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NFL Série Unidades Lendárias – New York Sack Exchange (Jets)

(por Eduardo Schachnik)Foi através do draft que, entre 1976 e 1979, o New York Jets montou uma das melhores linhas defensivas da história, composta por Mark Gastineau, Marty Lyons, Abdul Salaam e Joe Klecko. Graças a esta linha o NY Jets liderou a NFL com 66 sacks em 1981. Antes de mais nada, foi em parte por conta deles que a liga começou a contar os sacks, oficialmente, em 1982.Se você ainda não percebeu a monstruosidade do número, saiba que a ótima defesa de Rex Ryan, que levou o time a duas finais de conferência em 2009 e 2010 (com Mark Sanchez de quarterback) anotou 72 sacks nas duas temporadas somadas!Embora a linha tenha se completado em 1979, os negócios começaram a bombar em 1981, quando a equipe voltou aos playoffs pela primeira vez desde 1969. O time foi eliminado no wild-card pelo Bills, mas nesse ponto já havia se estabelecido como a sensação da NFL.O apelido “NY Sack Exchange”, sugerido por um fã em um concurso promovido pela revista “The Jet Report”, em 1981, é um trocadilho com a New York Stock Exchange, o nome oficial da famosa bolsa de valores de Wall Street. Para sedimentar de vez a alcunha, em novembro desse mesmo ano os quatro componentes dessa unidade foram convidados a tocar o sino de abertura da bolsa.O meio da linha era composto pelos discretos Salaam e Lyons. Larry Faulk passou a se chamar Abdul Salaam um ano após ser draftado no 7º round em 1976. O nome árabe significa soldado da paz e de certa forma caiu bem no jogador, pois Salaam sempre foi o menos badalado da linha, embora contribuísse tanto quanto qualquer outro para o sucesso da unidade. Lyons, por sua vez, foi uma escolha de primeira rodada em 1979, um jogador sólido, mas que sofreu demais com lesões na carreira.Fazendo a perfeita alegoria, Lyons e Salaam separavam os dois extremos da formação, ocupados por jogadores o mais diferente possível entre si, cuja única similaridade era a excelência no desempenho. Apesar da juventude “rebelde”, durante a qual foi duas vezes campeão universitário de boxe e jogou futebol americano por um time semi-profissional, sob o nome falso de “Jim Jones” para manter a elegibilidade na universidade, Joe Klecko se tornou um excelente profissional. Klecko era o líder da linha, muito disciplinador, sempre estimulava os companheiros a melhorar. Muito forte, técnico e humilde, ganhou o respeito de todos os bloqueadores que enfrentou, comparado aos lendários Joe “mean” Green e Merlin Olsen por Joe DeLamielleure, OL integrante do Hall da Fama. Foi selecionado para o Pro Bowl em três posições diferentes: DT, NT e DE e é o único componente dessa defesa a ter a camisa aposentada pela franquia.Por outro lado, Gastineau era o mais extravagante do grupo. O jogador da East Central University of Oklahoma foi escolhido no 2º round do draft de 1979. Sua marca de 4,56 segundos no 40 yard dash (já como atleta do Jets) persiste como um das melhores de todos os tempos para um DL e seria o melhor tempo da posição no combine desse ano de 2020. Um maníaco por sacks, líder da franquia, Gastineau foi eleito o 8º melhor pass rusher de todos os tempos pela NFL Network e ficou famoso por sua dancinha pós-sack em que agitava freneticamente os braços e quadris. A dança, odiada pelos adversários e até mesmo por seus colegas de time, causou grande confusão em uma partida contra os Rams, o que levou a liga a estabelecer a “Gastineau rule” em 1984, passando a punir como conduta antidesportiva as “expressões de exuberância”.A linha formada por esses atletas era tão superior em comparação às demais que Gastineau e Klecko estavam mais interessados numa disputa interna de sacks. Em 1981 Klecko venceu o duelo por meio sack: 20,5 contra 20 de Gastineau. Aproveitando-se do fato de que Klecko foi movido para defensive tackle, Gastineau respondeu ao liderar a liga com 19 sacks em 1983 e estabelecer o recorde de 22 sacks em 1984, o qual só seria ultrapassado em 2002 por Michael Strahan.A rivalidade entre os ends extrapolava os gramados. Klecko, um jogador mais contido que prezava pela imagem de trabalhador esforçado e sempre colocava o coletivo em primeiro lugar, não gostava da efusividade de Gastineau, o que pode ser observado em declarações feitas após sua aposentadoria, que revelam que Klecko apenas “tolerava” o companheiro de time, não o considerando nada mais do que isso.Após a explosão de sacks no ano anterior, em 1982 a Sack Exchange levou os Jets ao melhor desempenho da franquia desde o título de 1968, alcançando a final de conferência, ocasião em que o time foi derrotado pelo Miami Dolphins no jogo que ficou eternizado como “Mud Bowl” devido às terríveis condições do gramado (ou seria pântano?).Em 1984 o quarteto foi desfeito com a troca de Salaam para os Chargers, ainda assim o New York Jets chegou aos playoffs em 1985 e 1986. Em 1987, Klecko foi liberado e assinou com os Colts, no ano seguinte foi a vez de Gastineau deixar a equipe. O jogador, que liderava a AFC com 7 sacks, anunciou abruptamente sua aposentadoria para acompanhar o tratamento de sua namorada, a atriz Brigitte Nielson (famosa por interpretar a mulher de Ivan Drago em Rocky IV), que fora diagnosticada com câncer de útero. Finalmente, em 1991, Lyons foi o último integrante da Sack Exchange a deixar Nova Iorque.Diante de tantos feitos é surpreendente saber que nenhum membro dessa lendária linha faça parte do Hall da Fama da NFL. Por mais que tenham tido indicações, Klecko e Gastineau não foram escolhidos para o seleto grupo. Para alguns especialistas e ex-jogadores, o fato de Klecko ter sofrido com lesões e as constantes mudanças de posição podem ter afetado seus números totais e por conseguinte sua nomeação. Já para Gastineau, dentre os principais motivos apontados estão a unidimensionalidade como pass rusher e as muitas distrações extracampo que variam de romances a prisões.

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