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MLB

Mike Trout: o atleta do maior contrato da história que caminha para ser o melhor jogador da história

(por Leonardo Costa) Ele sequer foi selecionado entre as 10 primeiras escolhas de seu draft, está longe de ser uma estrela das redes sociais, em 8 anos de carreira disputou os playoffs apenas uma vez, mas mesmo assim é o dono do maior contrato esportivo dos esportes americanos. Esse é Mike Trout, atleta do Los Angeles Angels of Anaheim. 25ª escolha do draft de 2009, Trout nasceu em 7 de agosto de 1991, em New Jersey. Como de costume no beisebol, demorou alguns anos após ser escolhido no draft e atuar na equipe principal, tardando dois anos para que isso ocorresse. Mas bastaram poucas partidas na elite do esporte para demonstrar todo seu poder e acender o sinais de que estávamos presenciando o surgimento de uma estrela.Antes de chegar à meca do esporte, Trout deixou boas impressões nas ligas menores, e era considerado o terceiro melhor prospecto da franquia dos Angels, mas em pouco tempo se transformou no segundo melhor dentre todos os jogadores, até que em 2011, enfim, foi alçado ao topo de melhor jogador entre todas as divisões de base.E, foi ainda em 2011, que ele atuou pela primeira vez com a jersey dos Angels. Em primeiro momento foram apenas 12 partidas, em substituição ao lesionado Peter Burjols. Teve números tímidos, mas foi tempo suficiente para anotar sua primeira corrida e seu primeiro HR da carreira na MLB. Voltou para a Double-A, uma espécie de terceira divisão da liga, antes de ter outras chances no time principal durante a temporada. Mas como o jogador de tal calibre foi escolhido em posição tão alta?Eddie Bane, nome forte dos Angels quando o assunto era recrutamento em 2009, conta em diversas entrevistas como descobriu Trout. Explica que por se tratar de um jogador ainda de ensino médio, com 17 anos recém cumpridos, muitos olheiros o deixavam para rodadas posteriores, mesmo sabendo de todo seu potencial, mas preferiam jogadores de universidades, que já estavam mais prontos para a MLB.Os Angels vinham de boas temporadas, com 100 vitórias em 2008, além de cinco participação em playoffs nos últimos sete anos. Porém, para manter essa fase boa, se desfez de inúmeras escolhas altas de draft, tanto que sua escolha mais alta em 2009 foi a 24ª, e tiveram a 25ª também. Detalhe que o outro jogador selecionado antes de Trout, Randal Grichuk, que também veio do colegial e atualmente joga pelo Toronto Blue Jays com uma carreira solidificada, mas longe do apresentado por Trout.Para termos de comparação, o risco de se draftar atletas diretamente do High School é alto, tanto que antes de Grichuk e Trout, três outros jogadores do ensino médio foram escolhidos, mas nenhum deles teve um dia de ação na liga. Ao perceber que tinha a possibilidade de escolher umas das peças que já havia visto atuar, Bane tentou manter o interesse no maior sigilo possível, devido as altas escolhas que a franquia dispunha. Segundo Bane, os Yankees demonstraram interesse em Trout, mas os Angels tinham o possibilidade de escolhê-lo antes, e o fizeram.  Se em 2011 Trout já desfilou um pouco de sua habilidade nas Grandes Ligas, na temporada 2012 eles estourou e deixou o mundo do beisebol boquiaberto. Bem verdade que começou o ano nas ligas menores, mas a lesão de Bobby Abreu mudou o rumos das coisas. Trout melhorava a cada atuação, ao ponto de conseguir três jogos com ao menos quatro hits no mês de junho, e de quebrar o recorde da franquia em julho como o novato com mais jogos consecutivos anotando corridas com 14. Isso sem esquecer de toda segurança demonstrada na defesa e ser um exímio corredor e no roubo de bases. Com todo esse arsenal, conseguiu ser convocado para o All-Star Game logo em seu primeiro ano, e não decepcionou ao conseguir dois hits, um deles contra o então jogador dos Reds, Aroldis Chapman. Trout seguia quebrando a banca. Em julho anotou 34 corridas, deixando para trás o recorde de um calouro pertencente a Hal Trosky, dos Indians, datado de 1934.  Em suas primeiras 81 partidas, marcou 80 corridas, feito antes somente alcançado pela lenda Joe DiMaggio em 1936. Seu aproveitamento no bastão só melhorava, tanto que recebeu por quatro meses consecutivos o prêmio de melhor novato do mês. Seu ano de novato foi mágico, com inúmeros recordes batidos e a consolidação a cada partida de que estávamos diante de um gigante.Ficou em segundo lugar na disputa de MVP da Liga Americana, atrás de Miguel Cabrera, que vinha de uma temporada na qual liderou a liga em média de rebatidas, Home Runs e corridas impulsionadas. O prêmio até hoje gera discussões, por marca o embate entre os defensores da estatística tradicional – favorecendo Cabrera -, contra as novas estatísticas geradas e analisadas, em que claramente Trout levava vantagem. No final, Cabrera foi escolhido vencedor com ampla margem.Em 2013 seguiu com bons números e, pelo segundo ano consecutivo, foi para o Jogo das Estrelas. Trout melhorou seu índice de walks, teve novamente o melhor WAR da temporada, e outra vez ficou atrás de Miguel Cabrera na luta pelo MVP.Na temporada seguinte começaram rumores de uma super renovação salarial entre Trout e Angels, que se concretizaram em um contrato de US$ 144,5 milhões por 6 anos. Foi mais um ano de All-Star Game, desta vez sendo o MVP do jogo festivo, o segundo mais jovem da história. Foi pela primeira vez a um jogo de pós-temporada, mas os Angels foram varridos pelos Royals, que viriam a ser os campeões. Se o título de MVP havia batido na porta nos dois anos anteriores, dessa vez ele veio para Trout, e de forma unânime.Já em 2015, tornou-se o jogador mais jovem da história da MLB a atingir a marca de 100 HR’s e 100 bases roubadas aos 23 anos e 253 dias, deixando Alex Rodríguez para trás. Foi novamente nomeado MVP do All-Star Game, o primeiro da história a ser escolhido em anos consecutivos. Mais uma vez esteve entre os três finalistas para o prêmio de MVP da temporada, ficando atrás de Lorenzo Cain e juntando-se a Barry Bonds como os únicos a estarem entre os três primeiros na votação para MVP em quatro temporadas seguidas.Seus feitos não paravam, e levou para casa seu segundo prêmio de MVP da temporada em 2016, ano em que, mesmo com apenas cinco temporadas no currículo, já tinha 12º WAR (estatística que engloba todos os feitos de um jogador) dentre os jogadores em atividade.Em 2017 foi afastado pela por lesão pela primeira vez na MLB após romper o ligamento do polegar. Teve uma cirurgia bem sucedida, mas que lhe custou a ida ao All-Star Game, e mesmo perdendo 39 partidas foi o líder dos Angels em corridas anotadas, HR’s e walks, além da melhor média no bastão. Pela primeira desde que estreou na liga seu nome não foi incluído entre os três finalistas de Melhor Jogador da Temporada.Já estava totalmente recuperado da lesão e parecia que ainda não havia atingido todo seu potencial. 2018 foi prova disso, ao liderar a Liga Americana em walks, mas também na defesa, sendo o melhor da posição. Perdeu alguns jogos por uma inflamação no punho direito, mas seguia evoluindo.Na última temporada, Trout chocou o mundo esportivo ao assinar o maior contrato da história de um jogador das ligas norte-americanas. Agora os Angels o tem sob contrato por 12 anos, enquanto o jogador receberá US$ 426 milhões. Mais uma vez foi selecionado para o Jogo das Estrelas e, mesmo abandonando a temporada por lesão quase um mês antes de seu término, ganhou seu terceiro prêmio de MVP, e ao lado de seu companheiro de equipe, Albert Pujols, são os únicos jogadores em atividade a ter três prêmios de melhor jogador.São tantos feitos individuais que esse texto se estenderia por inúmeras outras páginas. De qualquer forma, Mike Trout vem mostrando ano após ano que já faz parte dos gigantes da rica história do beisebol, mas suas atuações nos fazem crer que ele pode alcançar o topo do esporte. Evidente que o beisebol oferece mais vantagens a contratos se comparados a outras ligas, sobretudo em termos de teto salarial, tanto que Trout não recebe o maior salário das ligas, e sim, como citamos, possui o maior contrato.Alguns afirmam que para ser maior é preciso ganhar uma World Series, algo que a curto prazo parece distante para um atleta que atua pelos Angels. Muitos criticaram a franquia por oferecer a ele um contrato tão longo e vultuoso, o que de certa forma limitaria a possibilidade de trazer outros nomes e fortalecer o elenco, afinal, Trout só disputou os playoffs uma vez na carreira.Entretanto, além de tais análises, é inegável que estamos presenciando a história ser escrita em nossa era, com o jogador de médias impecáveis, avesso às mídias sociais (a não ser quando se trata dos Eagles), e que tem uma conduta tanto extra-campo, quanto em campo, irreparáveis. Trout já é gigante, e disso ninguém pode destroná-lo. Nos resta torcer para que possamos sair o quanto antes dessa pandemia que aterroriza o mundo e poder seguir desfrutando de toda sua habilidade.

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