John Textor, dono do Botafogo, durante depoimento para o senado na CPI de manipulação de resultados.
Futebol Brasileirão

Durante CPI no senado, Textor afirma que manipulação no futebol é “realidade” e apresenta documentos a parlamentares

Nesta segunda-feira (22), o dono da SAF do Botafogo John Textor afirmou que a manipulação de resultados no futebol é uma “realidade”. O empresário deu a declaração durante a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal que apura a manipulação de jogos e apostas esportivas no Brasil.

O que nós descobrimos não é nada diferente do restante do mundo, Bélgica, França, toda a Europa. A manipulação de resultados [no futebol] é uma realidade”.

— John Textor, empresário norte-americano e dono da SAF do Botafogo.

Ao final do longo depoimento de John Textor no parlamento, o empresário foi recebido pelo presidente da CPI, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), e outros senadores para apresentar o relatório que segundo ele, elucida a manipulação de resultados no futebol brasileiro. Após a reunião entre os citados, Textor e Kajuru retornaram à sessão, e o presidente da comissão sinalizou que os indícios apresentados pelo dono da SAF botafoguense serão apurados para investigação.

John Textor entrega relatório com supostos indícios de manipulação no futebol — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
John Textor entrega relatório com supostos indícios de manipulação no futebol, apresentado para o parlamento pelo senador Jorge Kajuru, presidente da CPI — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Vou respeitar o segredo de Justiça. Mas vou tentar trazer a público o mais rápido possível o relatório de 180 páginas, com todas as imagens vistas. Chegamos a uma conclusão simples e objetiva. Tivemos conhecimento de diversos indícios importantíssimos. Não queremos falar ainda sem provas. Não foi uma conversa sem conteúdo. Pelo contrário teve conteúdo. Não se tratou apenas de fatos e indícios envolvendo o Botafogo. Falou sobre outros jogos e mostrou outras imagens. Temos indícios suficientes para investigarmos profundamente”.

— Senador Jorge Kajuru (PSB-GO).

O que disse John Textor em depoimento aos senadores?

Após convite dos senadores, o empresário depôs na tarde da última segunda-feira sob condição de testemunha, diante das denúncias apresentadas, sem provas concretas, de que tenha existido manipulação de resultados no futebol brasieliro entre 2022 e 2023.

Sou dono de um clube, quero ganhar campeonatos e se eu puder provar, além de uma margem de dúvida, que 2022 foi manipulado, que 2023 foi manipulado, juntos de outras evidências de anormalidades, poderia fazer com que o Tribunal Desportivo, a polícia e esse corpo legislativo possam tomar ações”.

— John Textor.

Segundo o dono da SAF do Botafogo, os erros de aplicação das regras de futebol não foram frutos da falha de interpretação, mas sim erros visando alterar o desenrolar das partidas intencionalmente.

Não são erros na aplicação das regras, percebi que não era uma falha de interpretação. As regras para marcar impedimento, faltas, os jogos que assisti, que afetou o Botafogo indiretamente, tratei de enxergar por uma nova perspectiva”.

— John Textor.

Textor afirmou que o Botafogo foi roubado no último Brasileirão

Em novembro do ano passado, durante a derrota botafoguense para o Palmeiras por 4 a 3, na 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, John Textor declarou que a equipe foi roubada, e pediu a renúncia do presidente da CBF Ednaldo Rodrigues, após a virada sofrida para o alviverde no estádio Nilton Santos.

“Isso precisa mudar. Ednaldo, você precisa renunciar pelo bem do jogo. Isso precisa acabar. Isso é roubo, me multa. Você não pode me expulsar, é meu estádio, eu vou continuar aqui”.

— John Textor, após a derrota do Botafogo para o Palmeiras, de virada, no último Brasileirão.

Após a afirmação contra Ednaldo e a CBF, o empresário foi processado pelo cartola da entidade máxima do futebol brasileiro, mas não recuou diante das acusações. Dias após esta fala, novamente citou que o Campeonato Brasileiro foi corrompido por erros de arbitragem depois de divulgar um relatório de defesa no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), sobre os jogos da competição que segundo ele, foram manipulados. Textor chegou a ser suspenso por 30 dias, teve sua pena acentuada para 35, porém, garantiu uma liminar para acompanhar o Botafogo na reta final do Brasileirão, no qual terminou em quinto lugar.

Em março desse ano, o dono do clube carioca voltou a levantar acusações de corrupção no Brasileirão, e revelou ter gravações de árbitros que segundo ele, foram comprados, e reclamavam não ter recebido propinas combinadas. Diante da nova manifestação do empresário, o STJD abriu um inquérito para investigar e determinou que Textor enviasse as provas em até três dias, porém, sua defesa afirmou que elas seriam entregues somente ao Ministério Público Federal (MPF).

No mesmo mês, durante entrevista, Textor afirmou que o Palmeiras, campeão das duas últimas edições, vem sendo beneficiado pelas supostas manipulações. O empresário alegou sem provas, que uma das partidas manipuladas seria uma vitória alviverde diante do rival São Paulo por 5 a 0, na 29ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023. Ao final de seu depoimento no senado na tarde de ontem, o empresário mais uma vez criticou a CBF e pediu aos parlamentares para que o poder da instituição fosse reduzido.

Existe uma caixa preta em relação à escolha dos árbitros… Precisamos de liderança da CBF. Vocês deveriam limitar o poder da CBF. Deveriam privatizar a operação da liga. Existe uma força muito grande por trás da organização do campeonato. Acabei me tornando uma pessoa polarizada. Isso se tornou a minha cruz. Vocês sabem o que estão fazendo e peço a vocês que diminuam o poder da CBF. O Brasil exporta os melhores jogadores do mundo. E eu acredito que esse jogo tem que ser jogado aqui. Então está na hora de limpá-lo”.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado.

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