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Aumente o volume! Uma viagem musical pelas ligas americanas – Parte 5

(por Eduardo Schachnik)Conforme estamos chegando ao nosso destino é preciso olhar para a frente. Por isso, reservamos a última parte da viagem musical para tratar dos hits recentes que têm potencial para se tornarem sucessos permanentes nos estádios americanos.Os novos clássicosÉ seguro dizer que “Seven nations army” é a legítima sucessora de “Kernkraft 400” como o maior cântico de estádios. O hit dos White Stripes, lançado em 2003, é o queridinho dos fãs de qualquer modalidade esportiva e tem dominado os alto-falantes das arenas na última década. Embora seja criação de uma banda americana, a música começou seu sucesso na Europa, em um esporte pouco difundido na terra do tio Sam: o futebol.Antes do casamento com os esportes a canção só fazia sucesso entre o público “alternativo”, de forma que não passou do 76º lugar no ranking da Billboard. Contudo, foi ainda no ano de lançamento que a ligação com os esportes surgiu: torcedores belgas do Club Brugge ouviram a música em um bar de Milão, onde seu time jogaria contra a equipe da casa (Milan), e carregaram-na para o estádio. Após mais alguns confrontos com equipes da bota, o novo cântico do Brugge foi tomado pelos italianos, que a batizaram de “a música do po po po po”.Rapidamente virou febre na Europa: embalou a conquista italiana da Copa do Mundo de  2006, foi muito tocada na Euro 2008, 2012 e 2016 e selou o sucesso como a música de entrada das equipes na Copa do Mundo da Rússia em 2018.De volta aos Estados Unidos, foi a Universidade de Penn State que primeiro adotou o hit em 2006, importado por seu diretor de comunicações que acabara de voltar de férias da Itália. Em pouco tempo se tornou uma febre entre as bandas universitárias, sobrepondo-se até mesmo às mais fortes rivalidades, como Michigan x Ohio State, uma vez que as bandinhas de ambas universidades constantemente reproduzem a obra.Detroit, cidade natal dos White Stripes, não poderia deixar de honrar seus filhos célebres, portanto, Tigers, Lions e Pistons tornaram a “Seven nations army” uma tradição em seus estádios. Outra cidade que se afeiçoou muito à canção foi Baltimore, onde o hit foi tema não-oficial da campanha do Super Bowl do Ravens em 2013 e também pode ser ouvido sempre em jogos do Orioles na MLB. Na NBA a música alcançou seu auge ao ser adotada pelo Miami Heat como música de introdução dos seus jogadores na campanha do bicampeonato em 2013.Com um riff poderoso, facilmente identificável e mais fácil ainda de acompanhar, “Seven nations army” tem um apelo sonoro que pode ser bem representado pela primeira linha da letra: “i’m gonna fight’em all” (enfrentarei todos!). É por isso que se tornou o grito de guerra perfeito para embalar duelos esportivos, seja esquentando o clima no começo dos jogos ou servindo de combustível extra para a torcida nos momentos decisivos.A banda se desfez em 2011, mas o hit perdurará nas arquibancadas por muitos anos. O cantor Jack White já declarou que adora ter sua música tocada em estádios e que gosta ainda mais do fato que cada torcedor pode dar a ela o seu próprio entendimento, se desprendendo da concepção original para se tornar verdadeiramente um canto de domínio público.Também vem de Detroit outra candidata a tomar conta das arenas por anos a fio: “Lose Yourself” de Eminem. A obra foi lançada em 2002 como tema principal do filme “8 mile”, que conta a história de superação do rapper. Da sarjeta de Detroit ao estrelato, a música pode ser facilmente relacionada com a história de milhares de atletas profissionais e descreve muito bem a sensação de pressão em um momento decisivo: “you only get one shot, do not miss your chance to blow, this opportunity comes once in a lifetime” (você tem uma chance, não desperdice, essa oportunidade só aparece uma vez na vida).Além da letra poderosa, o ritmo, especialmente o riff inicial, produz o que especialistas chamam de “ressonância emocional”, capaz de gerar estímulos que aumentam a performance de um atleta em até 10%, conforme foi constatado em um estudo realizado com um nadador britânico. E não apenas os atletas profissionais sentem essa resposta: em 2018 as estatísticas do Spotify mostravam que “Lose yourself” era a segunda música mais comum entre playlists de treino, perdendo apenas para “Till I collapse”, também de Eminem e que também tem cadeira cativa nas arenas.Victor Cruz, ex-jogador da NFL, uma vez declarou que provavelmente não há um jogador sequer que não ouça a música antes dos jogos. Ainda que não a ouvissem pelos fones, provavelmente ouviriam pelo som do estádio, afinal não há uma liga em que o som não é tocado.Outra representante do rap que faz sucesso nos estádios é “Remember the name”. As rimas feitas por Mike Shinoda (co-vocalista de Linkin Park) em seu projeto paralelo, Fort Minor, fazem sucesso nas arenas desde seu lançamento em 2005. A NBA, particularmente, é fã incondicional do hit: utilizou-a como música tema dos playoffs de 2006 e 2007, bem como do draft de 2008. Ainda, basicamente todos os times já usaram a canção na introdução dos jogadores, o que é muito adequado, já que o título da música pede para você “lembrar o nome” deles. Esse hit também é um queridinho dos eventos de luta, como UFC, além de ser muito usado em comerciais de TV relacionados com esporte.O ritmo acelerado de “Remember the name” dá vida a uma letra que, novamente, tem tudo a ver com os esportes e as trajetórias dos jogadores, na medida em que conta o que é preciso para se consagrar em um ambiente tão competitivo, o que inclui habilidade, sorte e muito sofrimento.O hip hop é de fato o gênero que domina as arenas nesse novo milênio, como foi o rock no passado. Desse modo, alguns pilares do gênero não poderiam ficar de fora: é o caso de Lil John, Kanye West e Jay-Z.“Turn down for what”, obra de Lil John em colaboração com o DJ Snake, se tornou uma sensação da vida real e virtual. A letra toda contém apenas 3 frases repetidas diversas vezes e que não significam muita coisa, acontece que o carisma natural de Lil John e a batida eletrizante que carrega a atmosfera com muita expectativa impulsionaram a música para o topo das paradas nos esportes.Lançada em 2013, “Turn down for what” segue sendo mundialmente usada na criação de memes (você já consegue visualizar os óculos escuros pixelados aparecendo) e nos eventos esportivos pelos EUA. Em 2014 o Houston Texans aproveitou o trocadilho e passou a tocar a música sempre que sua grande estrela J.J. Watt fazia uma boa jogada. Ainda com muita força na NBA, NHL e no esporte universitário, parece que o público não vai se cansar tão cedo da música, o que Lil John com certeza aprova, afinal: “turn down for what?” (parar por quê?).Kanye West, por sua vez, encontrou em “Power” uma maneira mais eficiente de se consolidar no mundo dos esportes do que através de suas cunhadas. O hit lançado em 2010 tem sido muito utilizado nos momentos em que uma defesa precisa de uma demonstração de força, como em uma goal line stand na NFL, segundos finais de uma partida da NBA ou durante um power play no hockey. Como Kanye diz na música: “I guess every super hero needs his theme music” (acho que todo super-herói precisa de uma música tema).O chefão do hip hop americano, Jay-Z, além de assistir assiduamente a NBA e ser dono de um time (Brooklyn Nets), também emplacou seus sucessos nas arenas dessa e outras ligas americanas. “Run this town” é o melhor exemplar, criada em 2009 com colaboração de Rihanna e Kanye West, a música foi parte da trilha sonora do jogo NBA 2K13 e da abertura do Thursday Night Football na CBS, além de ser constantemente reproduzida nos estádios.Flo Rida pode ser menos famoso que os anteriores, mas não nas arenas. Logo no primeiro albúm lançado, em 2007, emplacou o hit “Low” em parceria com T-Pain. A música não se relaciona em nada com os esportes, mas pelo ritmo contagiante e pelo grande sucesso (foi o single que mais ficou em 1º lugar durante o ano de 2008 nos EUA), foi inevitável levá-la para animar as torcidas nos estádios.Alguns anos mais tarde, Flo Rida voltou ao topo das paradas com “Good feeling”. Essa foi a música tema não-oficial do New York Rangers nas temporadas 2011/12 e 2012/13, era tocada ao fim de todo jogo do Golden State Warriors até 2019, foi cantada na apresentação do rapper durante o All-Star game de 2012, usada como tema do WWE e até mesmo do US Open.Por fim, assim como a anterior, “All I do is win” de DJ Khaled feat. Ludacris, Snoop Dogg, Rick Ross e T-Pain é perfeita para comemorar uma vitória e, melhor ainda, uma sequência de vitórias. Com uma equipe dessas na produção da obra, não poderia se esperar resultado diferente da vitória. Se seu time vive uma boa fase, com certeza a canção será tocada repetidamente no estádio, foi o que aconteceu com a universidade de Auburn nos tempos de Cam Newton e alguns anos depois, o que acabou por tornar a música uma das favoritas da torcida.Antes de encerrarmos é preciso citar dois representantes da ala pop do hip hop que também tem potencial para se eternizar nas playlists esportivas: Pitbull e Black Eyed Peas. O primeiro é um artista global que diversifica muito suas aparições esportivas: de “Timber”, tema da transmissão da ESPN dos playoffs da NBA em 2014, até “We are one”, música oficial da Copa do Mundo do Brasil no mesmo ano, o carequinha consegue agradar a todos os públicos com seu toque latino.Da mesma forma, o Black Eyed Peas é uma máquina de hits de arena (ignoremos o hino cantado por Fergie no All-Star Game da NBA em 2018, pois era projeto solo). Primeiro eles criam o clima de ansiedade com “I got a feeling”, na sequência incentivam o começo da festa com “Lets Get it started” e depois fazem campanha para que nunca acabe com “Don’t stop the party”. Esse combo alucinado do Black Eyed Peas, além de abrir um leque de opções para os operadores de áudio em qualquer evento esportivo, fez com que emplacassem um comercial das finais da NBA e lhes permitiu integrar o seleto grupo de artistas que foram atração principal do show do intervalo do Super Bowl.Assim chegamos ao fim da jornada musical. Com certeza alguns nomes que mereciam menção ficaram de fora, mas esperamos que vocês tenham aproveitado a viagem por histórias e memórias que tiveram grande parcela de contribuição no sucesso inegável das ligas americanas.Confira a playlist completa aqui: https://www.youtube.com/playlist?list=PL5GV7MORbunVuiscjHtUZupuzKiqJQmfn

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