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MLB

Entrevista exclusiva com Hanser Alberto, segunda base do Baltimore Orioles

(por Leonardo Costa)Nascido na República Dominicana, Hanser “El Potro” Alberto tem uma história de persistência e amor pelo beisebol. Hoje, aos 27 anos, é um dos destaques da sólida campanha do Baltimore Orioles na temporada. Mas, quem o vê atuando não imagina a distância percorrida para chegar onde está.Alberto nos concedeu entrevista direto de sua casa, em Baltimore, momentos antes de entrar em campo contra o Toronto Blue Jays. Nela falamos sobre seu início no esporte e como chegou até a MLB, além de suas inspirações no beisebol e o que esperar desse surpreendente Orioles. Como foi seu início no esporte? Teve alguma influência que lhe levou a praticar o beisebol?R: Eu comecei muito cedo a jogar beisebol. O beisebol é o esporte nacional da República Dominicana, e aos 5 anos eu já acompanhava meu pai assistindo partidas e também comecei a praticar. Meu pai foi minha grande inspiração, ele é comentarista de beisebol na Dominicana para um programa de tv e também é narrador das partidas da equipe Gigantes del Cibao. Então o beisebol já estava em mim. Foi meu primeiro amor, onde começou essa história bonita que tenho com o esporte, de muito trabalho, esforço e que hoje estou colhendo os frutos.Tem algum motivo para o beisebol ser o esporte principal da República Dominicana?R: Não sei se há uma resposta correta, mas a verdade é que a gente traz o beisebol no sangue. A cada ano o esporte se profissionaliza mais, o país tem uma importância a nível internacional, além de ter uma fábrica em série de produzir jogadores.Como começou sua trajetória na MLB?R: Em 2009 eu já havia feito muitos teste em diversas equipe da liga, como os Royals e os Rangers. E foi a equipe do Texas que me chamou para um período de treino nas instalações da franquia na República Dominicana e eu fui muito bem e após algum tempo me chamaram para atuar pelas equipes menores. Foi onde começou minha carreira profissional, em novembro de 2009. Fiquei com os Rangers até por quase 10 anos e ali tive a oportunidade de jogar nas MLB. Foi um sonho que se converteu em realidade, algo que quase todo jogador de beisebol almeja. São muitas as dificuldades que se passam até você receber a chamada de que vai estrear nas grandes ligas, e para mim, para minha família, amigos, foi um momento lindo e de muita alegria.Como foi sua adaptação na MLB após assinar com os Rangers?R: Com certeza o mais difícil é ficar longe da família, dos amigos e dos seus costumes. Mas eu sempre fui me preparando pra quando esse momento chegasse, tanto que eu já tinha um bom conhecimento do idioma e ainda tive ajuda de meus companheiros de equipe para melhorar a cada dia. Tem algumas adaptações com regras de jogo que são um pouco diferentes, mas no final o amor pelo jogo fala mais alto e você supera tudo. Mas o mais importante é que o esporte em si te transforma para além de um atleta, ele te transforma em um bom pai, um bom filho, um ser humano melhor, a ser leal, a lutar por seus companheiros, essa é a magia.Após sair dos Rangers você acertou com diversas equipes antes de assinar com os Orioles. Como foi esse processo?R: Em outubro de 2018 os Rangers me botaram na lista de waivers e em pouco mais de uma hora eu fui parar nos Yankees, que por sua vez optaram por me deixarem livre em janeiro de 2019. Aí os Orioles me chamaram, mas com somente dois dias de treinamentos eles precisavam abrir espaço no elenco e acabei indo para o San Francisco Giants e até que por fim voltei para o Baltimore onde estou até hoje. Comecei como reserva, recebendo poucas oportunidades, mas eu aproveitava cada minuto em campo e fui conquistando meu espaço. As vezes tudo o que precisamos é que uma pessoa confie na gente, que nos dê uma chance e graças a deus nos Orioles eu tive a oportunidade de mostrar meu trabalho e hoje sou o 2B titular.Você é conhecido por ser um jogador muito versátil, que já atuou em diversas posições. Qual o segredo para isso?R: Com certeza a versatilidade te dá maiores chances de jogar, mas eu sempre tratei de trabalhar muito para estar pronto quando a oportunidade aparecesse. Quase sempre joguei como infield, mas quando cheguei em Baltimore a equipe precisou que eu jogasse como outfielder e tratei de estar preparado, treinado com os técnicos da posição e garantir meu lugar no lineup e colaborar com a equipe.Os Orioles tem sido uma grata surpresa neste começo de temporada. Vocês esperavam essa boa campanha até agora?R: Em uma temporada curta como a desse ano, de apenas 60 jogos, muita coisa pode passar que em um ano normal talvez não passaria. Nós temos uma equipe muito jovem, e pode ser que essa juventude se adapte mais rápido do que jogadores veteranos, e isso nos dá uma certa vantagem. Nosso elenco é muito unido, em que um joga pelo outro, sempre nos apoiando, e isso é vital para confiança. Estamos trabalhando muito para seguir nesse bom momento e esperando colher os resultados mais adiante.Hoje você é um dos melhores rebatedores da equipe. É fruto de alguma preparação específica?R: Preciso dizer que nossa equipe tem grandes rebatedores. Eu sempre tive um bom contato, uma habilidade natural em rebater, um presente de Deus. Mas evidente que trabalhei muito na temporada morta, sobretudo na escolha das melhores bolas para tentar o swing, além de todo um preparo físico de força e os resultados estão aparecendo. As pessoas não enxergam todo o trabalho de preparação de um atleta antes mesmo da temporada começar.Quais são seus ídolos no esporte? Os jogadores que mais te inspiraram?R: Então, entre tantos jogadores incríveis que a República Dominicana produz, eu gostava de dois colombianos: Orlando Cabrera, shortstop que atuou por Boston Red Sox, Montreal Expos, dentre outros, e o também shortstop Édgar Rentería, que ganhou títulos por Miami Marlins e St. Louis Cardinals. A entrega deles, a forma de jogar é o que o pessoal nos Estados Unidos chama de ‘gamers’, sempre elétricos, ajudando muito a equipe, com boa defesa, sólidos no ataque. Acompanhei muito e me inspirei na carreira deles.Atualmente o Brasil tem vários jogadores com contrato assinado com equipe da MLB e muitos deles são enviados para República Dominicana para atuar antes de irem para as instalações nos Estados Unidos. Como você vê essa passagem pela República Dominicana no que diz respeito a evolução dos jogadores?R: É importante dizer que as 30 franquias da MLB possuem equipes na liga dominicana, então, você tem lá um staff que está em contato direto com a direção central da franquia, além de inúmeros scouts que passam relatórios rotineiramente sobre o desenvolvimento dos jogadores. Isso ajuda a quem vem de outros países, como Brasil, mas também ajuda ao surgimento de mais jogadores dominicanos que chegam até a MLB. É um intercâmbio importante em que o país ganha, a população ganha e os atletas de outros países que vêm atuarem na liga também saem ganhando. Eu fico muito orgulhoso de ter meus país como referência no esporte.Chegou a enfrentar algum brasileiro na MLB?R: Eu tenho um bom amigo brasileiro, o Paulo Orlando, campeão com os Royals em 2015, e nos enfrentamos muito nas ligas menores quando ele jogava por Kansas. É uma grande pessoa. Também enfrentei o André Rienzo quando jogava pelos Marlins. Sei que a cultura do beisebol no Brasil vem crescendo nos últimos anos, e os que passam por aqui demonstram o um grande nível, como o Orlando, Rienzo, Yan Gomes.Agradecemos ao Hanser Alberto pela entrevista sensacional e desejamos toda a sorte para ele e o Baltimore Orioles.

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