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John Kundla, o primeiro grande líder da NBA

(por Vinícius Freitas) John Albert Kundla nasceu em Star Junction, na Pennsylvania, no dia 09 de Julho de 1916, onde viveu até os 5 anos e mudou-se para a cidade de sua futura equipe no basquete, da qual deixaria seu nome marcado como um dos mais importantes treinadores do esporte, a cidade de Minneapolis, em Minnesota.O lendário técnico treinou o Minneapolis Lakers no período de 48/49 até a temporada 58/59, com um recorde de 423 vitórias e 302 derrotas (0.583%) em temporada regular, e 95V-60D (0.632%) nos playoffs, além de ostentar um dos melhores ataques da liga nos anos 50, onde teve as melhores médias ofensivas nas temporadas 48/49 e 49/50.O ápice da carreira de Kundla não demorou a chegar, e logo em sua primeira temporada na liga, em 48/49, conquistou o título contra o Washington Capitols, por 4-2. Os Lakers montaram um ótimo plantel, formado por Herm Schaefer (armador), Don Carlson (armador), Jim Pollard (ala), Tony Jaros (ala) e também pelo primeiro grande astro da NBA: o pivô George Mikan, exímio pontuador e reboteiro. A equipe não teve grandes dificuldades no mata-mata e perdeu apenas os dois jogos para os Capitols em toda a pós-temporada. Apesar do ótimo time, Kundla montou um esquema tático voltado para extrair o melhor do poder ofensivo de seus pontuadores, entre eles Mikan no garrafão e Jim Pollard no perímetro, sendo a melhor dupla ofensiva da liga no início da dominância dos Lakers. Na temporada seguinte a equipe ficaria ainda mais forte, pois contava com a chegada do armador Slater Martin e do pivô Vern Mikkelsen, que faria grande dupla de garrafão junto com Mikan, sendo o ponto forte da equipe. Os Lakers repetiram o feito e conquistaram o bicampeonato, só perdendo jogos nas finais, que dessa vez foi disputada contra o Syracuse Nationals e também vencida por 4-2.Na temporada 50/51 a equipe teve a baixa de Schaefer e Carlson, e apesar da boa campanha na temporada regular, ficando em primeiro lugar, o time sentiu falta de sua ex-dupla de perímetro nas finais do Oeste, e apesar do ótimo desempenho de Mikkelsen e Mikan, perdeu para o Rochester Royals por 3-1, com os armadores Bobby Davies e Bobby Wanzer dominando o perímetro no embate.A base se mantinha a mesma, mas Kundla adaptou o esquema tático, visando fortalecer o setor que havia comprometido o desempenho da equipe na temporada anterior. Os Lakers contrataram o ala-armador Pep Saul, do Baltimore Bullets, que era um jogador mais ofensivo e traria mais versatilidade na rotação, podendo revezar com Slater Martin e Jim Pollard, dando importantes minutos de descanso para dois dos principais jogadores da equipe. Lakers e Royals se encontraram novamente nas finais de Conferência, mas agora com a casa arrumada, os Lakers deram o troco e venceram por 3-1, com grande desempenho do recém-chegado Pep Saul. As finais de 51/52 seriam contra o forte jogo coletivo dos Knicks, e apesar da disputa acirrada, o garrafão dos Lakers fez diferença e a equipe venceu a série por 4-3, conquistando o terceiro título em quatro temporadas.Os Lakers já não eram mais um dos melhores ataques da liga, mas isso ocorreu por conta do amadurecimento da equipe, que aos poucos foi deixando de ter o jogo centralizado na zona pintada, pois alguns adversários, como os próprios Royals nas últimas temporadas, criaram esquemas táticos que dificultavam a performance de Mikan e Mikkelsen, pois também tinham um jogo de garrafão forte, formado por Arnie Risen (mais ofensivo) e Jack Coleman (bom defensor e um dos melhores reboteiros da liga), se tornando um dos adversários mais perigosos na liga. Devido à essa ameaça, Kundla começou a adotar um jogo mais coletivo, com vários atletas finalizando as jogadas, e apesar de ainda contar com Mikan liderando em pontuação e explorando muito bem o garrafão, a equipe conseguia lidar melhor com boas defesas no poste.Knicks e Lakers chegavam mais uma vez às finais, e tudo indicava que teríamos mais um embate de sete jogos, por conta da qualidade das equipes, mas apesar dos Knicks vencerem a primeira fora, os Lakers dominaram o duelo e ganharam quatro jogos seguidos, se sagrando campeões da temporada 52/53 e conquistando o quarto título da franquia na história.A temporada 53/54 não teve muitas mudanças no cenário, e mais uma vez os Lakers de Kundla, Mikan e companhia, terminava em primeiro no Oeste. A equipe contou com a chegada de mais um pivô de qualidade, Clyde Lovellette, e apesar da primeira temporada discreta (8.2pts e 5.8reb de média), se tornaria o sucessor de Mikan na franquia. Os Lakers chegaram mais uma vez às finais, e encararam o forte time do Syracuse Nationals, que contava com o grande pivô Dolph Schayes e o armador Paul Seymour. O confronto foi equilibrado, mas a grande batalha entre Mikan e Schayes não ocorreu de forma esperada, pois Schayes, que foi o principal jogador dos Nationals na temporada regular com 17 pontos e 12 rebotes de média, teve apenas 9.3pts por jogo nas finais, sendo esse talvez o principal fator da derrota da equipe nas finais. Os Lakers venceram os Nationals por 4-3, conquistando o quinto título em seis anos, mas apesar do clima de festa, o anúncio de aposentadoria de Mikan após o título acabou diminuindo o ímpeto na comemoração da vitória. Mesmo com boas temporadas de Lovellette, a base do time havia envelhecido e já não tinha o mesmo desempenho físico de antes. Os Lakers ainda chegaram nas finais de Conferência na temporada 54/55 e 56/57, perdendo ambas para o St. Louis Hawks de Bob Pettit, e também alcançaram as finais da liga em 58/59, sendo vice-campeões para o fortíssimo Boston Celtics de Bob Cousy, Bill Sharman, Tom Heinsohn e Bill Russell. John Kundla encerrou sua carreira na NBA depois do vice-campeonato, indo comandar a Universidade de Minnesota por 10 temporadas, de 1959 até 1968, onde também brigava pela igualdade racial, se recusando a ficar em hotéis que não aceitavam jogadores negros ou a fazer suas refeições em restaurantes com a mesma ideologia, além de ser um dos primeiros técnicos universitários a selecionar jogadores negros.“John tinha um perfil diferente da maioria dos técnicos de sua época, pois não tinha costume de gritar instruções para os jogadores na área técnica, preferindo parar o jogo quando algo não ocorria da maneira que era esperado. Mas isso não quer dizer que ele não dava broncas mais ríspidas quando necessário, e geralmente eu era o primeiro a ser criticado nesses momentos, mostrando que ninguém era imune às críticas, até mesmo o melhor pontuador da sua equipe”, disse George Mikan, em entrevista à Sports Illustrated.O ex-técnico também era conhecido por sua humildade, sempre corrigindo afirmações de pessoas próximas que falavam que ele tinha sido um dos melhores técnicos, com a seguinte frase: “Nada disso, eu tive um grande time, o mérito é deles”. Em entrevista falou sobre um acontecimento bem engraçado em sua carreira, quando substituiu um jogador titular faltando menos de um minuto para o final e o suplente fez a cesta da vitória, depois disso, a mídia o enalteceu por conta da substituição, da qual só ocorreu por conta do jogador titular ter pedido para sair, pois precisava ir ao banheiro, com o próprio técnico ironizando o crédito dado a ele.Nas seis temporadas de dominância, os Lakers de Kundla conquistaram 273V-131D (0.675%) na temporada regular e 48V-19D (0.716%) nos playoffs, marcando a era da franquia como uma das melhores vividas até então na história da liga.Kundla foi introduzido no Hall da Fama da NBA em 1995, e também foi considerado um dos 10 melhores técnicos da história em uma lista feita através de votação pela mídia especializada, que era formada por ex-jogadores, técnicos e dirigentes, da qual foi incluída no lançamento do documentário “NBA at 50” (os 50 melhores jogadores da NBA) em 1996. O ex-treinador faleceu aos 101 anos, em Minneapolis, sendo um dos nomes mais importantes no desenvolvimento da liga, além de comandar um dos quintetos mais vitoriosos e dominantes da história, ao lado do Chicago Bulls de Jordan e o “sucessor” Boston Celtics, dos anos 50 e 60, também comandado por outro grande técnico, Red Auerbach.

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