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NBA

John Havlicek – O ladrão mais famoso da história da NBA

(por Vinícius Freitas) O eterno camisa #17 John Havlicek, foi um dos principais nomes de duas das grandes gerações do Boston Celtics. Conquistou 8 títulos em 16 temporadas (não perdendo nenhuma final) e foi eleito o MVP das finais da temporada 73/74. Também participou 13 vezes do All-Star Game (de 65/66 até 77/78), além de ser escolhido 8 vezes para o time defensivo da liga.John Joseph Havlicek, nasceu em 08 de Abril de 1940 na cidade de Martins Ferry, em Ohio, e desde sua infância demonstrava muito talento, dedicação e vigor físico nos esportes que praticava,  quase trocando o basquete por outro esporte muito popular nos Estados Unidos antes de ingressar na lendária equipe celta e ser um dos maiores nomes não só da franquia, mas também do esporte. Havlicek foi campeão da NCAA jogando pela Universidade de Ohio State em 1960, sendo um dos destaques da equipe junto com Jerry Lucas (que foi campeão pelo New York Knicks em 72/73), Larry Siegfried (5x campeão ao lado de Havlicek nos Celtics) e do reserva Bob Knight (que viria a ser um dos maiores técnicos do basquete universitário). Em 1962 foi selecionado no draft da NFL pelo Cleveland Browns e também no draft da NBA (7ª escolha), pelo Boston Celtics. Não se sabe se isso fez diferença na escolha de qual esporte seguir, mas os Celtics faziam sua dinastia, com cinco títulos adquiridos em seis finais seguidas, além de um grande elenco, que contava com nomes como Bill Russell, Bob Cousy, Tom Heinsohn e Frank Ramsey, além do revolucionário Red Auerbach, que mudou a história da franquia e também era um dos responsáveis pelo padrão de jogo campeão da equipe. Havlicek começou sua jornada na temporada 62/63, onde entrou muito bem na equipe, sendo uma peça importantíssima na rotação junto com Frank Ramsey, revezando tanto com os alas quanto com os armadores da equipe, sendo um dos grandes pontuadores do plantel, liderando o elenco no quesito nas temporadas de 63/64, e de 68/69 até 73/74, conquistando na época o apelido de Hondo, que fazia referência a um famoso filme de faroeste da época, estrelado por John Wayne. Mas, o jogador não ficou famoso apenas pelas cestas anotadas durante os jogos, porém, também pela resistência física na marcação de seus adversários, da qual até mesmo seu companheiro de equipe, Jim Loscutoff, ficava indignado com a incansável perseguição dentro de quadra exercida por Havlicek nos treinos. Devido a sua leitura de jogo avançada, conseguia antecipar passes e adivinhar alguns dribles, se tornando além de um grande pontuador, peça fundamental no esquema defensivo dos Celtics, que já tinham Bill Russell no garrafão além de K.C. Jones e Tom Sanders. Foi o responsável por um dos lances mais incríveis da NBA, considerado por muitos a jogada defensiva mais importante da história da liga. Celtics e 76ers disputavam as finais da Conferência Leste de 64/65, e os Celtics apesar de manterem sua dinastia, já tinham grande parte do elenco principal acima dos 30 anos, e, além disso, iriam enfrentar uma das franquias mais talentosas da época, que tinha em seu elenco jogadores do calibre de Hal Greer, Chet Walker, Larry Costello, e o novato Luke Jackson, que vinha fazendo uma ótima temporada de estreia, sendo um adversário a altura dos atuais campeões da liga. E se já não bastasse todos esses jogadores, a equipe acertou a negociação para trazer ninguém menos que Wilt Chamberlain, o maior pontuador de sua época e o único jogador da liga que conseguia dominar Bill Russell no garrafão em algumas ocasiões. Muitos analistas e jornais que cobriam o esporte na época colocaram os 76ers como favoritos, tanto por conta da chegada de Chamberlain como por conta da diferença de idade dos elencos. Mas o embate foi equilibrado, e a série foi até o jogo 7, que seria disputado no dia 15 de abril de 1965, no Boston Garden. O confronto se manteve parelho até o final e, faltando cerca de 5 segundos para o fim, com o placar 110 -109 para os Celtics, Bill Russell tenta um passe embaixo da cesta dos 76ers, que acaba com a bola batendo em um fio, da qual a arbitragem marca como bola fora, devolvendo a posse para os visitantes. Hal Greer vai para a saída de bola lateral, mas Russell marcava muito bem Chamberlain e, devido a isso, Greer esperou até o último momento antes de procurar outro jogador para tentar a cesta da vitória. Eis que surge o momento de maior brilho e consagração do jogador. Havlicek sabia que Russell não ia deixar Chamberlain receber o passe e deixou Walker se desvencilhar de sua marcação propositalmente, o ala dos 76ers fica livre perto da linha de lance livre, mas Havlicek havia calculado mentalmente os 4 segundos antes da reversão da jogada, e ao olhar para Greer, conseguiu prever o lance, mas antes do passe chegar ao seu destino, o camisa #17 dos Celtics se estica todo e consegue desviar a bola, que fica nas mãos de Sam Jones para assegurar mais uma final (e mais um título, pois os Celtics venceriam os Lakers por 4-1 nas finais daquela temporada) e fazer história com um dos lances mais incríveis da história da NBA, ficando marcado também pela emocionante narração de Johnny Most, famoso locutor dos jogos dos Celtics na época.  Foi campeão 6 vezes em suas 7 primeiras temporadas, ficando de fora das finais apenas na temporada 66/67, com os 76ers se vingando das derrotas anteriores, vencendo a série por 4-1. Apesar da derrota Havlicek foi o cestinha do embate, com 30 pontos e 9 rebotes de média, mas as atuações de Hal Greer (29.2pts, 5ast), Wilt Chamberlain (21.6pts, 32reb e 10ast) e Chet Walker (20.6pts e 6.8reb) levaram os 76ers as finais, e posteriormente ao título, onde venceram a ex-equipe de Chamberlain, o San Francisco Warriors, por 4-2. Na temporada 69/70, grande parte do plantel dos Celtics campeão década de 60 havia se aposentado, como por exemplo Bill Russell, Tom Heinsohn e Sam Jones e, por conta disso, tudo indicava que a era de glórias havia acabado, e, a franquia que dominou por mais de uma década a liga entrava agora em fase de reconstrução do elenco. Havlicek foi o principal remanescente da equipe junto com Tom Sanders (se aposentou em 72/73) e Bailey Howell (deixou a equipe no final da temporada 69/70), e cabia a eles agora ajudar a franquia a colher bons frutos para um futuro (muito próximo) de novas conquistas. Os Celtics tiveram sorte em suas escolhas de drafts, selecionando o talentoso armador Jo Jo White (9ª escolha no draft de 1969), o pivô Dave Cowens (4ª escolha no draft de 1970), o também armador Paul Westphal (10ª escolha no draft de 1972, e que viria a ser um dos melhores de sua posição na década). Contrataram também o experiente ala-pivô Paul Silas (que vinha de 3 boas temporadas com a novata equipe do Phoenix Suns) para a temporada 1972/1973, construindo novamente um elenco sólido e competitivo. Nos anos 70 os Celtics tiveram a melhor campanha em temporada regular da franquia até hoje, com 68V-14D na temporada de 72/73, e foram campeões mais duas vezes, em 73/74 e 75/76, com Havlicek liderando o time não só em pontuação, mas também dentro de quadra, orientando e chamando a responsabilidade nos momentos decisivos, formando um dos melhores trios da liga junto com Dave Cowens e Jo Jo White. Na temporada 73/74 foi o MVP das finais no confronto contra o temido Milwaukee Bucks, de Kareem Abdul-Jabbar, Oscar Robertson e Bob Dandrige, terminando as finais com 26.4 pontos, 7.7 rebotes, 4.7 assistências e 1.9 roubos de bola, onde ajudou os Celtics a vencerem a série por 4-3. Na temporada 75/76 enfrentaram o Phoenix Suns nas finais, que agora tinha como um dos principais jogadores, Paul Westphal, ex-integrante dos Celtics no começo da década. Mas os Celtics também contavam com um ex-jogador da franquia do Arizona, ex-astro da extinta ABA e um dos destaques do Phoenix Suns no começo da década, Charlie Scott, que foi uma das melhores duplas de perímetro nos anos 70 junto com Jo Jo White. Os Celtics contaram com Jo Jo White e Dave Cowens liderando as ações ofensivas e venceram a série por 4-2, sendo Jo Jo White o MVP das finais dessa vez. Havlicek contribuiu com 15.5 pontos, 5.5 rebotes e 4.5 assistências de média, além do grande trabalho de marcação que o ala sempre executou dentro de quadra. Havlicek permaneceu nos Celtics até a temporada 77/78, onde encerrou sua carreira no dia 09/04/1978 aos 38 anos, em uma vitória dos Celtics sobre o Buffalo Braves por 131-114, terminando o jogo com 29 pontos, 5 rebotes e 9 assistências, sendo também o cestinha do jogo. O ex-atleta possui médias na carreira de 20.8 pontos, 6.3 rebotes e 4.8 assistências, e é até hoje o maior pontuador (26395) e também o jogador com maior número de aparições em quadra pela franquia (1270), além de ser o segundo maior jogador com assistências (6114), atrás apenas de Bob Cousy (6945). Teve seu nome incluído no Hall da Fama da NBA em 1984, junto com seu ex-companheiro de equipe, Sam Jones. Havlicek apesar do grande atleta que foi, não será lembrado apenas pela determinação e resiliência dentro de quadra, onde visava sempre ajudar a equipe, tanto sem a laranja em mãos, atrapalhando e cercando seus adversários incansavelmente, como com ela em sua posse, anotando eficientemente seus pontos ou servindo seus companheiros de time melhor posicionados para a conclusão das jogadas, mas também pelo carisma e amizade que possuía com seus companheiros, onde foi bem acolhido quando chegou no time nos anos 60 e também admirado e respeitado como líder na geração dos anos 70, sendo a principal estrela e maior pontuador celta durante boa parte da década. Falecido em 25/04/2019 em Jupiter, Florida, o jogador completaria 80 anos hoje (quarta-feira 08/04/2020), sendo 16 deles à serviço dos Celtics, onde atuou com muita garra e dedicação e será sempre lembrado não só pelos torcedores e admiradores de sua franquia, mas também por quem ama o esporte. Ás vezes fico triste por não ter tido oportunidade de acompanhar a extraordinária carreira de jogadores desse nível, mas ainda assim, não menos fascinado e feliz em saber que a história do basquete é fantástica e cativante por conta de integrantes como John Havlicek, que deixam sua marca e enaltecem ainda mais o legado do esporte.

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