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NBA

Já deu! George Floyd, protestos e a importância do esporte nas ações contra o racismo

(por Bruno Rosa)  Escrever e conversar sobre racismo está em alta, mas por motivos que ninguém desejaria. A fim de contextualização, no último dia 25, George Floyd foi assassinado por um policial. Mais um preto morto.Mais um preto que, momentos antes de morrer, diz: “NÃO CONSIGO RESPIRAR”, a exemplo de Eric Garner, morto em 2014, também em ação policial. Colin Kaepernick ​ A violência policial e o posicionamento de atletas não é novidade, como também é recente. Em 2016, o então quarterback dos 49ers, Colin Kaepernick se posicionou firmemente justamente contra a violência policial contra os negros nos Estados Unidos. Um dos jogadores com maior visibilidade na NFL naquele momento, passou a se ajoelhar durante o hino dos EUA antes dos jogos, justificando que não se orgulhava de um país que oprime os negros. Em consequência dos seus atos, Kaepernick praticamente sofreu um boicote da liga, não tendo novas oportunidades em nenhum dos 32 times da NFL, servindo de exemplo de como a liga se posicionaria com quem mais protestasse daquela forma. O protesto de Kaep, pacífico e silencioso, poderia ter servido como um dos pontos de viradas para o comportamento das autoridades. Entretanto, a NFL proibiu tais manifestações e apenas autorizou que, se fossem feitas, não poderiam ser no campo.  St. Louis Rams e Los Angeles Clippers  Não somente jogadores, como recentemente alguns times fizeram ações contra o racismo e a violência policial. Mostrando um histórico tanto de violência, quanto de posicionamento dos jogadores, em 2014 cinco jogadores do St. Louis Rams entraram em campo com as mãos levantadas, em mais um protesto pacífico e silencioso contra a violência policial. Na época, a frase “Hand up, don’t shoot” era declamada nos protestos contra a morte de Michael Brown. Também em 2014, ao vazarem áudios altamente racistas do então dono do Los Angeles Clippers, Donald Sterling, jogadores como Blake Griffin, Chris Paul e todo o elenco do time, se reuniram no meio da quadra, tiraram a camisa da franquia e aqueceram sem o logo, claramente dizendo que aquela instituição não os representava.  LeBron James Constantemente ativo nas suas posições e opiniões, LeBron James, que já havia se posicionado anteriormente usando uma camisa com os dizeres “I CAN`T BREATHE”(não consigo respirar), e também criado o lema “MORE THAN AN ATHLETE” (mais do que um atleta), quando uma repórter sugeriu que ele deveria calar a boca e jogar, postou a imagem do policial com os joelhos na cabeça de George Floyd, em ação que resultou na morte do indivíduo, ao lado da foto de Kaepernick ajoelhado com os dizeres: “This is Why”(é por causa disso). Lembrando o motivo ao qual o QB se ajoelhava e na época sendo julgado pelos seus atos.  Michael Jordan Muito cobrado pela sua falta de posicionamento durante todos os anos, inclusive após o documentário The Last Dance mostrar tal falta em um dos episódios, MJ finalmente se posicionou em uma declaração onde diz: “We have had enough”, algo como “JÁ DEU”  A importância do posicionamento dos atletas Atletas por muitas vezes são exemplos para os mais jovens e para a sociedade. A partir do momento que pessoas como LeBron James, Michael Jordan, Dwyane Wade se posicionam, a atenção para o problema se torna muito maior. Recentemente, nos protestos que tomaram os Estados Unidos, diversos jogadores foram vistos nas ruas, junto com o povo e gritando por justiça. A alienação da maioria dos atletas brasileiros, no entanto, escancara a falta de empatia e consciência dos mesmos. Temos uma liga de futebol, o esporte mais popular do país, com 20 times e, atulamente, um treinador preto. O racismo não é só a ofensa racial, o racismo estrutural é presente, machuca e cerceia as oportunidades de pessoas pretas chegarem nos cargos mais altos.  Já deu! Como vimos, nos últimos 6 anos presenciamos protestos pacíficos de diversas formas. Tais protestos foram ou silenciados ou ignorados. Imagine se há 4 anos, ao invés de banir Kaepernick, a NFL, uma das ligas de maior influência, tivesse feito alguma coisa real? Se, ao LeBron se posicionar, a repórter não falasse “Cala a boca e joga”? Então sim, se a resposta violenta dos oprimidos, te ofende mais do que a violência do opressor, volte um pouquinho e tente entender, pois as manifestações silenciosas estavam ai e NADA MUDOU. Logo, quando o povo vai às ruas e os atletas se juntam, é a manifestação alta e clara de “WE HAVE HAD ENOUGH” e “I CAN`T BREATHE”. Não pode ser normal um atleta entrar em campo, escutar cânticos racistas e receber faltas ou não por ser preto ou preta. Não pode ser normal ligas com 70% de jogadores pretos, não terem um dono preto. Não pode ser normal que apenas esportes universitários de maioria de jogadores pretos, como é o caso de basquete e futebol americano, sejam obrigados a jogar de graça, enquanto donos e técnicos ganham milhões. E outros esportes, como Tênis e Golf, de sua maioria branca, não tenham tal obrigatoriedade. Não pode ser normal dentre os 12 times da WNBA não ter NENHUMA técnica preta.Não pode ser normal uma criança ser baleada e morta dentro de casa. Não pode ser normal, não é, nem nunca vai ser uma pessoa ficar ajoelhada em cima da outra, por 8 minuots e 46 segundos, mesmo sendo filmada e avisada, assassinar a outra, tendo consciência dos seus atos, como se a vida preta de nada valesse. JÁ DEU. APENAS NOS DEIXEM RESPIRAR.

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