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Futebol

Da passagem vitoriosa pelo Athletico ao seu momento na MLS: Entrevista exclusiva com Matheus Rossetto, jogador do Atlanta United

(por Leonardo Costa)Um dos ídolos recentes da história do Clube Athletico Paranaense, Matheus Rossetto deixou o Furacão em 2020 para jogar no futebol da MLS. Desde então, defende as cores do Atlanta United, um dos clubes mais estruturados e com uma das torcidas mais apaixonadas da liga de futebol dos Estados Unidos.Documentalmente, Matheus nasceu em Santo Amaro da Imperatriz, cidade catarinense da Grande Florianópolis, mas foi na vizinha Palhoça em que passou toda sua infância até ir para o Atlhetico no ano de 2009, aos 13 anos. “Não sei exatamente porque eu nasci em Santo Amaro, mas sempre morei em Palhoça e até hoje meus familiares moram lá”, conta o jogador, entre risadas, sobre seu local de nascimento.Matheus já se destacava no futsal da AABB de Florianópolis quando surgiu a oportunidade de fazer um teste no Athletico: “Na época, fomos em 10 meninos de Floripa fazer o teste e só eu consegui a vaga. Isso pra mim foi uma responsabilidade ainda maior, já que eu era o único que havia sido escolhido. Muitos dos meus colegas tiveram dificuldade em mostrar no campo o que faziam na quadra e acabaram não ficando, mas no meu caso o futsal me ajudou em diversos quesitos, como na rapidez de tomada de decisão, sem falar do drible. Até hoje eu uso técnicas que aprendi no futsal, mas me adaptei rápido ao campo”, recorda o atleta sobre seu início na base do clube paranaense.Em uma cidade nova e longe da família, Matheus conta que recebia ajuda de custo do clube após entrar para a base, mas que na época o dinheiro era curto. Entretanto, ressalta toda a estrutura que o Athletico dispõe para seus jogadores da base: “O diferencial do clube é que eles te tratam como um filho, com alimentação, segurança, tudo que você imagina, além de que a equipe dá muitas oportunidades para os jogadores da base”. Até hoje o jogador recorda com carinho sua primeira partida como profissional, no ano de 2015, pelo Campeonato Paranaense. A estreia ocorreu após se recuperar de uma lesão sofrida quando defendia a equipe sub-20, mas foi no ano seguinte que ele considerou sua estreia “pra valer”: Entretanto, antes desse “início oficial”, a contusão dos tempos de sub-20 voltou a incomodar: “A lesão que eu tive, no púbis, era bem complicada, até pelo próprio local em si. Diferente de uma lesão no tornozelo, por exemplo, no púbis você não consegue tocar, tratar diretamente. Foi um momento bem difícil pra mim. Sofri bastante. Foram vários meses de recuperação. Às vezes eu levantava bem, ia treinar, e no primeiro toque na bola eu sentia dor. Sentia dor pra trotar, caminhar. Só para cessar a dor foram quase dois meses. Mas no final, com o apoio da família, dos amigos e dos fisioterapeutas e profissionais do clube, me recuperei e foi mais uma vitória”.Até que no ano seguinte, em 2016, recuperado da lesão, a estreia “pra valer” do jogador aconteceu: “Eu entrei na partida contra o Sport, e cada momento, cada toque na bola foi especial. Parece que foi ontem. Lembro que na noite anterior eu não conseguia dormir de ansioso, e no fim deu tudo certo”, relata Matheus. À época, o técnico da equipe era Paulo Autuori, que promoveu a entrada de Matheus aos 21 minutos da segunda etapa, no lugar do meia Juninho, outro jogador da base do Furacão.A temporada de 2016 foi essencial para Matheus se firmar na equipe principal. Sob o comando de Autuori, chegou a jogar de lateral-direito, mas sempre deixou claro que gostaria mesmo de atuar como segundo volante, o famoso box-to-box. Em seu ano de estreia, foram 16 jogos pelo Campeonato Brasileiro, anotando dois gols, um deles diante o rival Coritiba na vitória por 2 a 0, com assistência de Hernani, outro jogador da base do Athletico e que hoje joga no Parma, da Itália. Com a 6ª colocação no Brasileirão 2016, o Athletico garantiu vaga na pré-Libertadores do ano seguinte e parou apenas nas oitavas de final. Matheus Rossetto confirmou a titularidade, e no total, na temporada de 2017, o jogador fez 42 partidas, anotando 1 gol e distribuindo 5 assistências, três delas pelo torneio continental.Além de ser extremamente técnico, Matheus sempre foi reconhecido por sua entrega dentro de campo. E foi esse um dos quesitos que levou o Atlanta United a buscar sua contratação algum tempo depois de se firmar na equipe principal. Antes disso, vieram as conquistas da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil, dois títulos inéditos para o clube paranaense, e quase uma transferência para o Rio Grande do Sul: “Eu tinha mais dois anos de contrato com o Athletico, o Dorival Junior tinha acabado de chegar no clube e tinha uma possibilidade real de eu ir para o Grêmio, mas acabei ficando”, conta o jogador. Na época, Grêmio e Athletico estudavam uma troca por empréstimo envolvendo Rossetto e o meia Thonny Anderson, atualmente no Bahia, que acabou não ocorrendo. “Pouco tempo depois veio a proposta do Atlanta, e de começo eu pouco sabia do clube, mas ao conhecer o projeto decidi que era o momento certo para me transferir”, relata, Matheus, que também falou sobre o carinho que mantém pelo Athletico até hoje. Em fevereiro de 2020 o Atlanta United anunciou a contratação do brasileiro, e coube ao diretor técnico do clube dos Estados Unidos, Carlos Bocanegra, falar sobre a chegada de Matheus: “Ele é um meio-campista tecnicamente talentoso e se encaixa no perfil do nosso clube, além da experiência internacional na Libertadores e Sul-Americana. Temos o prazer de adicioná-lo à equipe e esperamos que ele fortaleça nosso meio-campo imediatamente”, completou o ex-jogador.”Eu não falava inglês quando cheguei ao Atlanta. Tinha um técnico holandês – Frank de Boer – e um idioma diferente no meio de jogadores de várias nacionalidades. Os argentinos que me ‘salvaram’, como o Pity Martínez, que tinha sido campeão da Libertadores com o River Plate, o Ezequiel Barco, entre outros”, conta Matheus sobre seus primeiros dias nos Estados Unidos, que também revelou que ainda não está fluente no inglês, mas que o espanhol está afiado.Se antes a MLS era vista como uma liga em que astros chegavam para se aposentar, como os casos de David Beckham, Frank Lampard, Andrea Pirlo, e tantos outros, esse perfil vem mudando nos últimos anos, e o próprio Matheus percebeu essa mudança: “Eu mesmo tinha esse pensamento sobre a MLS, mas de alguns anos pra cá as coisas mudaram muito aqui na liga, com diversos jogadores indo para Europa. A visão de que a MLS era para jogadores em fim de carreira já ficou para trás. Hoje muitos atletas almejam estar aqui, e tem muito jogador de qualidade atuando nos Estados Unidos. O próprio Atlanta percebeu isso e já colheu frutos ao ser campeão da MLS recentemente”. Entretanto, se a MLS proporciona ao jogador uma boa qualidade de vida e também uma vitrine para Rossetto, umas das coisas que o Brasil supera por muito é a pressão da torcida: “Aqui ainda falta aquela pressão da torcida que a gente sente no Brasil. O ambiente ainda é diferente, mas a gente já percebe um aumento na cobrança, e eu gosto disso. Na minha estreia com o Atlanta o estádio estava com mais de 70 mil pessoas, e eles ajudam sendo um jogador a mais, e fica difícil a gente perder em casa”.O Mercedes Benz Stadium, casa do Atlanta United, também recebe jogos do Atlanta Falcons, equipe da NFL, e foi inaugurado em 2017 com capacidade para cerca de 71 mil pessoas.Logo depois de acertar com o Atlanta, as competições foram interrompidas pelo início da pandemia e a MLS ficou seis meses parada. No retorno dos jogos, Matheus jogou 17 partidas na temporada de 2020, 10 delas como titular, e duas delas pela Concachampions, torneio da América do Norte e Central equivalente à Libertadores, onde sua equipe parou nas quartas de final.Para a atual temporada, ainda com as dificuldades impostas pela pandemia, e prejudicado por algumas pequenas lesões, Matheus vem ganhando espaço entre os onze iniciais nas últimas rodadas, inclusive sendo titular nas partidas mais recentes da MLS, contra Columbus Crew e Orlando City. “Eu falo aqui para meus companheiros que esse ano eles vão ver a melhor versão do Matheus Rossetto. Me sinto muito bem, fisicamente e tecnicamente, e vou poder mostrar todo meu futebol”, fala o catarinense que vai buscando seu espaço na terra do Tio Sam.

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