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Exclusivo: Rani Yahya fala sobre ‘nova fase’ no UFC e analisa duelo contra Kyung Ho Kang: ‘Tem tudo para ir pro chão’

(por Leandro Chagas)Com mais de 10 anos no UFC, Rani Yahya vive um novo momento na carreira. Recordista de finalizações na história dos pesos-galos, com nove, contando o WEC e o Ultimate, o brasileiro vai em busca de sua segunda vitória em 2021. Em entrevista para a Playmaker Brasil, o lutador de 36 anos analisou seu duelo contra o sul-coreano Kyung Ho Kang, que acontecerá no dia 31 de julho, em local a ser definido. Depois de quase três anos sem vencer, e exatamente um ano sem lutar, Rani reencontrou o caminho das vitórias em março deste ano, quando finalizou o norte-americano Ray Rodriguez, no UFC Vegas 21. Disposto a dar sequência a um novo momento na carreira, o veterano disse estar bem físico e mentalmente, e se mostrou empolgado para o seu próximo desafio. “Me sinto bem. Tô embalado. Empolgado com a vitória. Fiquei um ano parado, devido a uma lesão que eu tive. E aí eu pude tratar o meu corpo. Rever alguns conceitos de treinamento. Então fisicamente eu tô em um momento excelente. Pronto para ir para uma outra luta aí. Agora dentro do camp, iniciando já essa preparação. Empolgado com essa nova fase”, contou o faixa-preta, que já iniciou a preparação para o duelo em sua própria equipe, a Rani Yahya BJJ, relatando ainda que como de costume, finalizará o camp para o combate na American Top Team, nos Estados Unidos. Antes da vitória contra Rodriguez, Yahya passou por um momento muito difícil. Na época, vindo de uma derrota e um empate, o brasileiro chegou a cogitar a aposentadoria, por conta da sequência ruim e do acúmulo de lesões, sendo a última delas um problema na região lombar, que o deixou até com dificuldade de andar. “A lesão influencia muito no aspecto mental. Mas assim, eu acho que o ser humano, no geral, não deve se atrelar a tudo o que ele pensa. Essas lesões que eu tive, já vão acumulando. São muitos anos ali, na carreira de atleta. Você sabe que atleta vai lutando com lesão o tempo todo. Aí começa a somatizar com outros fatores. Questão de idade e tal. O fato de nas lutas anteriores não ter obtido vitórias… E aí surgiu esse questionamento [na mente dele] em algum momento. Mas eu procurei me acalmar. Vê um pouco a situação com um olhar de fora. E entendi que dava pra trabalhar mais essa parte física, me recuperar, e dar um novo sprint. Um novo tiro rumo a uma sequência de vitórias”, relatou. Ao analisar a situação da divisão dos galos, e o seu duelo contra Kyung Ho Kang, que vem de três vitórias consecutivas, Rani disse que acredita que um triunfo pode aproximá-lo do Top 15. “Eu acho que sim. Porque ele tá com uma sequência de três vitórias consecutivas. Então pode sim me colocar perto desse ranking. Apesar de nesse momento da carreira eu não estar mais prestando atenção nisso”, confessou. Ao projetar o duelo contra Kyung Ho Kang, que assim como ele, tem a maioria das vitórias da carreira por finalização, Yahya admitiu que espera que o combate se resolva no chão. “Acho que existe sim uma forte tendência dessa luta ir para o chão. Igual ao meu último adversário, o Ray Rodriguez. Ele tinha bastante vitórias por finalização. A luta dele sempre ia para o chão, mas ele declarou também que ia tentar manter a luta em pé. Só que aí chega um momento no octógono que esse instinto nosso [de luta agarrada] fala mais alto. Por mais que exista uma estratégia, e com certeza vai existir, acho que essa luta tem tudo para ir pro chão”. Mais baixo e com uma envergadura menor do que seu adversário sul-coreano, Rani disse estar acostumado com esse tipo de situação. O brasileiro inclusive, relatou que prefere enfrentar oponentes com esse biotipo, tamanha a sua experiência com tal situação. “Essa questão da envergadura e da altura, é uma coisa que eu já lido há muito tempo. Praticamente a vida inteira. Em treinamento mesmo, eu nunca fui o cara mais alto ali da turma, das categorias que eu disputei e até no jiu-jitsu mesmo. Eu sempre peguei um biótipo mais alto. Então já lido muito bem com isso, até prefiro esse corpo mais alto, mas esguio, que acaba sendo mais magro também. O meu estilo de luta foi muito moldado para competir com gente desse biotipo aí. Então tem uma tendência de me favorecer nesse sentido”, analisou. Medalhista de ouro no ADCC, que é o maior evento de grappling do mundo, e bicampeão mundial de jiu-jitsu nas faixas roxa e marrom, Rani é um dos maiores representantes da arte suave no MMA. Contando o UFC, Pride, WEC e Strikeforce, Yahya é o quinto colocado em finalizações (11), empatado com Nate Diaz e Demian Maia, e atrás de Sakuraba e Urijah Faber (ambos com 12), Minotauro (13) e Charles do Bronx (15). Entretanto, nem sempre o brasiliense, que também já lutou pelo peso-pena, é lembrado como um dos maiores finalizadores do esporte. Ao ser questionado sobre uma possível falta de reconhecimento, Rani se disse motivado para ter o seu nome cada vez mais valorizado. “Na verdade, eu me sinto motivado para ter meu nome mais elevado. Para ter esse meu trabalho mais conhecido. Eu acho que cada um tá no seu nicho. O Demian, o Charles… Cada um tá conquistando um espaço. Tem muita coisa externa que faz com que ele seja mais conhecido. O Charles então nem se fala, agora campeão. O Demian também, trabalho muito longo aí. Eu fico honrado de ter o meu nome citado ao lado desses grandes campeões. Isso me motiva na verdade. A palavra certa é motivação mesmo. Para ter esse reconhecimento que eu ainda não tenho”, analisou o faixa-preta. Profissional de MMA desde 2006, e atleta do UFC desde janeiro de 2011, no fim do bate-papo, Rani abriu seu coração. O veterano falou sobre o que ainda o motiva a seguir lutando, mesmo depois de tanto tempo de estrada. “Eu vejo três pilares que poderia fazer uma pessoa parar ou continuar, isso com relação a qualquer emprego. Mas no caso do MMA, eu vejo da seguinte maneira. Primeiro o momento da carreira, se tá ganhando. No caso eu tô vindo de vitória, então isso me motiva a continuar. Outra coisa é o valor financeiro. Eu tenho uma forte crença de que o tanto que a gente consegue fazer de dinheiro, tá relacionado com a nossa determinação, com a nossa capacidade de correr atrás. Então na minha última luta eu ganhei a melhor grana que eu ganhei, na próxima luta, vencendo, eu vou ganhar uma grana melhor do que já tinha ganhado. Então a partir do momento que eu tô vencendo e ganhando melhor, é mais uma motivação”, completando na sequência. “E o terceiro e mais importante, que tem que trabalhar com esses dois pilares (vencendo e fazendo dinheiro), é a questão da saúde. Eu poderia tá fazendo e ganhando mais dinheiro, mas se minha saúde não tivesse ok, se eu tivesse passando por cirurgias e sofrido mais danos, eu teria que respeitar essa questão. Porque acho que a gente tem que agir de forma inteligente. Vejo que hoje eu treino de uma maneira mais adequada do que no passado. Consigo fazer bem menos sparring, cortar peso de uma maneira mais adequada. Consegui dar uma sobrevida física ao meu corpo, que nesse momento eu considero que eu tô treinando e me sentindo muito bem. Esses três pilares estando ok para mim, acho que tem tudo para eu continuar. Acho que isso se aplica a qualquer pessoa, em qualquer área de trabalho. Se a pessoa tá ganhando, se ela tá produzindo, se ela tá na crescente, acho que ela tem que continuar fazendo o que ela tá fazendo”, finalizou. Com um cartel de 27 vitórias, sendo 21 por finalização, dez derrotas, um empate e um “No Contest” (luta sem resultado), Rani Yahya enfrentará Kyung Ho Kang no dia 31 de julho, disposto a provar que ainda tem muita lenha para queimar no UFC.  

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