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NBA

Há exatos 10 anos LeBron, Bosh e Wade formaram o Big 3 de Miami – Sucesso ou decepção?

(por Jefferson Castanheira)O dia 09 de julho de 2010 é uma data muito especial para o torcedor de Miami. Após acertar a permanência de Dwyane Wade no Heat e conseguir trazer, a ainda jovem estrela, Chris Bosh, Miami tinha a missão e o espaço para trazer mais um astro. LeBron James estava livre no mercado e era perseguido por praticamente todos os outros times da liga – incluindo sua casa, Cleveland. Mas, a notícia veio e Pat Riley, GM do Miami Heat, conseguiu o impossível, juntando três atletas de altíssimo padrão num time só, conseguindo segurar o teto salarial e fazer com que o trio aceitasse ganhar menos e ter salários praticamente iguais por quatro, com aproximadamente US$ 14 milhões anuais para cada um do novo Big Three de Miami.A sacada de gênio de Pat Riley desencadeou em um ódio imediato contra o Miami Heat. A “maior panela” formada até então atraiu os olhos da liga e questionou: Será que os três juntos terão resultados positivos ou, assim como em Cleveland, LeBron não conseguirá seus tão sonhados títulos da NBA? O tempo iria responder, mas para muitos, o Heat era uma equipe invencível.“Not one, not two, not three, not four, not five…”Na noite de apresentação de elenco direto da American Airlines Arena no dia seguinte, LeBron James direcionou essa frase para todo o público ensandecido no ginásio, onde foram apresentados como troféus para os inebriados fãs de Miami. Quando perguntado pelo lendário Eric Reid – apresentador da Heat TV e narrador dos jogos do Miami Heat pela CBS Flórida – se LeBron iria ganhar um título em Miami, James foi enfático e respondeu: “Não só um, não só dois, não só três, não só quatro…”, levando o público á loucura. A identificação e química dos jogadores em Miami foi praticamente imediata, com até Chris Bosh soltando palavras em espanhol para o delírio e a admiração instantânea dos torcedores.Mediante esse hype, a pergunta havia sido respondida apenas na teoria. A pratica era enfrentar uma liga muito competitiva e também desafiar cada uma das equipes como se fosse uma final, já que todos os adversários, independente de suas qualidades, atuavam com muito mais motivação do que em partidas normais quando o assunto era jogar contra Miami.“Before you wear the crown, they’ll try to tear you down”O Big Three de Miami jogou junto por 4 temporadas, mas enganou-se quem achou que Miami iria dominar a liga logo de cara. Na temporada de 2010-11, o Heat se classificou em segundo na conferencia leste, atrás do Chicago Bulls, do MVP daquele ano, Derrick Rose. Com 57-24, Miami foi à forra nos Playoffs e passou tranquilamente pelos Sixers, por Boston e atropelou os Bulls numa série das finais do Leste em 4-1. Chegando na final com muita confiança, o adversário era o Dallas Mavericks, que chegou nas finais da NBA com direito até a varrida contra os Lakers nas semifinais do oeste. Mas, nas finais, o que se viu foi um desespero da equipe, que mesmo jogando com muita maturidade em alguns pontos pecou onde não podia.Enfrentando uma equipe mais preparada e coesa, o Heat parou no Dallas Mavericks e viu a franquia texana vingar a temporada de 2005-06, a qual perdeu para Miami. Dirk Nowitzki e companhia ensinaram uma lição para o Big Three comandado pelo ainda jovem e sem brio, Erik Spoelstra: Se você quer usar a coroa, tenha ciência que vão tentar te rebaixar antes. Não existe vitória fácil e nem partida ganha. O dono do jogo é o basquete e não pertence a um jogador ou franquia. Na administração você pode acertar, mas nas linhas e na quadra é onde as coisas se resolvem.Embalados pela música “The Crown”, que foi feita pelo grupo Dangerflow para incentivar o time, a temporada de 2011-12 veio com o diferencial de ter o último lockout da história da liga. A greve fez com que a temporada começasse apenas na noite de Natal, pleno dia 25 de dezembro. Na temporada, mais uma vez, o Heat se classificou em segundo, atrás do Chicago Bulls novamente. Mas esse campeonato coroou uma luta e melhora absurda do trio, e também a adição de mais pulso técnico por parte de Erik Spoelstra, que aos trancos e barrancos, fez o time chegar nas finais batendo Knicks, Pacers – nascendo a rivalidade contra Paul George e toda a franquia de Indiana – e uma final eletrizante de conferencia contra o Boston Celtics, vencendo a série por 4-3.A maior prova da maturidade do elenco foi colocada à risca alí. Se não vencesse os Celtics, o Heat não estaria pronto de forma alguma para vencer a temporada. O Boston Celtics era o melhor adversário que Miami poderia enfrentar, pois entendeu de vez que, para vencer, é necessário brio, coragem, persistência, experiência, seriedade e, principalmente, respeito ao adversário. Se o oba-oba da temporada anterior fez o Heat elevar seus padrões de convicção a ponto de crer que não haveriam adversários e que viriam uma, duas, três, quatro, cinco, seis ou mais conquistas do título da liga, desta vez essa soberba estava controlada. Contra o jovem Oklahoma City Thunder, o Miami Heat jogou sério do primeiro segundo ao último, quando vimos um LeBron James aos prantos na lateral de quadra, finalmente ganhando seu primeiro título.2012-13 foi um ano perfeito para Miami. A temporada seguinte do primeiro título do Big Three foi genial e, com toda certeza, a melhor da história da franquia. Os campeões de Miami, que já contavam com Mike Miller, Mario Chalmers, Chris Andersen e outros “operários”, receberam o presente que foi a chegada de Ray Allen, com ainda a chegada de Shanne Battier, um exímio marcador. O repeat veio de maneira épica vencendo tudo e todos, classificando em primeiro na conferencia e na liga toda com 66 vitórias e 16 derrotas. Jogar no American Airlines Arena foi um inferno para os adversários, que só venceram quatro vezes na casa do Heat. Nos Playoffs, varrida nos Bucks, 4-1 nos Bulls e uma eletrizante série recheada de rivalidade contra o Indiana Pacers, terminando em 7 jogos. O Heat foi às finais contra os Spurs de Kawhi Leonard, que haviam varrido o Memphis Grizzlies nas finais da conferencia oeste. Os Spurs estavam mais descansados, melhores fisicamente e prontos para frustrar os planos de Miami. Porém, se Miami tinha problemas em 2010-11 e se amadureceu em 2011-12, 2012-13 fez o time ganhar alma e marcar a história de vez. Mesmo perdendo algumas vezes na série contra o mais preparado e descansado San Antonio Spurs, o Heat nunca perdeu força. E, se um falhasse, outro pegaria o rebote e tentaria. Uma hora a bola cairia. E assim foi. Após a virada épica no Jogo 6 com a histórica cesta de três de Ray Allen salvando a vida do Heat, o jogo sete estava no papo.Direto de sua própria casa e com o psicológico muito melhor, o bicampeonato consagrou a equipe, que veio a perder na temporada seguinte para o mesmo San Antonio Spurs nas finais – desta vez de modo avassalador –  e encerrou sua história no fim de 2013-14, quando LeBron voltou para casa e assumiu a responsabilidade de vencer pelos Cavs.    O legadoO Miami Heat de 2010 a 2014 construiu um marco histórico na liga. Com o Big Three (ou four se você contar com Ray Allen na metade desse período), o Miami Heat foi para as finais nas quatro temporadas em que existiu o supertime. É impossível chamar um time desses como uma decepção, e sim classifica-lo como uma peça de amadurecimento da liga, do time e de seus jogadores. Construir grandes elencos é muito difícil, mas faze-los funcionar e marcar história é muito mais. Este Heat marcou história, trouxe torcedores, apaixonou novas pessoas pelo esporte e foi um grande evento cultural e expoente máximo financeiro para a NBA. Dwyane Wade e LeBron James juntos fizeram uma dupla mortal e muito lembrada até hoje como uma das maiores químicas e duplas mais bonitas de se ver jogar. Bosh se consagrou como jogador e marcou sua história e Ray Allen colocou a cereja em cima do seu lindo bolo da carreira. Nenhum time pode ser colocado como decepção se ele jogou quatro temporadas e venceu duas delas, chegando nas finais quatro vezes consecutivas. E se pensarmos, as derrotas nas temporadas contra Mavericks e Spurs somente pavimentaram um caminho de amadurecimento individual de cada jogador e também da comissão técnica de Miami.Pat Riley foi responsável por muita coisa no basquete, e teve mais essa para botar no currículo. Sua jogada genial de administrador fez com que a NBA ganhasse, não só seu time gerenciado. Jogada de mestre de um gênio das quadras e das mesas de escritório, Riley deve ser lembrado por esses e outros motivos sempre. Assim como sua obra prima que foi o Miami Heat da era Big Three.

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