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Futebol

Merci, Zizou: 49 anos do vilão da minha infância

(por Leonardo Costa) No último dia 23 de junho, Zinedine Yazid Zidane completou 49 anos. Basicamente, é mais um ídolo do futebol mundial completando mais um ano de vida. Porém, para mim, é quase impossível não ler/escutar algo sobre o francês e não remeter à minha infância.Minha primeira Copa do Mundo com lembranças mais concretas foi a de 1998. Lembro daqueles cards promocionais que você marcava os resultados, do galo azul como mascote, de algumas partidas e, principalmente, da final entre Brasil e França.A vitória nos pênaltis sobre a Holanda na semifinal ainda circulava pelos noticiários, e a espera para a final contra os donos da casa parecia interminável. Sinceramente, sobre a seleção francesa eu sabia que tinha um jogador com rabo de cavalo (Emmanuel Petit), outro que vinha de ser herói contra a Croácia (Lilian Thuram), um goleiro careca (Fabien Barthez) e um jogador de cara fechada que parecia ser o craque do time, ao menos era o que falavam. O ranzinza era justamente Zidane.Eu morava no interior de uma pequena cidade e por isso minha final foi praticamente solitária em casa. Com tinta guache tentei fazer uma bandeira do Brasil no rosto, o que me causaria arrependimento depois. Assistindo à TV ao lado do fogão a lenha, as notícias pré-jogo tratavam do problema que Ronaldo passou na concentração, o que mais tarde se tornaria no “se você soubesse o que se passou naquela final”. Enfim, Ronaldo foi confirmado, mas com a bola rolando, não demorou para que Zidane fizesse a voz de Galvão Bueno estremecer.O cara sequer era zagueiro e tampouco de grande estatura, e mesmo assim a França largava na frente. Porém, ainda no primeiro tempo, já com a tinta guache totalmente seca no meu rosto, Zidane, quase que em um replay invertido, ampliou pouco antes do intervalo. Parecia o fim. E foi o fim. No segundo tempo, ainda teve o terceiro de Petit, já nos acréscimos, e me restou sofrer com a derrota e também para conseguir tirar a tinta.Em 2002, já um pouco mais conhecedor do futebol, comemorei a histórica vitória de Senegal contra a França, além da eliminação precoce dos atuais campeões do mundo, resultado dos resquícios da decepção causada quatro anos antes. Porém, em 2006, Zidane cruzou o caminho brasileiro novamente. Continuava carrancudo, mas agora acrescentou a calvície ao seu estilo. Seu futebol era ainda melhor, e nessa altura eu já tinha dimensão da grandiosidade do jogador, mas mesmo assim, ainda tinha aquela mágoa de 98 guardada comigo. Em vão torci contra, já que seu papel de carrasco foi cumprido com uma atuação de gala, culminando na queda da equipe do quarteto mágico nas quartas de final.Depois disso, teve o lance da cabeçada em Materazzi na final, mas eu já nem comemorei. Entendi, naquele momento, que eu estava diante de um dos maiores jogadores da história e que me restava apreciá-lo em campo. Sua carreira como jogador foi brilhante, e não menos impactante como treinador, sobretudo com no tricampeonato da Champions League no comando do Real Madrid.Hoje, já sem aquele rancor que carreguei por anos, só tenho a agradecer àquele jogador que me fez chorar em 1998. O futebol em si, e para mim, não seria o mesmo sem você.Merci, Zizou!

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