NFL

Em mais uma virada “impossível” sofrida pelos Falcons, Cowboys vencem no último segundo

(por Eduardo Schachnik)O torcedor de Atlanta não tem paz! Parece impossível, mas os Falcons conseguiram passar uma vergonha maior que a do Super Bowl LI. Dallas cometeu 5 turnovers, 4 apenas no primeiro quarto do jogo, teve escolhas de jogadas ridículas durante a partida e ainda assim, acreditem, Atlanta desperdiçou uma liderança de 20×0 e perdeu a partida após uma pane mental coletiva nunca antes vista em um onside-kick com menos de 2 minutos para o fim.O placar final entregou o que se esperava do jogo: muitos pontos em um duelo de ataques potentes e defesas frágeis. No entanto, o andar da carruagem foi surpreendente.O primeiro quarto decorreu de forma “sui generis”, com 4 fumbles de Dallas: um strip sack de Jones em Dak Prescott, dois de Zeke Elliott (um recuperado e um perdido) e um do TE Schultz. Some-se a isso um turnover on downs após uma tentativa desastrosa de fake punt na própria linha de 29 jardas. Resultado: 20×00 para os birds com TDs de Ridley e Hurst e dois field goals convertidos por Koo.Aí mesmo os visitantes poderiam ter definido o jogo, mas a incapacidade de transformar esses turnovers em mais de 2 touchdowns mantiveram Dallas no jogo, uma vez que estavam a “apenas” 3 posses de distância.A primeira metade da partida foi tudo o que o torcedor de Atlanta gostaria de ver: pass rush funcionando e ataque balanceado confiando no jogo corrido, o que levou à efetividade do play action (fundamento que Matt Ryan domina). Além disso, Dallas sofria bastante com a OL debilitada com a ausência dos seus dois tackles titulares, de forma que Dak era constantemente pressionado e o uso do playboook era limitado à jogadas rápidas e curtas.A grande vantagem aberta logo cedo permitiu que os Falcons mantivessem o plano de jogo com grande envolvimento dos corredores e a linha ofensiva atuou bem evitando que Ryan fosse pressionado.No entanto, a maré de lesões que tanto prejudicou Dallas no começo da partida mudou de lado e Atlanta perdeu em sequência McKinley (melhor jogador pressionando o QB), McGeary (right tackle), Ricardo Allen (safety) e o linebacker Foye Oluokun (responsável por 2 dos 4 fumbles do Cowboys no primeiro quarto). As lesões ocasionaram uma queda abrupta da defesa de Atlanta, que não mais conseguiu pressionar Dak pelo resto da partida.Zeke Elliott anotou o primeiro TD de Dallas no começo do 2º quarto após atropelar o safety Kazee em uma jogada de goal line. Foi a primeira campanha longa dos donos da casa, utilizando-se de passes e curtos e seu sempre efetivo jogo terrestre. Atlanta respondeu com um TD de Calvin Ridley, mas falhou na conversão de 2 pontos. Após uma troca de field goals, os times foram para o intervalo com 29×10 no placar.O “momentum” do jogo virou no 3º período. Dak fez uma drive fácil, explorando a cobertura aérea de Atlanta que foi massacrada por Russell Wilson na semana 1, e ele mesmo capitalizou com um TD em uma jogada de zone read na goal line.O Atlanta  Falcons tinha tudo para responder, mas Julio Jones (apagado na partida) deixou cair uma recepção fácil em um passe de 40 jardas do wide receiver Russell Gage em uma trick play. O time ainda ameaçou tentar a quarta descida, porém foi marcada uma falta de 12 homens no huddle, o que se mostrou muito controversa, já que haviam apenas 11. Assim, Atlanta devolveu a bola e o “momentum” para Dallas.No ataque seguinte Dak lançou uma bomba de 58 jardas para uma bela recepção de Amari Cooper e em seguida, pela segunda vez na partida, o quarterback anotou um TD na linha de gol, deixando o placar em 29×24 e mudando completamente a partida.Nessa altura, a franquia da Georgia não parecia disposta a deixar o jogo escapar. Jones recebeu um passe milimétrico (sua 2ª recepção na partida) para converter uma 4ª descida e na sequência Ryan disparou um míssil teleguiado de 8 jardas para Russell Gage na end zone, devolvendo a vantagem para 2 posses: 36×24.    Quando foi a vez do Cowboys dar o golpe, o tiro foi no pé: em uma das piores chamadas da tarde, a equipe tentou pela segunda vez um fake punt em uma 4ª descida para 5 na sua própria linha de 40 jardas, que novamente foi mal sucedido. Atlanta, contudo, transformou o turnover em apenas um field goal: 39×24.O ataque de Dallas voltou a campo e dessa vez produziu de forma rápida e efetiva aproveitando uma defesa “soft” dos visitantes. O TE Schultz, que substituía Blake Jarwin, anotou o TD em um passe de 10 jardas. Na segunda chamada mais contestada da tarde, Mike McCarthy optou por tentar a conversão de 2 pontos ao invés do chute. Zeke não conseguiu entrar na endzone e a diferença que poderia ser de 1 posse ficou em 2 (39×30), o que aparentemente derrubou a moral da equipe e da torcida.Acontece que Atlanta nunca decepciona… o torcedor adversário. Uma campanha fraca e conservadora demais levou a um punt com pouco mais de 3 minutos por jogar e Dallas aproveitou bem a nova chance.Em uma 3ª descida Dak encontrou Gallup em uma conexão de 38 jardas e momentos depois, o QB correu pela terceira vez para o touchdown. Após o extra point o placar apontava 39×37 para Atlanta com menos de 2 minutos para o fim do jogo.Para Dallas, não restava outra opção que não o onside kick. Aconteceu então a jogada mais bizarra do jogo e da temporada até agora. Zuerlein fez a bola ficar girando lentamente pelo gramado, percorrendo seu caminho. Nesse momento, os jogadores de Dallas só poderiam tocá-la após percorridas 10 jardas, já os de Atlanta poderiam fazê-lo a qualquer momento. Então, veio a pane mental coletiva mais ridícula dos últimos tempos: vários jogadores dos Falcons cercaram a bola e escoltaram-na por seu caminho até percorrer as 10 jardas, em vez de simplesmente agarrá-la e acabar ali com a partida, garantindo a vitória. De forma inexplicável, ninguém de preto se lançou sobre a bola e foi o Dallas Cowboys quem a recuperou com Goodwin.Dallas só precisou avançar um pouco mais e chutar um field goal de 45 jardas para concluir uma das viradas mais inacreditáveis da franquia.Final: Atlanta Falcons 39 @ 40 Dallas CowboysEmbora vitorioso, o time de Dallas apresentou vários defeitos que já havia demonstrado na partida de abertura contra os Rams, como uma defesa aérea frágil e OL muito debilitada (o que pode ser temporário). Por outro lado, o time provou sua resiliência e todo seu poderio ofensivo com Zeke no jogo terrestre, além de Cooper e Lamb pelo ar. A defesa em geral teve uma atuação boa, considerando as situações desesperadoras em que o ataque a deixou e a força do adversário.Assim como Wilson na semana 1, Prescott teve uma tarde sensacional contra os Falcons: foram 450 jardas aéreas e 1 touchdown, somados a 3 touchdowns terrestres. Elliott teve 89 jardas terrestres e 1 touchdown, combinados com 33 jardas em recepções. O calouro Cee Dee Lamb segue provando seu valor após liderar o time no jogo aéreo com 106 jardas em 6 recepções, já Cooper alcançou 100 jardas em também 6 recepções. Na defesa o grande destaque foi o linebacker Jaylon Smith, que na ausência de Van Der Esch se desdobrou para parar o Falcons em todos os níveis do jogo, terminando a partida com 8 tackles solo e 5 assistidos.Por Atlanta, Matt Ryan teve 273 jardas e 4 touchdowns. Gurley não foi limitado em snaps mais uma vez e acabou o jogo com 21 corridas para 61 jardas. Ridley segue sua campanha para o estrelato, mostrando-se um verdadeiro ímã de touchdowns. Nesta tarde foram 2 TDs e 109 jardas em 7 recepções. O TE Hayden Hurst finalmente ocupou o lugar de Hooper com 5 recepções para 72 jardas e um touchdown e Russell Gage fez outro bom jogo com 6 recepções para 46 jardas e 1 TD. Julio Jones foi a decepção do dia com míseras 2 recepções para 24 jardas.No final do dia, Atlanta, que pela maior parte do jogo pareceu superar sua ineficiência em momentos decisivos ao converter algumas terceiras e quartas (2/2) descidas importantes, acabou por destruir tudo e voltar a ser o time que não performa na “hora h”. Parece mesmo que será mais um ano de desilusão e sofrimento para os fãs dos “dirty birds”.

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