chuck daly e1527174734238
NBA

Chuck Daly, o Morfeu do Basquete

(por Vinícius Freitas)Charles Jerome Daly, nascido em 20 de Julho de 1930, em Kane, na Pensilvânia, foi um dos nomes mais importantes da história da NBA e da Seleção Americana, apesar da antipatia de muitos adversários no auge de sua carreira como técnico, porém não o tornando menos querido e respeitado dentro do esporte.Carreira UniversitáriaDaly nunca atuou profissionalmente como jogador, já desde cedo começando sua trajetória no basquete como treinador. Em 1955 teve sua primeira oportunidade para assumir uma equipe, o time colegial de Punxsutawney, da Pensilvânia. Fez um bom trabalho com a equipe, alcançando um recorde de 111V-70D (61% de aproveitamento) em sua passagem de oito anos pela equipe, que se encerrou em 1962. No ano seguinte foi atuar como assistente técnico na Universidade de Duke, ao lado de um dos maiores técnicos do time, Vic Bubas. Em seu período ao lado de Bubas, atingiu a melhor campanha da Conferência da Costa Atlântica (ACC – Atlantic Coast Conference) de 62/63 a 65/66, com 14V-0D, 13V-1D, 11V-3D e 12V-2D respectivamente, conquistando 3 títulos da Conferência, em 62/63, 63/64 e 65/66 (também chegando às finais em 64/65 e 66/67), e se classificando para o Final Four da NCAA (Torneio Nacional Universitário), porém, sem conquistar o título nacional em nenhuma das oportunidades. Deixou o cargo de assistente no final da temporada 68/69, indo substituir o ídolo celta Bob Cousy no Boston College em 69/70, mas sem grandes feitos nas duas temporadas em que permaneceu a frente do time. Depois disso foi comandar a Universidade de seu Estado natal, a Pensilvânia, de 71/72 a 76/77, conquistando o primeiro lugar de sua Conferência, a Ivy League, nos quatro primeiros anos, com as seguintes campanhas: 13V-1D, 12V-2D, 13V-1D e 13V-1D (91% de aproveitamento). Nos dois últimos anos de seu comando, também teve ótimas campanhas, 11V-3D e 12V-2D, mas foram superados pela ascendente equipe de Princeton, que alcançou 14V-0D e 13V-1D, eliminando a equipe de Daly. Nos quatro anos em que classificou a Universidade da Pensilvânia para a disputa da vaga do Final Four da NCAA na região Leste, chegou mais perto do feito no primeiro ano, em 71/72, perdendo as finais para a Universidade da Carolina do Norte. Em 72/73 e 73/74 foram eliminados pela Universidade de Providence, e em 74/75 para Kansas State. Em sua carreira como treinador universitário, conquistou 151V-62D (71%) em 213 jogos, com 26V-24D (52%) pelo Boston College e 125V-38D (77%) pela Pensilvânia entre 68/69 e 76/77.Primeiros Passos na NBAComeçou sua jornada na NBA também como assistente técnico, dessa vez pela tradicional franquia do Philadelphia 76ers, ao lado do ex-jogador e ídolo, Billy Cunningham, campeão como jogador com a franquia em 66/67. Chuck assumiu o cargo na temporada 78/79, permanecendo até a temporada 81/82, alcançando as finais da NBA em 79/80, com os 76ers sendo superados pelo Los Angeles Lakers por 4-2. Em 81/82 no decorrer da temporada, Daly assumiu o comando do Cleveland Cavaliers, que terminou como pior equipe daquele ano, treinando o time em 41 jogos, com 9V-32D, sendo o terceiro técnico demitido pela franquia antes do término da temporada regular. Mas nem tudo em sua passagem pela equipe de Ohio foi ruim, o técnico conheceu no plantel um de seus principais jogadores no auge de sua carreira, o pivô Bill Laimbeer, envolvido em uma transação ainda em 81/82 para o Detroit Pistons, próxima equipe comandada por Chuck.Ida para DetroitEm 83/84 foi anunciado como técnico do Detroit Pistons, substituindo Scotty Robertson, que em seus três anos de passagem pela equipe não conseguiu levar a franquia para a pós temporada, mantendo um hiato que perdurava desde a temporada 77/78. A contratação era inesperada e foi muito criticada pela mídia da época, alegando que a troca de técnicos era seis por meia dúzia. A equipe tinha um ótimo aproveitamento ofensivo, sendo o 6º melhor time no quesito nas duas últimas temporadas com Robertson, com mais de 110 pontos de média por jogo, porém, era uma das piores defesas da liga, deixando de fora dos playoffs um competitivo time formado por Isiah Thomas, John Long, Kelly Tripucka, Bill Laimbeer e Vinnie Johnson.Logo em seu primeiro ano à frente da equipe, melhorou ainda mais as qualidades de ataque, com mais de 117 pontos por jogo, se tornando o 3º melhor ataque da liga e terminando a temporada regular com 49V-33D, melhorando a troca de passes no frontcourt, deixando o ataque mais versátil, com mais jogadores finalizando as jogadas, e mantendo um bom desempenho mesmo contra as melhores defesas da liga. Apesar da evolução no ataque, a equipe seguia ineficiente na defesa, e apesar de ser competitiva, ainda não conseguia superar os principais times da liga, perdendo na primeira rodada do Leste para o New York Knicks de Bernard King por 3-2.Nos dois anos seguintes a equipe terminou com 46V-36D, chegando às Semifinais do Leste em 84/85, superando o New Jersey Nets de Buck Williams na primeira rodada por 3-0, mas sucumbindo diante do temido Boston Celtics de Larry Bird e companhia por 4-2. Em 85/86 a equipe encarou o forte jogo ofensivo do Atlanta Hawks na primeira rodada, e por conta do desempenho lendário de Dominique Wilkins (cestinha da temporada), os Pistons mais uma vez eram eliminados na primeira rodada da disputadíssima Conferência Leste. Ficou claro depois da derrota para os Hawks que a equipe precisava melhorar na defesa se quisesse brigar pelo título, e a comissão técnica começou a estudar esquemas táticos e buscar jogadores com boas características defensivas para equilibrar o time. O ponto positivo da temporada foi a boa escolha feita no draft, selecionando um dos grandes nomes da franquia, o ala-armador Joe Dumars, que logo em sua temporada de estreia conseguiu a titularidade e tinha um bom entrosamento com Isiah Thomas no perímetro.Auge da carreira e fama dos “Bad Boys”Em 86/87, a equipe mais uma vez tinha sorte no draft, selecionando um dos melhores reboteiros da história da liga e também um ótimo defensor, o ala-pivô Dennis Rodman, outro nome importantíssimo no período de Chuck em Detroit, além do pivô John Salley, bom marcador da zona pintada e um bom substituto para Rick Mahorn e Bill Laimbeer. Além disso, os Pistons haviam conseguido uma troca com o Utah Jazz, trazendo um dos melhores pontuadores da liga, o ala Adrian Dantley, que desde o começo de sua carreira tinha aproveitamento nos arremessos acima dos 50%, e nas últimas 7 temporadas tinha médias de pelo menos 26 pontos por jogo. Para trazer o jogador, a equipe mandou em troca o ala Kelly Tripucka junto com o pivô Kent Benson, fazendo um ótimo negócio, visto que, Tripucka teve uma grande queda de desempenho depois da negociação entre as equipes. As mudanças surtiram efeito, com a equipe sendo muito mais sólida e eficiente na defesa, ainda com um bom poder ofensivo, conquistando 52V-30D e igualando a melhor campanha da franquia (temporada 73/74), sendo essa apenas a segunda vez na história dos Pistons com mais de 50 vitórias na temporada regular.Nos playoffs a equipe teve uma postura completamente diferente do ano anterior, muito mais enérgica na defesa, com faltas duras e um jogo muito mais físico, literalmente destruindo as jogadas dos times adversários. Na primeira rodada, venceram sem grandes dificuldades o Washington Bullets por 3-0, do recém contratado Moses Malone, sofrendo menos de 100 pontos em todos os jogos do confronto. Nas Semifinais teriam pela frente novamente o forte ataque do Atlanta Hawks, mas diferente do último encontro das equipes, os Pistons venceram por 4-1, também limitando o adversário a marcar menos de 100 pontos nos 3 últimos jogos da série.Desde 61/62, (quando ainda fazia parte do Oeste) os Pistons não alcançavam as finais de Conferência, e novamente teriam pela frente o Boston Celtics. O confronto foi uma verdadeira guerra, com um jogo físico muito intenso, com provocações, entrevistas polêmicas, e o nascimento de uma das alcunhas mais famosas da liga, os “Bad Boys”. O fator casa foi importantíssimo para a série, com os celtas vencendo bem os dois primeiros jogos, abrindo 2-0, e os Pistons empatando a série, com direito a uma vitória de 145-119 no jogo 4. O jogo 5, disputado no Boston Garden, foi o mais emocionante da série, com as equipes alternando a liderança do placar nos 3 minutos finais. Com 17 segundos para o fim, Isiah Thomas fez uma importante cesta, colocando o Detroit na frente por 107-106, obrigando os anfitriões a pedirem tempo. Bird não conseguiu concluir o ataque seguinte, devido a boa marcação adversária, perdendo a posse de bola com apenas 5 segundos para o fim. Apesar de ter a vitória na mão, Isiah Thomas bateu o tiro lateral e não viu que Bird estava próximo do jogador que ia receber o passe, Bird roubou a bola e deu a assistência para Dennis Johnson fazer a bandeja e virar o jogo para 108-107, garantindo a vitória da equipe de Boston, fazendo 3-2 na série. Os Pistons ainda empataram a série diante de sua torcida, mas não conseguiram superar os Celtics fora de casa no jogo 7 apesar da boa apresentação da equipe. Depois da eliminação dos Pistons, Dennis Rodman afirmou que Larry Bird só tinha a fama de ser um dos melhores da liga porque era branco, pois achava que Magic Johnson merecia muito mais crédito que o ala celta. Thomas posteriormente foi questionado sobre a afirmação do companheiro, da qual concordou com Rodman, dizendo que se Bird fosse negro seria apenas mais um bom jogador, botando mais lenha na fogueira da rivalidade entre as franquias.Apesar de toda a repercussão negativa das afirmações de Rodman e Thomas, e do gosto amargo da derrota nas finais por conta de um erro da equipe, os Pistons melhoraram ainda mais sua defesa na temporada 87/88, sendo o terceiro melhor time no quesito e alcançando a melhor campanha da história da franquia na temporada regular, com 54V-28D. Os “Bad Boys” vestiram a carapuça de vez e nos playoffs fizeram valer o apelido mais uma vez, com a mesma intensidade da temporada anterior, apesar do ótimo basquete coletivo no ataque. Na primeira rodada abriram 2-0 no Washington Bullets de Moses Malone, Bernard King e Jeff Malone, ficando a uma vitória de encerrar a série, mas os Bullets correram atrás e empataram a série em 2-2, causando certa preocupação. No jogo decisivo do confronto, a defesa funcionou muito bem, e os Pistons venceram o duelo por 99-78. Nas semifinais enfrentaram a ascendente equipe do Chicago Bulls, do mais novo astro da liga, MVP e DPOY (Defensive Player of the Year) o ala-armador Michael Jordan, de 25 anos, que carregava a franquia nas costas, com média de 35 pontos na temporada e com feitos históricos na NBA, como os 63 pontos (maior pontuação na história dos playoffs até hoje), no jogo 2 da primeira rodada do Leste contra o Boston Celtics fora de casa em 85/86, além da grande atuação na vitória do Bulls sobre o Cleveland Cavaliers por 3-2, onde marcou 50, 55, 38, 44 e 39 pontos respectivamente, terminando a série com 45.2pts de média, 56% nos arremessos de quadra e 91.8% nos lances livres, uma verdadeira máquina de pontuar. Apesar disso, os Pistons não deram chance para o Bulls e venceram por 4-1, limitando o adversário a marcar menos de 100 pontos em todos os jogos que venceu no confronto. Teriam a chance de vingança contra os Celtics nas finais. Os Pistons não desperdiçaram a oportunidade e venceram por 4-2, com um outro ótimo trabalho defensivo, sofrendo mais de 100 pontos do forte ataque celta em apenas um jogo da série. Chegavam às finais pela primeira vez desde que a franquia mudou para Detroit, e tinham pela frente o experiente “Showtime” Lakers, de Magic Johnson, Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy. A equipe chegou a abrir 3-2 na série, utilizando muito bem o ‘trash talk’ e o jogo físico, que claramente afetou a equipe de Los Angeles. No jogo 6, quando tudo parecia favorecer a equipe de Detroit, Thomas se machucou sozinho, torcendo o pé direito na segunda metade do jogo. Mesmo mancando e com muita dor em sua expressão, teve uma das maiores atuações de sua carreira, anotando 43 pontos, 8 assistências e 6 roubos de bola, mas ainda assim não conseguiu trazer a vitória do título, com os Lakers vencendo por 103-102 no finalzinho da partida. No jogo 7 Thomas também atuou no sacrifício, mas não conseguiu ajudar a equipe como havia feito no jogo anterior, e os Lakers mais uma vez se sagravam campeões da NBA.Em 88/89 foram a melhor equipe da liga, com 63V-19D, (melhor campanha da história da franquia até a temporada 05/06, quando superou a marca com 64V-18D), e também a segunda melhor defesa da competição. No decorrer da temporada, Adrian Dantley foi trocado por Mark Aguirre do Dallas Mavericks, outra peça importante do elenco, apesar de não ter tido o mesmo poder ofensivo de Dantley. Enfrentaram os Celtics na primeira rodada dos playoffs, dessa vez sem Larry Bird, que disputou apenas 6 jogos na temporada, para tratar os dois calcanhares que estavam com Osteófitos, popularmente conhecido no Brasil como “bico de papagaio”. Os Pistons venceram com facilidade por 3-0, com outra ótima atuação defensiva. Nas Semifinais atropelaram o Milwaukee Bucks por 4-0, e novamente teriam que encarar o Chicago Bulls de Michael Jordan, dessa vez, nas finais. Os Bulls abriram 2-1 na série, com Jordan anotando 32, 27 e 46 pontos nos três primeiros jogos. Foi depois disso que surgiu o “Jordan Rules”, que nada mais era do que literalmente caçar o jogador em quadra, com faltas duras e intimidações. A tática deu certo, e os Pistons venceram três partidas seguidas, fechando a série em 4-2, com Jordan marcando 23, 18 e 32 pontos, 30 pontos a menos do que nos três primeiros jogos. Na final teriam a chance de mais uma revanche, enfrentando novamente os Lakers. A equipe não deu chances para o rival e venceu por 4-0, conquistando o primeiro título de sua história, com grande atuação de Joe Dumars (27.3pts, 6.0ast e 57.6% nos arremessos), escolhido MVP das Finais, Isiah Thomas (21.3pts, 7.3ast), e o sexto homem do plantel, Vinnie Johnson (17.0pts e 60% nos arremessos).Já em 89/90, com 59V-23D, liderou o Leste, e foi a melhor defesa da liga. Daly também foi selecionado para ser técnico do Leste no All-Star Game, com bons presságios de mais uma boa temporada para a franquia. Na primeira rodada dos playoffs venceram por 3-0 o Indiana Pacers de Reggie Miller, Detlef Schrempf e Rik Smits sem dificuldades. Nas Semifinais também não tiveram grandes obstáculos para superar o New York Knicks de Patrick Ewing e Charles Oakley por 4-1, com o experiente pivô James Edwards (19.4pts) liderando a equipe em pontuação. Nas finais do Leste, mais uma vez teriam pela frente o Bulls, agora comandado por Phil Jackson, (que revolucionaria o ataque da equipe com o triângulo ofensivo) no embate mais equilibrado das equipes no período. A tática “Jordan Rules” era posta em prática novamente, com os Pistons fazendo 2-0 em casa, liderados por Joe Dumars, que anotou 27 e 31 pontos respectivamente. Os Bulls também fizeram bom proveito do fator casa e empataram a série em 2-2, com Jordan fazendo 47 pontos no terceiro jogo e 42 pontos no jogo 4. Os Pistons fizeram 3-2 diante de sua torcida, e os Bulls empataram novamente, também jogando em casa. No jogo decisivo, os Bad Boys conseguiram anular muito bem o poder ofensivo dos Bulls, com 48-33 a favor na saída para o intervalo, com destaque para o segundo quarto, onde os Pistons venceram por 31-14. Depois disso, o atual campeão administrou a vantagem e garantiu mais um título da Conferência Leste, fechando a peleja em 93-74, e indo para a sua terceira final consecutiva da liga. O Portland Trail Blazers de Clyde Drexler, Terry Porter, Buck Williams e Jerome Kersey eram os adversários nas finais, considerados azarões, apesar do ótimo time treinado por Rick Adelman. Os Pistons dominaram o Campeão do Oeste e venceram o confronto por 4-1, com Thomas (27.6pts, 5.2reb, 7.0ast) conquistando o prêmio de MVP das Finais, coroando a grande geração da franquia, apesar da antipatia do restante da liga por conta do jogo defensivo intenso.Em 90/91, seguiam como a melhor defesa da NBA, atingindo 50V-32D na temporada regular, devido à queda de poder ofensivo, sendo uma das piores equipes no quesito. Despacharam o Atlanta Hawks por 3-2 na primeira rodada do Leste, com mais de 10 pontos de frente em todas as vitórias, mas sem a mesma intensidade de jogo do ano anterior. Nas Semifinais superaram o envelhecido time do Boston Celtics por 4-2, alcançando mais uma vez as finais do Leste, sendo esse o terceiro embate consecutivo contra o Chicago Bulls pelo título da Conferência. Dessa vez o time de Jordan, Pippen e companhia deu uma verdadeira aula de basquete nos Pistons, ganhando por 4-0, com outra grande polêmica no último jogo da série, pois os jogadores titulares de Detroit saíram de quadra pouco antes do cronômetro zerar, sem cumprimentar a equipe do Bulls, gerando mais uma repercussão negativa sobre os “Bad Boys”. Depois da derrota nas finais para o Bulls, Chuck Daly comandou a equipe apenas na temporada seguinte, conquistando 48V-34D, e sendo eliminando na primeira rodada do Leste pelo New York Knicks por 3-2. Depois disso encerrou sua passagem pela equipe, com 2 títulos em 3 finais e 2 vice-campeonatos do Leste, além de disputar os playoffs em todas as temporadas em que comandou a franquia, colocando o time entre os grandes elencos dos anos 80.Olimpíadas de 92 e o elenco apelidado de “Dream Team”A Seleção Americana nunca havia levado seus principais jogadores para os Jogos Olímpicos, mas depois das derrotas para o Brasil no Panamericano de 1987, para a União Soviética nas Olimpíadas de 1988 e para Iugoslávia no Mundial de 1990, a delegação resolveu ir com força total para as Olimpíadas de 1992, em Barcelona, na Espanha. Chuck Daly foi escolhido para ser o comandante da Seleção por conta de seu ótimo trabalho com jogadores de personalidade forte, pois trabalhara com ninguém menos que Dennis Rodman (que em entrevistas dizia que o respeitava como um pai), Isiah Thomas e Joe Dumars nos Pistons. A Seleção Americana era recheada de estrelas, com seu elenco formado por #4 Christian Laettner, #5 David Robinson, #6 Patrick Ewing, #7 Larry Bird, #8 Scottie Pippen, #9 Michael Jordan, #10 Clyde Drexler, #11 Karl Malone, #12 John Stockton, #13 Chris Mullin, #14 Charles Barkley e #15 Magic Johnson. Todos eles membros do Hall da Fama, com exceção de Christian Laettner, que foi escolhido representando o basquete universitário. Os Estados Unidos dominaram todos os seus adversários, sem exceção, com um basquete de encher os olhos e sem o treinador Chuck Daly pedir um tempo técnico sequer na competição. Abaixo todos os placares:116-48 Angola – Primeira Fase#14 Barkley (24pts, 10/13 nos arremessos)103-70 Croácia – Primeira Fase#9 Jordan (21pts, 8stl) e #14 Barkley (20pts, 9/11 nos arremessos)111-68 Alemanha – Primeira Fase#7 Bird (19pts, 7/11 nos arremessos) e #11 Malone (18pts, 8/10 nos arremessos) 127-83 Brasil – Primeira Fase#14 Barkley (30pts, 12/14 nos arremessos) 122-81 Espanha – Primeira Fase#14 Barkley (20pts, 8/12 nos arremessos) e #10 Drexler (17pts, 7/11 nos arremessos) 115-77 Porto Rico – Quartas de Final#13 Mullin (21pts, 8/10 nos arremessos) 127-76 Lituânia – Semifinais#9 Jordan (21pts, 6stl) 117-85 Croácia – Final#9 Jordan (22pts) e #14 Barkley (17pts, 7/9 nos arremessos) A Seleção Americana terminou o torneio com 57.8% de aproveitamento nos arremessos contra 36.5% dos adversários, anotando 117.3 pontos por jogo contra 73.5 dos oponentes. A menor diferença de pontos em uma vitória foi contra a Croácia na final, onde venceu por 32, já a maior diferença foi contra Angola, por 68 pontos, um verdadeiro passeio das estrelas da NBA. Apesar de não ter tido tanto trabalho na parte tática, conseguiu manter a boa relação dos jogadores e conduzir a constelação de craques para a conquista do Ouro conforme esperado, consolidando seu trabalho como técnico e se tornando o primeiro a conquistar um título da NBA e a Medalha de Ouro Olímpica no cargo. Depois do feito histórico à frente da Seleção, haviam muitos boatos de equipes interessadas em contratar Daly, que ainda voltou para a NBA e trabalhou por mais alguns anos antes de se aposentar. Outros trabalhos na NBAO experiente técnico comandou o New Jersey Nets nas temporadas 92/93 e 93/94. Em 92/93 eram liderados pelo astro europeu, Drazen Petrovic (vice-campeão com a Croácia nas Olimpíadas), dono de um arremesso mortal e um dos mais habilidosos jogadores de sua era, além do bom ala pivô Derrick Coleman. A equipe se classificou para os playoffs, mas acabou sendo eliminada precocemente pelo bom elenco do Cleveland Cavaliers de Mark Price, Larry Nance e Brad Daugherty por 3-2. Em 7 de junho de 1993, Petrovic faleceu em um acidente de carro na Alemanha, uma das maiores perdas da história do esporte. Liderados agora por Coleman, a equipe também conquistou a vaga para a pós temporada em 93/94, mas não conseguiu superar o forte jogo de garrafão do New York Knicks de Patrick Ewing e Charles Oakley, sendo derrotados por 3-1.Teve uma pequena pausa na carreira depois dos Nets, atuando como comentarista e recusando um convite para treinar o New York Knicks na temporada 95/96. Voltou a atuar apenas em 97/98, agora como técnico do Orlando Magic, dos remanescentes “Penny” Hardaway e Nick Anderson, responsáveis pela ascensão da franquia junto com Shaquille O’Neal, que tinha deixado a equipe para jogar no Los Angeles Lakers. Chuck não conseguiu classificar a equipe para os playoffs em seu primeiro ano, apesar da campanha 41V-41D. No ano seguinte a liga teve uma considerável redução de jogos por conta de um lockout, com 50 jogos disputados na temporada. O Magic fez uma ótima campanha, com 33V-17D, empatado na liderança do Leste com Indiana Pacers e Miami Heat. Tinham pela frente o Philadelphia 76ers, e devido às atuações magníficas de Allen Iverson, o Magic foi eliminado por 3-1. Depois da derrota para os 76ers, Daly se aposentou definitivamente.Faleceu em 9 de Maio de 2009, aos 78 anos, por conta de um câncer no pâncreas, apenas 2 meses depois de ser diagnosticado com a doença. Deixou um legado impagável para o esporte, colocando o Detroit Pistons entre os campeões da NBA e liderando a melhor seleção de todos os tempos, não à toa chamada de “Time dos Sonhos”, sendo o primeiro técnico na história a vencer a NBA e o torneio olímpico. Se tornou membro do Hall da Fama da NBA em 1994, depois de sua saída do New Jersey Nets. Encerrou a carreira com 1075 jogos disputados, sendo 638V-437D (59%) na temporada regular e 126 jogos de playoffs, com 75V-51D (59.5%), disputando 3 finais e conquistando 2 títulos, além de dirigir a equipe do Leste no All-Star Game de 89/90. Foi uma das figuras mais respeitadas do esporte e um dos treinadores mais bem quistos pelos jogadores que treinou, conseguindo trabalhar com vários atletas de personalidade forte e de difícil convivência no mesmo elenco, sem comprometer o desempenho do time. Com certeza Daly é um dos maiores treinadores da história, não só por treinar o lendário time de 1992 e colocar o Detroit Pistons no mapa de campeões da NBA, mas também pelo seu trabalho social com os jogadores e o carisma tanto dentro quanto fora de quadra, mesmo dirigindo a equipe mais odiada da NBA no auge de sua carreira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *