(por Sérgio Viana)São seis longos meses, 82 quase intermináveis jogos, viagens em um país de dimensão continental, sem falar em uma chegada até a aprazível Toronto no Canadá. Tudo isso para ao final desse período, uma equipe conseguir o tão desejado mando de quadra para os playoffs na NBA.Agora imaginem esse esforço todo, escorrendo pelos dedos, por conta de um cenário fortuito como o que vivemos nesse momento. O único jeito que a liga encontrou para voltar com alguma segurança e terminar a temporada, foi a “NBA Bubble”, em Orlando, que simplesmente aniquilou com a vantagem de usar o fator casa para as equipes melhores posicionadas na tábua de classificação.Existe mesmo vantagem em jogar em casa nos playoffs?Não é por acaso que os time lutam por essa vantagem. Nos últimos anos, as equipes com mando de quadra nos playoffs, venceram suas séries em 7 a cada 10. É isso mesmo que você leu: um aproveitamento de 70%.Esse número é ainda maior quando se refere às primeiras rodadas, chegando a passar de 80%. Este número cai drasticamente para praticamente 50% nas finais de conferência, voltando a subir nas finais.Mas o que explica isso?O impacto psicológico de jogar em casa e a atuação dos árbitros são os dois principais fatores. Um ginásio lotado, barulhento, com a torcida inflamada, mesmo que inconsientemente, faz com que os arbitros marquem mais para os times visitantes do que para os times da casa, em números grande da ordem de 5%. Acha pouco? Isso é na média uma falta, que em momentos decisivos mudam o curso de uma série. Além disso, o impacto psicológico de jogar em casa, faz com que os jogadores entrem em uma espiral positiva, acreditem que vão vencer e isso simplesmente acontece. É como um efeito placebo.Não teremos esse dois fatores decisivos nesses playoffs.Quem ganha e quem perde com esse cenário?Parece prematuro fazer qualquer prognóstico, as equipes começaram os amistosos na última quinta-feira e vão entrar em casa para valer no dia 30/07. Mas, o torcedor de Los Angeles é um dos maiores derrotados pela COVID-19 esportivamente. Lakers e Clippers tinham condições de chegar a uma histórica e inédita final de conferência que derrubaria o Staples Center e toda a cidade. A imprensa local, que desde o início da temporada crava os Angelinos como favoritos (?) também dançou nessa, não vai viver essa neurose por lá.Por esse raciocínio, os adversários da dupla no Oeste tem motivos para comemorarem. Em um momento que a NBA cada vez mais se aproxima do seu público, através de sua preocupação com a saúde dos atletas, da forma com que debateram com todos o retorno, como se abriu para o momento político atual, liberando e até incentivando a manifestação de seus jogadores, fica aquele sentimento dúbio e contraditório de felicidade pela volta da competição, mas de tristeza por vidas que ainda se perdem para o vírus, mas principalmente pela ausência das torcidas fanáticas e que são parte importante do espetáculo da NBA, de fora, literalmente, desta vez.
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