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Aumente o volume! Uma viagem musical pelas ligas americanas – Parte 3

(por Eduardo Schachnik) Tratamos das canções clássicas que demandam respeito digno de um hino e de sucessos do rock que catapultam o drama dos esportes a outro patamar. Chegou a vez de falar das músicas que fazem o estádio vibrar e afastam qualquer monotonia que por ventura ameace as arquibancadas.Parte 3 – O ritmo do jogoAs músicas de arena geralmente são utilizadas por três motivos, isolada ou cumulativamente: letra que combina com o esporte, ritmo e melodia contagiante e capacidade de interagir com o público. Este último é responsável por fazer várias canções renderem bem mais do que se podia esperar, ao mesmo tempo em que dá a grandes sucessos novas interpretações.Entre as famosas mais “reaproveitadas” estão as composições instrumentais temas dos filmes “Tubarão” e “Família Addams”. Se você assiste NBA, com certeza já ouviu a plateia acompanhar o piano, batendo palmas e estralando os dedos, ao som da trilha sonora da famosa família excêntrica da TV. Da mesma forma, você também está familiarizado com o suspense que o tema de “Tubarão” transmite aos torcedores durante as partidas de basquete. A música também é muito tocada pelas tradicionais bandinhas universitárias em várias modalidades e nos jogos da NHL, especialmente do San Jose Sharks (claro).Mais um exemplar instrumental é a “Charge”, uma fanfarra (música curta normalmente tocada em trompete ou similar) que você conhece, embora provavelmente não soubesse disso até agora. São apenas 6 notas (da-da-da-da-da-daaaa), acompanhadas por um rufar de tambores e seguidas do grito “charge!”, que é sempre entoado com força pela torcida da casa. Parece mesmo um chamado às armas, como acontecia nas unidades militares no passado.A “Charge”, criada em 1946 pelo estudante da USC, Tommy Walker, que além de líder dos percursionistas era o kicker da equipe, é tocada pela universidade desde os anos 50. Em 1959, o Los Angeles Dodgers fez uma grande promoção de trompetes de brinquedo que reproduziam a fanfarra, o que foi um grande sucesso de marketing, fazendo com que a música fosse ouvida através dos televisores por todo o país durante a World Series daquele ano. Atualmente é muito usada na NBA e NHL em uma versão piano, a qual se adéqua melhor ao ambiente fechado das arenas.Por serem extremamente reconhecíveis, muito boas para fazer o público interagir, passíveis de serem utilizadas por breves instantes, além da afeição nostálgica, essas músicas são perfeitas para dar ritmo aos eventos ao vivo.Por outro lado, “Hit the road Jack”, de Ray Charles, é mais utilizada pela letra. Embora a música trate de um pé na bunda que Jack leva da mulher, o refrão se encaixa perfeitamente para certas ocasiões dos esportes americanos. É comum ouvir o coro da torcida acompanhando os alto-falantes do estádio de beisebol quando o manager retira o arremessador e nas demais ligas quando um atleta ou treinador é expulso pelos juízes.Outro clássico que não pode ficar de fora da playlist de um estádio americano é a “Y.M.C.A”. a canção mundialmente famosa do Village People é tão tradicional nos esportes americanos quanto a “ola” é no futebol brasileiro, de modo que todos os torcedores sabem bem o que fazer quando os primeiros acordes soam.A música possui uma tradição especial na MLB, especificamente no Yankees Stadium. Além de sua reprodução quase obrigatória em todos os jogos, a partir de 1996 uma nova atração foi agregada ao evento: a equipe de funcionários que trabalha na manutenção do campo resolveu fazer a famosa “dancinha” que acompanha a canção. O movimento foi um sucesso e por demanda popular a dança virou uma tradição, executada com sincronia sempre antes da parte baixa de 6ª entrada.Mais um encaixe perfeito pode ser citado aqui: o nome “Jump around” deve lhe trazer instantaneamente a música à sua cabeça. O hit do House of Pain é uma batalha de rap, em cuja letra há uma única referência ao esporte (ao tenista John McEnroe), contudo, é uma música maravilhosa para animar o público em razão do ritmo contagiante e pelo comando repetido incansavelmente no refrão: “pulem!”.Muito utilizada no hóquei para aquecer o clima que antecede os face-offs (Dallas Stars e Vegas Golden Knights são alguns dos adeptos), como música de entrada de rebatedores da MLB e para animar partidas da NBA e NFL, a música faz mais sucesso ainda entre os universitários: no basquete é muito associada aos Tar Heels da Universidade da Carolina do Norte, já no futebol americano, o Wisconsin Badgers tem provavelmente o “Jump around” mais famoso dos esportes.A tradição dos Badgers começou em 1992, quando uma parte da torcida reproduzia a música na arquibancada e em festas pelo campus, até que em 1998, em uma partida contra a Purdue do quarterback Drew Brees, os responsáveis pelo áudio do estádio deram uma chance à canção. A partir desse momento, pular virou uma febre nas arquibancadas do Camp Randall Stadium entre o 3º e 4º período.Chegou-se ao ponto de, na abertura da temporada de 2003, autoridades da universidade decidirem banir a prática, com medo de que os 80.000 torcedores saltitantes pudessem causar danos à estrutura do estádio. No entanto, após muito protesto dos estudantes, foram conduzidos estudos que derrubaram essa teoria e permitiram o retorno do “Jump around”, que se tornou uma identidade da faculdade e segue cada vez mais forte. Inclusive, a tradição foi adaptada para se tornar uma ferramenta importante na manutenção da moral dos habitantes do estado durante a pandemia do corona vírus, na medida em que rádios passaram a tocar a música aos sábados (quando acontecem os jogos universitários) e encorajar o público a enviar vídeos pulando na frente de casa com seus vizinhos (respeitando o distanciamento, claro).Assim como a anterior, “Gonna make you sweat (everybody dance now)” caiu como uma luva nas mãos dos operadores de áudio das arenas, graças ao seu comando simples e claro: “dancem!”. A obra de C+C Music Factory fez um sucesso estrondoso desde a origem em 1990 e foi logo incorporada aos esportes, principalmente à NBA. Em 1996 reforçou essa conexão com o basquete ao fazer parte da trilha sonora do filme “Space Jam”. Hoje em dia é a chamada perfeita para a querida “dance cam” em qualquer estádio americano.Antes que acabe a matéria é preciso lembrar de mais dois fenômenos musicais: de aulas de step nas academias às arenas americanas, “Pump up the jam”, do grupo belga Technotronic e “Whoomp (there it is)” de Tag Team, são outros exemplares da fase hip-hop/pop/eletrônica que tomou conta das arenas de 1990 até hoje.Aposto que você já está mais empolgado do que quando começou a ler o texto.Confira a playlist completa da série: https://www.youtube.com/playlist?list=PL5GV7MORbunVuiscjHtUZupuzKiqJQmfn

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