam como boas armas para Russell Wilson, sobretudo explorando a velocidade de seus principais recebedores. A precisão de Wilson em bolas profundas aliada à capacidade de Metcalf e Lockett baterem seus marcadores já é uma das marcas registradas do atual elenco.Entretanto, ao analisar o restante das peças ofensivas, mais uma vez o elenco mostra sinais de fraquezas e não passa a confiança de um elenco que precisa conquistar vitórias em pós-temporada. A linha ofensiva vem sendo um problema há muitas temporadas. Desde que entrou na Liga em 2012, Russell Wilson é de longe o QB que mais sofreu sacks: foram 407. A proteção do camisa #3 é um problema crônico de uma franquia que vem pecando na capacidade de oferecer uma linha ofensiva sólida à sua estrela.Por conta desse grave problema de montagem do elenco, a última offseason serviu para esquentarem os boatos de um possível pedido de troca por parte de Russell Wilson. O motivo divulgado na época foi justamente a incapacidade do time em proteger seu principal jogador. Wilson, de forma justa, exigiu maior seriedade da franquia em reforçar a linha ofensiva. A resposta veio com as adições dos experientes Gabe Jackson e Brandon Shell.A linha ofensiva mostrou evolução em relação a última temporada, mas longe de ser a evolução que Russell Wilson precisava e desejava. Até o momento, Wilson é um dos QBs que mais sofreu sacks na temporada. Foram 13 ao longo de cinco partidas, sendo que na última o camisa #3 não conseguiu terminar o jogo por conta de lesão.Quanto ao jogo terrestre, Marshawn Lynch não está mais no elenco e já faz parte de (boas) memórias do torcedor. Substituí-lo à altura tem sido um problema e os Seahawks erraram quando pensaram em ter selecionado seu sucessor. Em 2018 a franquia surpreendeu o mundo ao escolher o running back Rashaad Penny na 27ª escolha geral do draft. Selecionar um RB numa escolha de primeira rodada sempre gera discussões ao redor da Liga e recrutar de uma Universidade com pouca expressão não ajudou em nada os Seahawks.O Front Office de Seattle vem pecando na montagem do elenco por vários anos em sequência e a conta parece ter chegado. São diversos recrutamentos de draft minimamente questionáveis, sobretudo nas primeiras escolhas do time ano após ano. Em 2018 o time selecionou o pouco conhecido RB na 1ª rodada, em vez de endereçar a escolha para um jogador de linha ofensiva como Connor Williams, Braden Smith ou Will Hernandez.Desde que foi recrutado, Penny jamais conseguiu justificar o alto investimento realizado pela franquia. Foram diversas lesões que o afastaram dos gramados por boa parte do início de sua carreira. É justo citar as boas atuações de Chris Carson pela franquia, se mostrando como melhor RB de Seattle desde a aposentadoria de Lynch. Porém, assim como tem acontecido com Penny, as lesões têm acompanhado o início de carreira de Carson.Por conta das más atuações do sistema defensivo e manutenção de problemas ofensivos comuns nas últimas temporadas, os Seahawks começaram 2021 com uma campanha 2-3, ou seja, 2 vitórias e 3 derrotas até o momento. Para piorar, na última partida da equipe (derrota de 26×17 para os Rams), Russell Wilson saiu lesionado da partida. Esse episódio fará com que o QB perca de 6 a 8 semanas. Para um time que possui campanha negativa após 5 semanas, perder seu QB titular por tanto tempo é praticamente sacramentar quaisquer aspirações de título para o restante da temporada.Caso Wilson realmente perca metade da temporada se recuperando da lesão e os Seahawks não consigam reverter o mau início de temporada sem a sua presença – bem provável – poderemos chegar à próxima offseason com um Russell Wilson ainda sofrendo com problemas de proteção e contando com um elenco longe do que um jogador de seu calibre merece receber.Na última offseason os rumores de um suposto pedido de troca por parte do QB já foram mais quentes do que o esperado. Ficar de fora da pós-temporada apenas pela 2ª vez desde seu ingresso a NFL não ajudará o caso de Seattle em encerrar com qualquer desejo de seu camisa #3 deixar a franquia em 2022.O período de ausência de Wilson, que passará as próximas semanas reabilitando da cirurgia de reparação de um tendão e uma fratura em seu dedo médio, será crucial para as pretensões do time na temporada. Geno Smith será seu substituto durante esse período, no qual os Seahawks enfrentarão franquias como Packers, Cardinals, Saints e Steelers. Usualmente QBs reservas não costumam vencer seus jogos e Seattle precisará que Geno dê conta do recado em ao menos metade das partidas nas próximas semanas. Para um time que já estava tendo dificuldades em vencer com Russell Wilson em campo, a tarefa de vencer com Geno Smith não parece ser muito animadora.Caso o time não consiga emplacar vitórias durante a ausência de Russell Wilson, a pressão por melhoras no elenco deverá crescer, uma vez que o time não terá mais o camisa #3 para maquiar as fragilidades do elenco. O jogo terrestre deverá ser o ponto focal do ataque e as defesas deverão concentrar seus defensores para parar os RBs de Seattle. A linha ofensiva terá que abrir o espaço necessário para Chris Carson e companhia, assim como terá que proteger um QB que não possui a capacidade de Wilson em lançar a bola em movimento, fugindo dos marcadores.A temporada de 2021, que era para os Seahawks fazerem sua superestrela deixar de lado qualquer ideia em deixar a franquia, tem percorrido o caminho oposto. As vitórias foram escassas nas primeiras 5 semanas e não devem aumentar muito para as próximas. Os problemas da equipe parecem ser crônicos e os indícios de melhora são poucos.Para piorar, a troca realizada com os Jets, que resultou na ida de Jamal Adams a Seattle, apenas ocorreu porque os Seahawks abriram mão de duas escolhas de 1ª rodada: 2021 e 2022. Ou seja, Seattle não possui escolha de 1ª rodada para o próximo ano. Caso a temporada comece a desandar, não haverá compensação por meio de uma escolha alta do próximo draft.Os pensamentos de Russell Wilson em deixar a franquia podem retornar num futuro próximo, sobretudo ao ver a força que companheiros de posição tiveram ao ameaçar deixar a equipe ou até mesmo quando trocaram de casa (Tom Brady e Aaron Rodgers). Corroborando com essa ideia, na transmissão da última partida de Seattle, Jay Glazer, da Fox Sports americana, comentou que “espera 1 milhão por cento que Russell Wilson busque uma troca na offseason novamente”. Greg Olsen, seu parceiro de transmissão naquele momento e ex-companheiro de Russell Wilson em Seattle, também cogitou abertamente a hipótese.O futuro de Russell Wilson com os Seahawks pode ser revisitado na próxima offseason e não há como descartar um pedido de troca do QB da franquia. Seattle tem falhado na tarefa de entregar times dignos do talento de sua principal estrela e a conta tem chegado da pior maneira possível. Será difícil para o Front Office da franquia espantar os rumores de troca caso o time não comece a buscar melhorias no elenco ainda durante a presente temporada. Negócios por jogadores de maior relevância costumam acontecer na offseason, mas os Seahawks precisam ser mais agressivos nas próximas semanas caso queiram contar com Russell Wilson para os próximos anos.
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