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NFL Série Unidades Lendárias – The Dirty Birds (Falcons)

(por Eduardo Schachnik) Ainda hoje, o Atlanta Falcons é chamado de “Dirty Birds” por sua torcida, o apelido, contudo, fazia referência, inicialmente, ao time de 1998, responsável pela melhor temporada dos 54 anos de história da franquia. Nesse ano, Atlanta chegou ao seu primeiro Super Bowl após uma campanha de 14 vitórias e apenas duas derrotas na temporada regular, o que significava mais vitórias do que nos dois anos anteriores juntos: 7 em 1997 e 3 em 1996.Apesar do mau retrospecto, a equipe já tinha muito talento em 1997, inclusive teve 3 jogadores selecionados para o Pro Bowl: Chris Chandler (QB), Jessie Tuggle (LB) e Ray Buchanan (DB). Ainda, o running back Jamal Anderson alcançou naquele ano, pela segunda vez na carreira, a marca de mil jardas corridas.Ocorre que em 1998, o time jogou como nunca antes visto na cidade, liderado por Jamal Anderson, que explodiu para 1.846 jardas terrestres (recorde da franquia), 14 touchdowns e uma dancinha que virou sensação e originou o apelido. Após o touchdown, Anderson “ciscava” o chão, dando pulinhos de um lado para o outro, enquanto “batia asas”, no que ficou conhecida como a dança do “dirty bird”, no sentido de ser um passarinho bem ousado e valente.A dança eternizada por Anderson foi uma criação conjunta do elenco e foi batizada pelo tight end O.J. Santiago, o primeiro a executar os passos após um touchdown contra os Patriots em 8 Novembro de 1998. O movimento logo virou uma febre entre os torcedores de toda a NFL, que na época não tentava com tanto afinco acabar com a graça das comemorações, de forma que um jornal de Atlanta chegou a publicar o passo a passo para que todos os fãs soubessem fazer a dirty bird. Pode-se afirmar que a dança foi responsável por fazer os Estados Unidos, e os próprios torcedores de Atlanta, perceberem a maravilhosa campanha da equipe. Mais, foram os “Dirty Birds” que deram relevância nacional à franquia. Até aquele ano o time só havia alcançado os Playoffs 5 vezes em 31 temporadas e era motivo de piada ou depreciação por analistas e torcedores rivais. Até mesmo os fãs relegavam o time na época, de modo que era fácil conseguir ingressos grátis para os jogos, que constantemente aconteciam com menos da metade das arquibancadas ocupadas. No primeiro jogo após a “dirty bird”, o Georgia Dome teve seus 70 mil assentos ocupados, numa clara demonstração de que a franquia e a cidade ganharam uma nova alma.A equipe de 1998, sob comando do técnico Dan Reeves, em seu segundo ano, era um grupo muito coeso e esforçado, que jogava com intensidade em todas as descidas e surpreendeu a liga com a campanha de 14 vitórias. Naquela que foi a melhor temporada da história da franquia, o Atlanta Falcons teve o 4º melhor ataque e a 4ª melhor defesa da liga, demonstrando um equilíbrio que faltou, por exemplo, no outro time que chegou ao Super Bowl (2016/17), cujo ataque liderou a liga, mas a defesa terminou em 27º lugar.Já próximo do fim da temporada regular, Reeves teve que fazer uma cirurgia cardíaca, o que o deixou de fora dos dois últimos jogos, mas pôde retornar para os playoffs, onde comandou o Falcons na vitória sobre os 49ers de Steve Young e Jerry Rice, a caminho da final de conferência.Na decisão da NFC, considerada por muitos como a melhor final de conferência de todos os tempos, Atlanta se deparou com o melhor time da NFL, o arrasador Minnesota Vikings, que havia perdido um único jogo na temporada (15-1) e ostentava uma margem de 26 pontos, em média, nas vitórias. Os Vikings abriram 20×07 no começo da partida, mas Atlanta conseguiu levar o jogo à prorrogação, onde selou a vitória com um field goal de 38 jardas do lendário kicker, Morten Andersen. Contudo, no Super Bowl a defesa foi incapaz de segurar o Denver Broncos de John Elway e os Falcons foram derrotados por 34×19, no que foi a quarta derrota em Super Bowls para Reeves.Jamal Anderson, o destaque do time, foi draftado em 1994 e jogou na equipe até 2001, quando se aposentou por conta de uma lesão no joelho. Em 1998 foi a peça central do ataque, carregando a bola 410 vezes, um recorde na liga superado apenas por Larry Johnson em 2006. Apresentando o arsenal perfeito de um corredor, com cortes bruscos, muita velocidade e força, o running back atravessava os adversários até a end zone e permitia ao time controlar o relógio do jogo. Anderson foi um dos foi um dos cinco jogadores daquele time eleitos para o Pro Bowl e recebeu sua única seleção para o first-team All-Pro naquele ano.Assim como a lendária defesa da “Gritz Blitz”, os “Dirty Birds” tiveram apenas um ano de sucesso, o que parece ter se tornado um estigma da franquia, que costumeiramente alterna anos maravilhosos com campanhas decepcionantes. Em 1999, quando o Super Bowl seria disputado no seu estádio, a equipe caiu pra 5-11, muito em razão da lesão que limitou Jamal Anderson a dois jogos na temporada. Atlanta só voltaria a ter uma temporada vitoriosa em 2002 (9-6).Recentemente, a franquia tem tentado reviver, por meio de estratégias de marketing, o apelido “Dirty Birds”, com o objetivo de devolver aquela atmosfera empolgante de 1998. A torcida demonstra total apoio à ideia e espera poder em breve voltar a comemorar com a dancinha por aí afora. 

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