(por Bruno Braz)Não é a coisa mais fácil e justa fazer uma análise de algo que sequer aconteceu. Porém, não dá para passar despercebido o debate que está ocorrendo em torno da formação do grid de largada da F1.Para quem ainda não sabe, está em estudo para alguns GPs a implementação de uma mini corrida no sábado. Fala-se em dois ou três GPs já em 2021.O tema é debatido desde 2019, como forma de melhorar o espetáculo, deixando mais atrativo aos olhos dos espectadores. Seria uma prova com 100km de distância, onde a classificação final seria a exata ordem de largada da prova de domingo, sem pódio, reservando a cerimônia apenas para a prova tradicional. Um dos treinos livres também seria cortado, afinal, é preciso ser coerente com os custos envolvidos. Até a Ferrari, que costuma ser contra tudo que de alguma forma incomode sua zona de conforto, parece inclinada a deixar a ideia prosperar, assim como o presidente da FIA, Jean Todt, desde que não descaracterize a essência do que é a F1.Para os mais saudosistas, pode ficar a impressão de que estão deturpando a alma da F1, que o número de poles vai ser impactado, que não é mais a volta lançada que define, onde a habilidade do piloto em levar o equipamento ao máximo naquele pequeno intervalo de tempo pode ser medida, uma das características mais marcantes de Ayrton Senna, por exemplo, que muitos colocam como ponto de destaque sobre os demais, quando todo o autódromo esperava o final do treino e não o durante, para ver o que ele faria. E ai do piloto desavisado que estragasse a volta.Mas, como toda moeda tem dois lados, vamos dar uma olhada no que pode ter do outro. Se valerá a pole-position simplesmente chegar na frente, e ainda boas posições de largada dependerão disso, e se colocarmos na equação que em teoria, os pilotos estarão dando o máximo, sem se preocupar em poupar pneus ou combustível, podemos ter 100km de puro quebra pau, no bom sentido. Artificial? Talvez sim, talvez não. Pode ser a oportunidade que muitos queriam de ver o grid atual andando o máximo de tempo no limite da máquina, sem ter que se preocupar com desgaste de pneu e combustível, um dos contratempos atuais.Valerá a pena assistir caso a ideia realmente seja implementada já nesta temporada e aí sim, tirar as conclusões. Talvez os mecânicos tenham algum trabalho adicional nesses GPs. 100km com todo o pelotão dando tudo, pode adicionar mais contatos entre os carros. No fim, pode ser a oportunidade que sempre esperamos: um nível de ação mais alto e agudo.Veremos.
Automobilismo
