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NFL

É agora ou nunca para Sam Darnold

(por AC Carvalho) Quando selecionado na terceira posição geral do draft de 2018, o torcedor dos Jets comemorou ao ver uma possível primeira escolha caindo em seu colo sem precisar realizar troca alguma. Darnold impressionava pelo seu QI de jogo e teto alto para quando atingisse todo o potencial. Não à toa era considerado o melhor prospecto daquele ano por grande parte dos analistas. Sam Darnold era um prospecto de encher os olhos e os Jets sabiam disso.O que não sabiam é que um Darnold sozinho não resolveria todos os problemas de uma franquia carente de talento em praticamente todas as posições de seu elenco. E essa foi a tônica dos Jets durante os 3 anos de Sam Darnold: um elenco pobre em talentos, mal treinado e que pouco fez para reverter essa situação.Para exemplificar quão ruim tem sido o New York Jets nos últimos anos, analisemos a construção do ataque para a disputa da última temporada, que foi a última de Sam Darnold atuando pela franquia. Começando pela linha ofensiva, os Jets tiveram o calouro Mekhi Becton atuando como Left Tackle, o qual mostrou potencial para ser o futuro da franquia na posição. Depois dele, ninguém mais se destacou na proteção do jovem QB ou abrindo espaço para o jogo terrestre. Os Guards Alex Lewis e Greg Van Roten, o Center Connor McGovern e o Right Tackle George Fant pouco mostraram ao longo do ano.Sobre os recebedores, a falta de talento era visível. Jamison Crowder foi o alvo mais confiável de Sam Darnold ao longo do ano, e quando Crowder é seu principal recebedor quer dizer que tem algo importante faltando em seu time. As outras opções batalharam para pelo menos conseguirem permanecer dentro de campo, como foi com Breshad Perriman, Denzel Mims e Chris Herndon. Já no backfield, os Jets iniciaram a temporada com Le’Veon Bell ainda tendo que justificar o altíssimo investimento feito pela franquia, uma vez que pouco tinha apresentado com a camisa de Nova Iorque… e continuou por isso mesmo. No meio da temporada ele foi trocado e os Jets seguiram com Frank Gore, Ty Johnson, Josh Adams e Lamical Perine. Nem há muito o que dizer sobre esse grupo além de ressaltar a notória falta de qualidade nas opções disponíveis.Ao ser trocado pelos Jets, Darnold dificilmente iria para uma franquia com piores opções de talento ao seu redor, independente do time que fosse parar. Para sua sorte, nos Panthers ele terá um qualificado corpo de recebedores, um excelente Running Back e uma linha ofensiva superior, nem que seja apenas um pouco em comparação ao que teve. Além dos jogadores, o corpo técnico da franquia é claramente superior daquele que teve em Nova Iorque.Para a temporada de 2021, os Panthers contam com um trio de WRs formado por DJ Moore, Robby Anderson e o calouro Terrace Marshall Jr. Anderson é um antigo conhecido de Darnold, uma vez que foram companheiros de equipe no New York Jets, onde Robby se apresentou como melhor arma que Darnold teve em suas 3 primeiras temporadas atuando na NFL.DJ Moore já é uma estrela na liga e está a um passo de se consolidar como um dos principais recebedores de toda a NFL. Em suas primeiras temporadas, Moore foi bastante utilizado no slot recebendo passes curtos e eventualmente sendo acionado em jogadas em profundidade. Já para 2020, os Panthers resolveram endereçar esse papel ao recém-chegado Robby Anderson, direcionando DJ Moore a rotas mais longas, com o intuito de aproveitar sua velocidade e capacidade de separação dos defensores. Essa transição acabou diminuindo seu número de recepções na temporada, sobretudo por estar recebendo passes de Teddy Bridgwater, que não é conhecido como um dos melhores braços da liga.Já o calouro Terrace Marshall Jr vem surpreendendo desde que chegou ao time. Na pré-temporada foi o WR calouro com melhor produção em números e que mais impressionou pelo tempo dentro de campo. Suas 3,93 jardas por rota percorrida são de longe a melhor marca dos calouros na pré-temporada, onde recebeu 9 passes para 181 jardas.Quanto ao backfield, Darnold terá ninguém menos que Christian McCaffrey à sua disposição. Upgrade considerável para quem contou com o veteraníssimo Frank Gore ao término da última temporada. Até mesmo Le’Veon Bell, trocado pelos Jets aos Chiefs no ano passado, não conseguiu contribuir em Nova Iorque como contribuía em sua época de Pittsburgh Steelers.Já sobre sua linha ofensiva, nos anos de NY Jets o jovem Sam Darnold sofreu muito além do que um calouro deveria sofrer quanto ao tempo necessário para realizar suas leituras e executar as jogadas. Constantemente a linha ofensiva dos Jets figurou entre as piores de toda a NFL e Darnold jamais teve a proteção necessária para minimamente permanecer saudável dentro de campo. Nos Panthers esse problema pode permanecer, porém em menor escala, uma vez que o time é visivelmente mais bem treinado do que sua antiga franquia foi.Por fim, e não menos importante, na verdade muito pelo contrário, por se tratar de um jovem QB, o corpo técnico que Sam Darnold teve à disposição pode ter sido o pior de toda a NFL nos últimos anos. Adam Gase se consolidou como um perene candidato à demissão ao redor da Liga e acabou durando no cargo mais tempo do que deveria. Ter um treinador capaz de moldar seu jovem QB e proporcionar um ambiente ideal para seu desenvolvimento é essencial, mas o que Darnold teve nos Jets foi o contrário disso.Para se ter uma ideia do quão ruim Adam Gase tem sido para seus jogadores, basta analisar como foi o crescimento de alguns jogadores após saírem do seu comando técnico, como por exemplo Ryan Tannehill, Robby Anderson, Jarvis Landry, Damien Williams, Kenyan Drake, Mike Gesicki e DeVante Parker. Sair de Adam Gase para estar sob comando de uma mente ofensiva como Joe Brady deve ajudar muito o desenvolvimento de Sam Darnold.Entretanto, a mudança de ambiente, corpo técnico e de jogadores ao seu redor deve ser acompanhada de uma evolução técnica do jovem QB. É injusto jogar toda a responsabilidade pelas suas más atuações na franquia de Nova Iorque e os funcionários empregados por ela. Ao longo de seus 3 primeiros anos na NFL, Darnold tem em seu currículo um repertório de diversas jogadas onde mostrou uma péssima tomada de decisão ou até mesmo uma execução ruim daquilo que estava proposto.Pensar que apenas uma mudança de ambiente transformará um dos QBs mais ineficazes da liga numa estrela pode não ser a melhor aposta, mas sim é justo apostar no conjunto de fatores que resultam dessa mudança, aliado a um correto desenvolvimento do jovem QB acarretar na colocação de Sam Darnold de vez no caminho para se ter sucesso na NFL.A troca de ambiente é favorável não somente a Sam Darnold, mas os Jets também parecem ter encontrado o futuro do time para os próximos anos em Zach Wilson, o qual contará com um ambiente muito mais favorável para seu correto desenvolvimento em comparação com aquele que Darnold teve em suas primeiras temporadas.A partir desse ano Darnold não terá mais Adam Gase e o péssimo elenco ao seu redor que acabaram tirando qualquer possibilidade de sucesso no início de sua carreira. Agora cabe a ele evoluir como jogador, tomando melhores decisões e sendo mais preciso dentro de campo. Os alvos à sua disposição proporcionarão esse sucesso pela primeira vez em sua curta carreira até o momento, então não há mais motivos para Darnold continuar com suas pobres atuações. Está na hora dele justificar a escolha que foi selecionado e toda a expectativa colocada sobre ele nos últimos anos.

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