(por Raquel Amaral)Por muitos anos, a AFC Norte foi uma divisão de certezas: Pittsburgh Steelers soberanos em primeiro, Cleveland Browns sendo a fábrica de tristeza dos fãs e de memes dos demais, Baltimore Ravens e Cincinnati Bengals tentando chegar (e às vezes conseguindo) a uma vaga no Wild Card.Porém, de 2018 para cá algumas coisas mudaram. Vimos ascensão de Lamar Jackson, lesões de Big Ben, a queda dos Bengals e os Browns “hypados”.Com isso, AFC Norte nos traz uma série de pontos de interrogação: Como será a recuperação de Big Ben? Lamar será o MVP? Conseguirá o rookie Joe Burrow reerguer os Bengals? Os Browns voltam com força para 2020?Estamos há cinco dias do kick-off da temporada. Em anos anteriores, a essa altura, já era possível ter alguma ideia (ainda que errada), sobre as equipes com base nos training camps e pre-season, mas a COVID-19 acabou tumultuando o calendário da intertemporada. Assim, o cenário para as previsões, em algumas coisas, ainda é incerto.De toda forma, vale muito a pena uma análise do que se esperar para cada uma das franquias. Pittsburgh Steelers A equipe de Pittsburgh em 2018 e 2019 teve sua performance afetada por problemas dentro e fora campo.Vale relembrar que, mesmo com toda a habilidade (e paciência) de Mike Tomlin, o time perdeu o WR Antonio Brown por problemas no vestiário. O comportamento do jogador tornou sua permanência insustentável na equipe, o que levou a perda de uma peça importante.Outro jogador de peso que deixou a equipe por conta do “climão nos bastidores” foi o RB Le’Veon Bell, o segundo desfalque relevante o time.Não há dúvidas que as saídas de Brown e Bell, bem como o “novelão” dos bastidores afetaram muito o ataque dos Steelers no ano de 2019, porém, a pá de cal foi a lesão de Ben Roethlisberger que, logo na segunda semana, tirou o jogador do resto da temporada.Com tudo isso, os Steelers, liderados por Mason Rudolph, acabaram não se classificando para a pós-temporada, finalizando com 8-8.Mas e 2020?A grande expectativa para 2020 gira ao redor do retorno de Big Ben. Vimos pela última temporada que o time depende muito dele, não possuindo ainda alguém à altura para ocupar a posição.O ataque dos Steelers tem potencial para trazer a alegria de volta à sua torcida, tendo Big Ben saudável, ao lado de Juju Smith-Schuster e James Corner.O draft de 2020 mostrou que a equipe aposta no retorno de Big Ben ao comando, pois o time não escolheu um QB, optando, em sua primeira pick, justamente um WR, o atlético Chase Claypool. Aliás, o rookie teria impressionado durante os treinos, arrancando muitos elogios da imprensa. Já a defesa, segue sendo a “Cortina de Aço”. Com um desempenho ruim do ataque, o setor defensivo foi o grande responsável por fazer a equipe quase chegar aos playoffs. Para 2020, T.J. Watt, Bud Dupree, DevinBush, Cam Heyward e Minkah Fitzpatrick são nomes de peso para segurar os ataques dos adversários.Com o ataque dos Steelers de volta aos eixos, a expectativa para 2020 é muito mais promissora do que cenário de 2019, de forma que poderemos ver mais vezes as “terrible towels” sendo agitadas. Baltimore RavensOs Ravens nas temporadas de 2018 e 2019 foram os campeões da AFC Norte, sendo que em 2019 a equipe chegou à marca de 14-2 na temporada regular, massacrando adversários ao longo do caminho, o que os tornava, inclusive, favoritos ao Super Bowl. Isso tem nome e sobrenome: Lamar Jackson.A equipe de Baltimore possuía diversas qualidades e consistência, mas o rendimento com Joe Flacco em 2017 e 2018 encontrava-se aquém do seu potencial. Eis que, com uma lesão de seu QB titular em novembro de 2018, o novato Lamar Jackson teve a chance de brilhar e se firmar de vez na posição.A partir de então, a ascensão de Lamar foi meteórica, o que lhe garantiu o posto de MVP da temporada de 2019 (por decisão unânime).Obviamente que um QB não joga sozinho e a grande performance no último ano também teve foi construída por um ataque sólido, baseado no jogo corrido, com grande destaque para Mark Ingram e Marquise Brown.Mesmo com a eliminação pelo Tennessee Titans nos playoffs, a campanha terrestre dos Ravens foi a melhor da história da NFL.Assim, a previsão para os Ravens é de uma grande temporada e o time pode até ousar mais em suas jogadas de ataque. Quem sabe, o ataque aéreo não começa a crescer? O WR Marquise Brown vem motivado para se firmar nesta temporada.Além deles, os novatos Devin Duvernay e J.K. Dobins tem agradado nos treinos, mostrando grande potencial. Por outro lado, ainda que o time tenha sido arrasador, sua defesa teve baixas em 2019 relevantes, mostrando necessidade de reforços nesse setor. Assim, para 2020, teremos Calais Campbell e Derek Wolf, jogadores que podem, com eficiência, suprir as necessidades no setor defensivo.Ainda na defesa, vale mencionar que, como primeira pick no Draft, Baltimore selecionou o LB Patrick Queen. O garoto chega com uma grande responsabilidade, afinal, estará ocupando um lugar que já foi dos grandes Ray Lewis e CJ Mosley.Mas, como nem tudo é um mar de rosas, os Ravens também passaram por seu momento “bafão” cpm a dispensa de Earl Thomas, por conta de uma briga do jogador durante o treino.Sem dúvidas, as contratações de 2020 somadas ao grande time de 2019, colocam os Ravens na posição de franco favorito ao Super Bowl. Cleveland BrownsNos últimos anos, os Browns eram uma fonte inesgotável de graçolas, memes e piadotas em geral. Em 2017, houve até parada na cidade Cleveland em razão da “Temporada Perfeita” do time naquele ano (0-16).Mas, após atingir essa marca negativa, os Browns trabalharam para reconstrução. Em 2018, o time draftou o QB Baker Mayfied, chegando a 7-8-1 na temporada, com um time que tinha ainda grandes jogadores, como Carlos Hyde e Jarvis Landry.Para 2019, a equipe buscou mais reforços e teve como grandes contratações Odell Beckham Jr. e Kareem Hunt. Além disso, Nick Chubb, calouro do ano anterior, mostrou grande evolução. Pronto! Muita gente se iludiu e cravou: Cleveland Browns campeão.Contudo, vimos que não seria bem assim logo na estreia, quando a equipe perdeu para os Titans por 43 a 13. Lembremos que, no início da temporada, os Titans ainda não eram grande coisa (o time só embalou no campeonato de 7ª rodada).No fim das contas, os Browns terminaram a temporada com 6-10, ficando com o terceiro lugar da AFC North.Esse resultado decepcionante, não foi pela qualidade técnica dos jogadores, mas por questões com o comando. O Head Coach Freddie Kitchens “perdeu o vestiário”, o que tornou a situação insustentável.Isso mostra o outro lado do time dos Browns em 2019: jogadores de talento, mas com grandes problemas disciplinares. Kitchens, que não tinha experiência como técnico profissional, tendo entrado no ano anterior como assistente.A coisa saiu do controle de uma tal forma, que Myles Garrett, que vinha produzindo bem até então, sofreu uma suspensão até o fim da temporada após arrancar o capacete de Mason Rudolph e agredi-lo na sequência.A matemática é simples, pois ao somar [Time “hypado” + problemas disciplinares + técnico inexperiente ], vemos que poderia ter sido pior que 6-10.Como “bônus”, Baker Mayfield sofreu uma grande queda de produtividade, terminando a temporada com 21 interceptações. Foram também muitos sacks, mostrando que, além de problemas do jogador de seu QB pocket, os Browns tinham questões com sua linha ofensiva.Virada essa página, Kitchens foi demitido substituído por Kevin Stefanski, Myles Garret voltou da suspensão e a equipe fez um bom trabalho no draft. Com isso, a expectativa é boa.O grande desafio dos Browns deste ano, não será a falta de bons jogadores, mas sim, mantê-los coesos como um time deve ser. Cincinatti BengalsOs Bengals foram o pior time da temporada de 2019, com 2-14, por isso, tiveram direito à primeira pick geral no draft de 2020.Pela lógica básica, a escolha seria de um QB, pois Andy Dalton já não convencia há muito tempo. A única dúvida (ainda assim, mínima) era: Joe Burrow ou Tua Tagovailoa.Mas, no final das contas, deu o óbvio, os Bengals draftaram Joe Burrow, deixando Tua para os Dolphins.Esse recrutamento é um grande sopro de esperança ao torcedor de Cincinatti, pois a posição de QB na equipe já se encontrava deficitária há muito tempo e pode ser muito bem ocupada pelo novato.Atuando pela LSU, Burrow chegou a uma temporada invicta em 2019, com um despenho de altíssimo nível, que lhe rendeu o Troféu Heissman. O que chama a atenção também é a maturidade do jogador, que parece chegar mais pronto para assumir a titularidade.Com isso, a expectativa é gigante!Porém, como QB sozinho não ganha nem perde campeonato, substituição de Dalton, era só um dos problemas a se resolver nos Bengals. Além dele, o resto do ataque a linha ofensiva e a defesa (ou seja, praticamente o time todo) também contribuíram para o pífio resultado no último ano.No ataque, a equipe sentiu muito a falta de seu WR A.J. Green. Para 2020, o jogador volta ao time com um incentivo extra, pois teve seu contrato renovadoJá a linha ofensiva falhou miseravelmente na proteção a Andy Dalton que sofreu 37 sacks no último ano. Por isso, a equipe trabalhou bastante para resolver essa questão e tentar manter Burrow a salvo. A ideia foi de reconstrução por meio de um misto entre veteranos e novatos, mas ainda, assim, a nova linha ainda não conquistou a confiança e vai ter que se provar durante a temporada.No setor defensivo, os Bengals foram o time que mais cedeu jardas. Assim, para 2020, acertar a defesa se tornou algo vital. Por isso, a direção abriu o cofrinho, trazendo os ex-Vikings, D.J. Reader e Trae Waynes, que estão na lista da Forbes dos 100 atletas mais bem pagos.Tudo seria lindo se Trae Waynes não tivesse se machucado em meados de agosto durante os treinamentos. O jogador, que custou US$ 42 milhões ao time, infelizmente sofreu um rompimento no músculo peitoral e teve que ser submetido a uma cirurgia, de forma que perderá parte da temporada. Triste.Por tudo isso, o que esperar de Cincinatti para 2020?Por ser uma equipe que vem de tantos problemas técnicos no ano anterior e que está em reconstrução, ainda não se pode esperar muito, porém, 2020 tende a ser melhor, ficando a expectativa para vermos Burrow jogando e brilhando.
NFL
