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Futebol

A Inglaterra esteve perto de vencer a Euro, mas ficou longe de merecer

(por Leonardo Costa) Com o título da Eurocopa em mãos italianas, é normal que se façam inúmeras análises dos motivos que levaram o conjunto do técnico Roberto Mancini à conquista. Além do mais, a forma como a Inglaterra perdeu a decisão, após três penalidades desperdiçadas, também nos leva a criticar a decisão do técnico Gareth Southgate na escolha de seus batedores.Entretanto, o texto de hoje irá abordar a caminhada inglesa até a final, assim como a partida decisiva. Você já deve ter percebido pelo título qual é a minha opinião, e vou tentar ilustrar os motivos que me fazem pensar assim.  Antes disso, sabemos que o futebol nem sempre é merecimento, o que não tiraria a glória de uma possível conquista inglesa.No cargo da seleção desde 2016, Southgate levou a Inglaterra até as semifinais da Copa do Mundo da Rússia. Na fase classificatória para Euro 2020, avançou em primeiro da chave, com sete vitórias em oito partidas, seis pontos à frente da República Tcheca, segunda colocada. No sorteio da fase de grupos, o destino colocou tchecos e ingleses em rota de colisão mais uma vez, agora acompanhados de Croácia e Escócia.Nos jogos amistosos de preparação para a Euro, vitórias pelo placar mínimo contra Áustria e Romênia. Já na primeira partida do torneio continental, contra os croatas, reeditando a semifinal de 2018, um gol de Raheem Sterling decretou a vitória. O que os três jogos têm em comum, além do resultado magro e do triunfo, é que, apesar do 4-2-3-1 estar definido como esquema de jogo, a escalação sofreu diversas alterações, sobretudo nos homens de frente, com exceção a Harry Kane.Contra a Escócia, mais uma vez alguns nomes diferentes pintaram entre os titulares. O empate sem gols, impulsionado por momentos de perigo escocês, levantaram as primeiras dúvidas sobre a competitividade inglesa. Mason Mount e Phil Foden, dois dos jogadores mais badalados do elenco e em melhor fase na pré-Euro, estavam apagados, ao tempo que Jack Grealish, outro em grande momento na temporada, dispunha de poucos minutos em campo. A favor da Inglaterra estava sua defesa, que demoraria a sofrer um gol.Na partida contra a República Tcheca, que valia a liderança do grupo, mais mudanças. Grealish enfim entrou como titular, assim como Saka, que foi uma das surpresas de Southgate para o duelo. Coube a Sterling, com a assistência do jogador do Aston Villa, decretar outra vitória inglesa pelo placar mínimo. A vantagem criada aos 12 minutos da primeira etapa foi mantida com segurança até o fim, garantindo a primeira posição do grupo e promovendo um duelo contra a Alemanha nas oitavas. Foi mais uma atuação protocolar da Inglaterra.Diante do carrasco alemão, a Inglaterra entrou em campo com três zagueiros, e mais uma vez saiu sem ser vazado. Kane desencantou, enquanto que Sterling marcou mais uma vez e era o jogador mais regular da equipe. Foi uma atuação consistente, contra uma gigante do futebol mundial. Nesse momento, a Inglaterra figurava realmente como favorita, ainda mais com a queda precoce da Holanda, que seria um possível adversário de semifinal.Contra a Ucrânia, nas quartas, a seleção inglesa deslanchou no segundo tempo ao anotar três vezes em poucos minutos. A formação voltou a ser o tradicional 4-2-3-1, mas o resultado foi construído muito mais pela fragilidade defensiva do rival do que puramente por méritos. Ao marcar duas vezes no jogo, Kane ia crescendo na hora certa do torneio, bem auxiliado por Sterling e pela solidez defensiva, sem falar que a semifinal seria disputada em Wembley, diante da fanática torcida inglesa.Na semifinal, contra a Dinamarca, a seleção inglesa foi vazada pela primeira vez. Damsgaard cobrou falta na intermediária com categoria, contou com um leve auxílio do goleiro Pickford, e abriu o placar para os escandinavos, coroando o melhor momento da equipe na partida. O empate veio em gol contra após cruzamento rasteiro de Saka. A virada veio quase no fim da prorrogação, após Kane converter, no rebote, uma penalidade contestável sobre Sterling.Chegamos na final. O gol de Luke Shaw foi um dos raros momentos em que o ataque inglês funcionou na partida. O esquema com três zagueiros voltou a ser utilizado por Southgate, e foram apenas seis finalizações da equipe ao longo de mais de 120 minutos de jogo. A Itália, mesmo após conseguir o empate, esteve muito mais próxima da virada, enquanto a Inglaterra se ancorava em esporádicas bolas aéreas.Pode soar raro escutar que uma equipe que chega até a final não merecia levar o título. Mas, o fato é que ao longo da competição os resultados iam mascarando alguns problemas ingleses, escancarados na partida contra a Itália. Apesar das inúmeras trocas de jogadores ofensivos e mudanças táticas, poucas vezes se viu uma Inglaterra dominar uma partida ou ser agressiva no ataque. Os erros de substituição de Southgate no fim da prorrogação foram apenas o final de uma campanha que não empolgava, que tinha um apelo desproporcional pelo fato de ser decidida em Wembley, e que terminou com o vice-campeonato. Entretanto, nem tudo é terra arrasada, obviamente. A seleção inglesa é jovem, basta ver a idade de Rashford, Sancho e Saka, que apesar de perderem suas cobranças, não se furtaram de bater. A zaga tem bons nomes, os volantes parecem unanimidade, assim como Kane. Tal qual como Tite, Southgate não deve ser demitido após a derrota na final, mas certos erros precisam ser corrigidos para a Copa do Mundo do Catar, e isso passa quase que unicamente por suas ideias.  

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