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NBA

De Harden a Jalen Green: como tem sido a reconstrução dos Rockets

(por AC Carvalho) Desde que chegou aos Rockets, em 2012, numa troca que culminou com a ida de Jeremy Lamb, Kevin Martin e escolhas do draft ao Oklahoma City Thunder, James Harden conseguiu transformar a franquia do Texas num perene contender ao título da NBA. Foram múltiplas temporadas brigando pelo topo do oeste, mas sem atingir o sucesso desejado nos playoffs, tendo os Warriors de Stephen Curry como principais algozes da franquia texana.O time esteve próximo de vencer em 2018, quando os Rockets lideravam a série contra Golden State na final da conferência por 3×2, mas sem conseguir fechar o confronto nas duas oportunidades que teve, permitindo que os Warriors conquistassem mais um título com um núcleo formado por Curry, Klay Thompson e Draymond Green. Dolorida derrota para um time que terminou a temporada regular com a melhor campanha geral, conquistando 65 vitórias das 82 possíveis.Em 2019 o time mais uma vez foi eliminado pelos Warriors nos playoffs e, no ano seguinte, mal conseguiu competir contra os Lakers de LeBron e Anthony Davis na Bolha da Disney, marcando o estopim para o pedido de troca de sua superestrela James Harden, que foi precedido do mesmo pedido por parte de Russell Westbrook.Mas, não foram apenas as estrelas que pediram para sair: Daryl Morey, o antigo GM de Houston e atual presidente de operações dos Sixers, também deixou Houston após a eliminação para os Lakers. Sua saída foi acompanhada da não-renovação do contrato de Mike D’antoni, que desde 2016 comandava a franquia dentro de quadra.As duas estrelas, o General Manager e o treinador principal não estariam mais com Houston para a temporada 2020/21. Pelo menos essa era a ideia de cada um deles. Não funcionou muito bem com Harden, uma vez que seu caso adentrou a temporada regular daquele ano até culminar na troca que o levou aos Nets.Para o cargo de General Manager da franquia, que foi aberto com a saída de Morey, os Rockets promoveram Rafael Stone, que até então integrava a equipe de Morey na gerência da franquia. Em sua primeira temporada como GM de Houston, Stone teve que lidar com a transição do comando técnico da equipe – passando de Mike D’Antoni para Stephen Silas -, com o pedido de troca de suas estrelas e, por conta disso, com o início de uma reconstrução para um time que estava desguarnecido de jovens atletas e escolhas do draft, sendo ambos ativos de extrema importância para o início de reconstrução de qualquer time. Tarefa ingrata para um estreante na posição de GM de uma tradicional franquia acostumada a ter grandes aspirações.Em seu primeiro ano, Stone conseguiu recuperar boa parte do capital de draft dos Rockets nas trocas que culminaram nas saídas de Harden, Westbrook e Covington – offseason e início da temporada – e, posteriormente, PJ Tucker e Victor Oladipo na trade deadline. Considerando a saída desses cinco jogadores, Houston adicionou 8 escolhas de primeira rodada e cinco direitos de swap. Além de recuperar o capital de draft perdido nos anos anteriores, Stone colocou Houston como a 2ª franquia com mais escolhas de 1ª rodada na Liga. O time só ficou atrás de Oklahoma, obviamente. É impossível não ficar atrás de OKC.Quanto aos jovens atletas, Christian Wood chegou na troca que envolveu a ida de Covington aos Blazers. O atlético KJ Martin foi selecionado na 2ª rodada do draft do ano passado. Jae’Sean Tate, um jogador não-draftado, chegou durante a Free Agency do mesmo ano e terminou a temporada como integrante do time ideal de calouros.Logo após a troca de James Harden, Stone ainda conseguiu adquirir Kevin Porter Jr., de Cleveland, por uma escolha protegida de 2ª rodada que muito provavelmente sequer será convertida. Um pilar da franquia que foi conseguido sem abrir mão de absolutamente nada. Claro que o histórico de KPJ fora das quadras pesou negativamente em seu valor de mercado, mas Rafael Stone, mais que quer outro GM, acreditou numa possível recuperação do jogador e num ambiente que favorecesse seu sucesso dentro e fora das quadras. Menos de um ano depois da troca, esse caminho tem sido percorrido da melhor forma possível por Houston e sua joia.Ainda sobre KPJ, outro ponto de destaque para Stone foi a percepção em mudar seu estilo de jogo tornando-o um armador de ofício, por acreditar que seus principais fundamentos são o passe e o controle de bola – notadamente atributos de um Point Guard. Essa transição tem sido frutífera: KPJ tem evoluído drasticamente como passador. Na temporada passada, quando titular, KPJ apresentou uma média de 6,5 assistências por partida. Quando não teve John Wall para dividir a bola, essa média subiu para 7,5 – número esse que o colocaria em 7º dentre todos os jogadores da Liga, empatado com o astro Damian Lillard. Isso aos 20 anos de idade.Já para essa temporada, munido de um importante arsenal de picks, incluindo uma escolha adquirida na noite do draft, Stone contou com as picks #2, #16, #23 e #24 para o draft do último dia 29, sendo as duas últimas fruto de trocas que envolveram Robert Covington e PJ Tucker.A primeira escolha foi endereçada para o promissor Jalen Green, considerado o principal recruta nacional em 2020 pela ESPN. Após apenas duas partidas da Summer League, Green já começa a abrir sua caixa de ferramentas com a camisa dos Rockets. Na primeira partida do torneio, Jalen Green anotou 23 pontos e venceu os Cavaliers de Evan Mobley. Já na noite de ontem (10), contra o Detroit de Cade Cunningham, Green anotou 25 pontos e ajudou os Rockets a conquistarem a 2ª vitória na competição.A segunda escolha de Houston foi utilizada no MVP de uma das principais competições nacionais do planeta: o turco Alperen Sengun. Em suas duas primeiras partidas com a camisa dos Rockets pela Summer League, Sengun tem se destacado em ambos os lados da quadra, apresentando predisposição para o seu conhecido jogo de post e surpreendendo positivamente com boa mobilidade na defesa.As duas últimas escolhas dos Rockets no draft deste ano foram endereçadas ao espanhol Usman Garuba, que ainda não foi apresentado em Houston por conta de sua participação nas Olimpíadas de Tóquio, e ao ala Josh Christopher, que tem chamado a atenção pelas suas atuações defensivas no pouco que apresentou até o momento pela franquia texana.Ao analisar o trabalho feito por Rafael Stone desde que assumiu a condição de GM do Houston Rockets no final do ano passado, é difícil não reconhecer a capacidade do novo GM em adicionar jovens talentos ao elenco. Com pouco menos de 1 ano à frente da franquia, os Rockets passaram de um dos quintetos mais envelhecidos da Liga (PJ Tucker, Eric Gordon, James Harden, Russell Westbrook e Robert Covington) para uma injeção de juventude protagonizada por Kevin Porter Jr, KJ Martin, Jae’Sean Tate, Christian Wood, Jalen Green, Alperen Sengun, Usman Garuba e Josh Christopher.É certo que nem todos os jovens atingirão o potencial esperado, sejam estes os que já se encontram nos Rockets ou aqueles que ainda chegarão com as escolhas que a franquia tem para o futuro, mas é certo que Houston já possui uma base jovem o suficiente para mudar o foco que a franquia teve na última década.Os resultados traduzidos em vitórias podem não aparecer num curto espaço de tempo. E nem devem aparecer. Quando um time muda drasticamente seu núcleo veterano para um formado por atletas de 19 a 25 anos, a tendência é que os anos que sucedem essa transição sejam focados no correto desenvolvimento dos jovens atletas e não pela busca do topo da tabela,  mando de quadra ou vitórias em pós-temporada – como constantemente acontecia na era Harden.Desse modo, a próxima temporada não deve ter Houston repetindo a memorável rivalidade com Golden State de Stephen Curry e nem enfrentando LeBron James nos playoffs por uma possível revanche pela eliminação sofrida em 2020, mas o que poderemos ver é uma das equipes mais jovens da NBA dando todo o espaço que seus jovens precisam para se desenvolverem e, quem sabe, daqui alguns anos poderem voltar almejar voos mais altos na NBA.

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