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Automobilismo

Ayrton Senna. Herói? Não. Vilão? também não. Apenas humano

(por Bruno Braz) Após essa semana turbulenta, com acusações de parte a parte, o nome  de Ayrton Senna surgiu em diversos comentários, tanto de Hamilton, quanto dos fãs de Fórmula 1, comparando britânico a Senna.Pois bem, antes de tudo, se formos fazer uma comparação honesta, se alguém remete ao que Senna fazia dentro da pista, no quesito de comportamento, é Verstappen, não Hamilton. O fato do inglês ser fã declarado de Ayrton, não muda o fato, muito menos a história.Senna era um piloto muito aguerrido e obcecado pelo sucesso. De uma velocidade pura, absurda. Muito conhecido por ser o mais difícil de ser ultrapassado em sua época. E por que? Porque ele mudava de direção diversas vezes, incluindo em freadas. Colocava nas mãos do outro piloto, a decisão de bater ou não. A dele? Já estava tomada. Tocava o carro em cima mesmo. Isso vinha desde as categorias de base. Era um traço marcante de sua personalidade: levar a disputa ao extremo. Será que se fosse hoje, alguém o chamaria de assassino por ter parado com seu carro quase na cabeça de Martin Brundle na Fórmula 2? Dono de uma velocidade pura além da curva, não foi santo muitas vezes.Um episódio, em 1993, no GP da África do Sul, mostra um pouco da vontade de Senna. Foi um “pega” sensacional entre Prost x Senna x Schumacher. Quem puder olhar, está no Youtube. Num dado momento da prova, Schumacher chegou a colocar meio carro emparelhado, do lado de dentro da curva, para ultrapassar. Ayrton, fechou. Muito. Jogou o carro em cima. Deixou nas mãos de Schumacher a decisão de bater, ou não. O alemão recolheu, mas acabou rodando e abandonando a prova. 1993, para mim, é o melhor ano de Senna em termos de pilotagem. Foi sensacional. Mas, santo? Não era. Assim como Verstappen não é santo. Nem Hamilton.Outro assunto comentado nas redes sociais essa semana, foi a crítica a Hamilton por ter preferência por esse ou aquele piloto para companheiro de equipe. O cara é 7 vezes campeão do mundo. É alfa. Foi criticado por palpitar. Aí veio a turma dos desinformados com um “Senna jamais faria isso”. É mesmo? Não só faria, como fez. Vetou a contratação de Derek Warwick, então pela Lotus, em 1986, onde ele era o primeiro piloto. O alfa. Que trazia o patrocínio master da então, Souza Cruz. Tem algo errado nisso? Não. A F1 não é uma reunião de amigos. É um querendo derrotar o outro. E você começa se posicionando, se impondo. Quem pode mais, chora menos.Senna era um obcecado. Como os grandes, inovou em algumas coisas: aprimoramento físico para estar na melhor forma possível até a última volta de cada GP, podendo render o máximo, sempre. Schumacher seguiu esses passos. Mas, antes de tudo, Senna era humano. Suscetível a acertos e erros. Trabalhador esforçado, talentoso, rápido, mas muito duro com os adversários, começando dentro de sua própria equipe. Falhou e acertou, como tantos seres humanos.Verstappen está desde o começo do ano (e antes até) pilotando na escola Senna. Particularmente, nessa temporada, deixando Hamilton decidir se vai ou não bater. Foram inúmeros episódios até agora. E Hamilton, decidiu. Cansou. Agora vai ser assim. É o que acontece quando dois alfas se encontram pelo caminho. Faz parte.Do mesmo jeito que Senna e Prost, depois de jogarem seus carros sobre o outro, cada um na sua vez, encontraram um ponto de equilíbrio (1993 mostrou isso claramente), Verstappen e Hamilton vão ter que achar o deles. E, certamente, acharão. Principalmente Max, que jogou muitos pontos fora por se colocar em risco, sem muita necessidade. É possível que seja mais cerebral a partir de agora, assim como Senna também passou a ser.Até a próxima.

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